sexta-feira, abril 27, 2007

açorda de gambas. o melhor prato de todos os tempos até hoje.

se você tiver um dia, meio dia, duas horas, meia hora, quinze minutos. bom, se você tiver tempo para uma só refeição aqui em lisboa, peça açorda de gambas. nada de bacalhau. bacalhau é o caráio. peça açorda de gambas. gambas é camarão. e açorda? açorda é uma massaroca de pão com azeite, manjericão, ervas, e mais azeite e acho que um pouco de água (não tenho certeza). imagine o pão mais gostoso que você já comeu na sua vida. agora imagine esse pão socado até a morte com azeite, colheres generosas. agora imagine ervas, daquelas que a gente não sabe o nome mas que fazem a comida ficar digna de virar assunto de blog. visualizou? agora coloque camarões geneticamente modificados. dos grandes. gigantes. barrigudos. e dê uma boa mexida na massaroca. esconda alguns camarões lá no meio. parta alguns pela metade. outros, você corta em três. quatro, talvez. deixe respirar um tiquinho. só um tiquinho. esfriar o suficiente para não queimar o céu da boca. meu amigo, te prepara que o negócio é de foder. mergulhe o garfo como não quer nada dentro da açorda. ah, use um prato fundo daqueles de sopa. mas voltemos ao garfo. o bom da açorda é que ela é meio pegajosa, o garfo acaba atraindo uma meleca de açorda. uma crema de açorda é içada do fundo do prato, com um camarão já sem a cabeça agarrado na ponta do mesmo garfo. respira fundo e lance a açorda para dentro. com jeito. não engula com pressa como quem come batata frita do mcdonalds. deixe ele alguns segundos na boca antes de engolir. três segundos. é o tempo das suas papilas gustativas fazerem uma ola. se emocionarem com a explosão de sabor. sabores, no plural. agritarem lá do fundo da sua língua: "obrigado, mas obrigado pelo prazer, obrigado pela açorda. obrigado por ter um dia lido o blog do erick. e ter pedido uma açorda de gambas no lugar do bacalhau!"

quinta-feira, abril 26, 2007

"e o cristiano ronaldo hein, caro taxista?"

descobri outro truque aqui em portugal. esse é para fazer com os taxistas. bom, mas antes de revelar o truque, vale contar um pouco sobre eles. ou melhor, sobre o humor deles. os taxistas daqui são ranzinzas. têm uma certa dificuldade para abrir um sorriso. e, se você entrar numas de gaguejar com o endereço ou não decorar com todas as palavras o destino, o fêla da pulta vão te fulminar com olhos que lançam labaredas de fogo na sua direção. agora vamos ao truque para reverter essa situação. o truque do cristiano ronaldo, vamos definir assim. é muito simples. e funciona sempre. nunca falha. pelos menos até agora não me deixou na mão. você entra no taxi, erra o endereço, a pronúncia ou os dois. o taxista olha pra você pelo retrovisor, puto. com a cara fechada. nenhum dente se revela por debaixo do bigode. aí, bem, aí você abre um sorriso e, de um jeito bem humilde fala, mas fala no formato de pergunta: "e o cristinao ronaldo hein, caro taxista?!" aí meu amigo, você conquista o cara. ele começa a falar com orgulho. mostra dentes, mostra pontos turísticos pela janela. e fala do cristiano ronaldo quando ele ainda jogava aqui no sporting de lisboa. quando ainda era moleque e despontava na seleção. fala como eles está conquistando o mundo. você é tratado como um rei. vai por mim. é um truque simples que vai funcionar sempre. mas é claro que você tem que praticar um tiquinho. é, você tem que perguntar com um tom que indique que você quer ao mesmo tempo a opinião do taxista sobre o futebol do cristiano ronaldo-- e também que você está completamente ciente que se trata de um gênio do futebol. tem que massagear o ego dele. do taxista. isso deveria ser a primeira coisa que você aprende no aeroporto antes mesmo de sair do brasil. "vocês vão para portugal? bom, pegue aqui esse guia de lisboa." e no guia é claro, teria apenas uma frase, uma pergunta: "e o cristiano ronaldo hein, caro taxista?"

terça-feira, abril 24, 2007

o plano do metrô em lisboa.

descobri um plano maquiavélico aqui do metrô aqui em lisboa. na verdade é uma estratégia que eu já vi usada em prédios de firmas. é mais ou menos assim que funciona: o metrô está chegando na próxima estação, o condutor acaba de avisar. bom, é aí que entra o plano. todas as pessoas, silenciosamente vale ressaltar (depois de tantos anos executando o tal plano, tudo que basta é uma trocada de olhares para decidir, combinar quando colocar as engenhocas para funcionar)... mas voltando ao começo da frase... todas as pessoas, silenciosamente vale ressaltar, dão um passo para frente. não dois, não três. apenas um passo. o suficiente para disfarçar que o metrô está mais cheio do que parece. tudo isso para que você não embarque. para que você se cague e espere pelo próximo. um bando de fêla. não me entenda errado, os lisboetas são gente finíssima, é o pessoal do metrô que são um bando de fêla. esse esqueminha do metrô já me deixou esperando pelo próximo trem umas duas vezes. pensando bem, umas três vezes. ok, quatro. foi o tempo que levou para eu descobir, sacar, pegar os carinhas no contraopé. na verdade, quem fodeu o esqueminha, quem entregou tudo, foi um carinha. um estudante aparentemente com sono que demorou um pouco mais do que os outros para dar o fatídico passo a frente. o passo que iria mais uma vez me enganar. aquele passso que iria me deixar mais uma vez lendo o verso do mapinha do próprio metrô. azar o dele, e dos outros. no dia seguinte já não caí no esquema, no plano. entrei no carrinho como se ele estivesse completamente vazio. espaçozo, cotovelando, com um certo ar de "se foderam, descobri tudo!" a partir daquele dia nunca mais perdi um metrô. para ser sincero, até entendo a razão pelo plano. o porque inventaram todo o esquema. de manhã, cansados, as pessoas naturalmente não querem dividir aquele meio metro quadrado com qualquer estranho. dia desses eu mesmo entrei no esquema. segui o plano. dei o meu pequeno passo para frente. junto com os lisboetas. não porque também queria foder quem esperava pelo metrô do outro lado da plataforma. é que, num vagão com uma centena de pessoas, eu não queria ser linchado. o brasileiro filho daputa que entregou o plano para os outros turistas. o plano do metrô. já tinha testemunhado coisa parecida em prédios de firma. mas aqui no metrô de lisboa acontece todos os dias. em todas as estações.

sexta-feira, abril 20, 2007

pastilhas elásticas e o telemóvel.

duas palavras que são completamente dieferentes do português do brasil. a primeira que quer dizer chiclete e a segunda, celular. agora, sem querer defender os portugueses, faz muito mais sentido como eles falam por aqui. pastilhas elásticas já descreve o produto. são pastilhas, e são elásticas. mais simples, impossível. o telemóvel, é um telefone que é móvel. uma criança que nasce aqui, ao escutar a palavra telemóvel pela primeira vez, já entende que caráio ela significa. no brasil, não. vai se tornar um moleque pentelho que vai ficar perguntando: "mãe, porque é celular? mãe, porque é celular!"

a mãe na cozinha.

o perni e o renatão fizeram uma campanha publicitária que conta uma história que quem come o produto tal jura que a comida foi feita pela própria mãe. comeu o tal produto, você vai ligar pra fábrica pra ver se a sua mãe trabalha lá de tão gostoso que é. bom, essa é a impressão que se tem aqui em portugal. que a minha mãe está me seguindo pelos restaurantes. que ela está sempre um quarteirão atrás, esperando eu entrar no restaurante. entrei no restaurante, pedi o prato, pimba, ela corre para cozinha e gerencia as panelas, as bocas do fogão. "o erick gosta de carne mal passada!", "carrega no azeite!", "menos creme no molho...!!" e depois, bem, depois ela fica espiando pela janela eu comer. só pode ser. o negócio é engraçado. todo restaurante que eu entro é a mesma coisa. as batatas, o arroz, o feijão, os fêla da puta acertam sempre. e sempre com aquele estilinho, aquele jeitinho que indica que a dona dadá, minha mãe está na cozinha coordenando os cozinheiros. não sei. mas parece que é o que está acontencendo. minha mãe na cozinha.

terça-feira, abril 17, 2007

a ladeira em lisboa.

a firma nova aqui em lisboa-- fica numa ladeira. uma senhora ladeira. na verdade, a chegada é uma descida. a partida para casa é uma ladeira. o que deveria ser ao contrário, se você pensar. pela manhã, o corpo ainda não está cansado. está inteiro, por isso, subir uma ladeira seria tranquilo. mais tarde, depois de um dia de trabalho, o corpo já está meio baleado. ou seja, descer uma ladeira, seria o ideal. mas não. não. é o contrário. acho que tudo faz parte de um grande esquema. os portugueses são excelentes na cozinha, portanto fazem escritórios nesse esquema. você enche a pança de comida no almoço e se exercita no caminho de casa. simples assim. pensando bem, é das melhores idéias que eu já vi. come-se muito. exercita-se mais. no primeiro dia da ladeira, parei três vezes para respirar. no segundo dia, trouxe uma garrafa de gatorade. amanhã, vou trazer mais uma. o lado bom, é que você acaba economizando na academia. não tem jeito. o exercício é obrigatório, se não você não vai para casa. fico imaginando em uma semana, eu, caido no chão da ladeira, com uma contusão na panturrilha-- igual a do romário com um tubo de gelol em uma das mãos tentando curar a dor. e os portugueses, já acostumados com a ladeira, passando por mim e perguntando: "o que foi? o que foi?" e eu, ali embaixo, com o pouco ar que me resta nos pulmões vou tentar explicar: "a ladeira, a laddeira em lisboa!" a tal ladeira em lisboa é uma das grandes surpresas desta viagem. depois do pastel de belém. dos peixes. das alheiras e dos imperiais (chopps). a ladeira em lisboa é o que me permite continuar nessa exploração gastrônomica sem precedentes em qualquer guia turístico. agora, quando alguém chegar para me visitar em lisboa. eu vou levar para comer todas essas guloseimas. regadas a litros de azeite e aquela manteiga amarela escura gorda que brilha de longe. e depois, bom, depois eu vou convidar gentilmente para me encontrar na saída do trabalho e subir a ladeira comigo. a ladeira a caminho de mais um restaurante. a ladeira em lisboa.

domingo, abril 15, 2007

dois filmes pela metade.

007 e happy feet. estava lá eu encaixado na cadeira do avião. viagem longa. bexiga vazia e pança cheia. a idéia era simples. viagem longa, preso na cadeira da janela com um fêla da pulta sentado no corredor que já dormia desde o primeiro minuto. com a bexiga zerada e a pança cheia, não seria necessário levantar durante o vôo inteiro. mas o assunto não é esse, mas os dois filmes que eu assisti pela metade. comecei a noite assistindo 007, o novo. peguei no sono no meio. não sei que caráio aconteceu. é claro que o james bond continua vivo e tal. mas acordei já com as letrinhas subindo. beleza. sem dramas. virei pro lado e dormi. afinal, como você já sabe, tinha um segurança na cadeira do corredor dormindo. pernas esticadas, máscara e braços cruzados. ou seja, não podia sair dali. então, como já disse...zzzzz. algumas horas depois, a aeromoça, simpática-- me dá um cutucão no ombro: "e aí, o fêla vai querer comer esses ovos requentados?" e eu, ali, com quinhentas gramas de remela em cada olho, acordei. e, enquanto comia os ovos quase mexidos. quase frescos, quase bons, liguei o monitor novamente. happy feet. o desenho do pinguin alegre estava começando. concentração. foco. headphone. o vizinho do corredor ainda não liberou a saída. tenho que assistir a pourra do filme para não pensar no xixi que eu não posso sair para fazer. e é aí que o piloto me fode. depois de uma hora e meia de filme, ele pausa a porra do vídeo para falar do pouso, da temperatura, das chances de chuva e do programa de milhagem. o monitor apaga. não termino de ver um segundo filme. o carinha, o vizinho acorda, tira a máscara. mas aí, bom aí já é tarde demais. os avisos de apertar os cintos já estão acesos. ninguém levanta. dois filmes pela metade.

dia desses

- dia desses eu pedi uma coca cola light com gelo e sem limão. o garçom trouxe um chopp.

- dia desses uma tiazinha lá do prédio fingiu que não me viu e não segurou a porta do elevador para mim. na semana seguinte eu retribuí o "favor". duas vezes.

- dia desses a mulher da tim me deixou 32 minutos cronometrado no próprio celular esperando. dia desses eu vou assinar um contrato com a claro, a concorrente.

- dia desses eu vi um carinha comendo um prato de estrogonofe no trânsito parado de são paulo. tupperware, garfo de ferro, porção farta de arroz. daqueles com o molho bem laranja.

- dia desses eu assisti um capítulo inteiro de uma novela porque estava com preguiça de pegar o controle sobre a tv.

- dia desses eu vi um pombo soltar uns duzentos gramas de bosta sobre um porsche cayenne.

- dia desses eu achei que um textinho que começasse com "dia desses" poderia ficar interessante.

- dia desses eu vou acessar aqui para ler e ver que o tal textinho ficou bem "mais ou menos."

terça-feira, abril 10, 2007

pensamentos de terça.

- aqui em são paulo os taxis são brancos. todo branco. sem faixas quadriculadas. no rio é amarelo ovo. sacanagem. enquanto em são paulo, o sr. taxista pode simplesmente tirar aquele quadradinho que diz "taxi" do teto para passear com a namorada no fim de semana. o taxista do rio vai ter que passar o fim de semana gesticulando com o braço pra fora da janela para dizer que não está trabalhando.

- quer ganhar dinheiro fácil? é só abrir um centro para recuperar viciados em "24 horas". aquele seriado da tv. e, se você tiver alguma dúvida se vale o investimento, compre a caixa com uma das temporadas e coloque no dvd. você será o membro fundador do seu centro de recuperação.

- arroz que é para ser solto quando chega grudado na mesa é uma bosta. arroz quando é para chegar junto (risoto) e chega separado na mesa, é uma bosta.

- a laranja é uma fruta com dois empregos. as vezes é uma fruta. outras vezes, quando conveniente, é uma cor.

- a fruta do conde é da minha mãe e não do conde. foi ela quem comprou. não ele.

- entrei no supermercado hoje e os ovos de páscoa estavam com 40% de desconto. me senti enganado. ludibriado. ultrajado. sacaneado. ano que vem eu vou celebrar a páscoa na terça feira e não no domigo como o resto do mundo. fica mais original e mais barato.

- as músicas mais escrotas do mundo tocam entre sete da manhã e oito-- quando você coloca o alarme para tocar. é um esqueminha que as rádios encontraram para fazer você passar o resto do dia cantarolando essas bostas por aí. pode notar. toda e qualquer música que você escuta quando o alarme toca, vai cantar até o dia seguinte. e se não cantar, pelo menos vai assobiar.

- dia desses fui na padaria da esquina e perguntei se o pão era fresco. se tinha acabado de sair. o carinha disse que sim. eu peguei o pão e não estava quente. olhei para ele e o fêla comentou: "saiu tem uns 17 minutos." acho que ele fez uma conta na cabeça para não passar por mentiroso e ao mesmo tempo ter uma resposta para o pão estar frio quase gelado. fêla da pulta.

- eu queria sofrer de calvície dos cabelos do nariz. só do nariz.

- pedi uma "entrada" que chegou depois do prato principal. chamei educadamente o maître e perguntei se aquela porção de aperitivo era na verdade uma "saída".

sexta-feira, abril 06, 2007

existe uma grande diferença entre

- existe uma grande diferença entre uma cerveja mais ou menos gelada e uma gelada.

- existe uma grande diferença entre um filme ok e um filme bom.

- existe uma grande diferença entre cinco minutos atrasado e dez.

- existe uma grande diferença entre uma cadeira no centro e uma outra no corredor do avião. elas parecem ser iguais. não são.

- existe uma grande diferença entre "esse pão de queijo acabou de sair" e "frescos? acho que sim."

- existe uma grande diferença entre "não sei" e "veja bem".

- existe uma grande diferença quando o bebê chorando no avião é da sua família e quando ele não é.

- existe uma grande diferença quando o bebê chorando no restaurante, bom, você entendeu.

- existe uma grande diferença entre uma pitada de pimenta malagueta e duas.

- existe uma grande diferença entre morar na cobertura e no penúltimo andar.

- existe uma grande diferença entre pedir o couvert e pedir a sobremesa. o primeiro, como o nome diz, vem primeiro. a sobremesa vem depois quando a pança já está ameaçando pular pra fora da calça.

- existe uma grande diferença entre acordar numa sexta de feriado e numa sexta sem.

- existe uma grande diferença entre 200 gramas e 250 gramas quando o item sobre a balança é o filé que você vai jantar.

- existe uma grande diferença entre perder 1 kg quando você tem 1,60 de altura e 1,80.

- existe uma grande diferença entre um bolinho de bacalhau que custa 26 mangos a porção e um do mesmo tamanho que custa 12 reais.

- existe uma grande diferença entre comer um big mac no almoço e comer o mesmo antes de fechar os olhos na cama.

- existe uma grande diferença entre citar um autor uma vez e citar o mesmo duas vezes. eu sei, por exemplo, que foi nietzsche que falou aquela putaria de "o que não te mata, fortalece..." mas tente citar ele pela segunda, vez. uma segunda frase. é caplicado.

- existe uma grande diferença entre torcer para o flamengo na década de 80 e agora.

- existe uma grande diferença entre molho de tomate e ketchup.

- existe uma grande diferença entre uma carne gordurosa e uma com gordura. a com gordura você acha e consegue remover. a gordurosa está com gordura por toda parte misturada com a carne. pode cruzar os talheres e desistir porque fodeu.

quarta-feira, abril 04, 2007

pensamentos do dia depois de um casamento.

- casamento é o único momento do mundo e do ano que você come de tudo sem nenhum peso na consciência por um motivo muito simples: todos ao seu redor também estão comendo.

- num casamento tem sempre um garçom cujo declarado objetivo é derrubar você. explico, sempre que eu estou num casamento, tenho a sensação que o mesmo garçom ou garçonete me seguem pela festa trocando a minha taça vazia por uma completamente cheia. não sei se eles fazem apostas ou um bolão na cozinha antes da recepção começar... mas pode notar. a razão pela existência dele ali na parada é derrubar você ou pelo menos testemunhar você dobrando as pernas e as palavras.

- nos outros dias do ano, aonde é que vão parar os docinhos da mesa de doces do casamento? você já parou para pensar nisso? os melhores doces que existem estão sempre nas mesas de doces de casamento, e não adianta fuçar por aí que você não vai encontrar algo parecido. a não ser é claro, que você entre na doceria do seu bairro vestido de terno, segurando um taça de champgne e com a sua mulher vestida com um vestido longo. quem sabe essa não é a senha para a tiazinha de trás do balcão puxar uma bandeija especial com docinhos de casamento. não sei, mas não existe nada parecido em nenhum outro lugar.

- o bem-casado desperta comportamentos jamais vistos nas pessoas. mas principalmente nas mulheres. como no casamento elas, as mulheres carregam bolsas miniaturas, cabe a você, o namorado ou marido utilizar todos os bolsos do seu terno para levar bem-casados para casa. e aí de você se não levar. já testemunhei uma briga de proporções divorciais porque o marido se recusava a levar mais do que cinco bem-casados para mulher. se a sua mulher pedir, ou melhor exigir, não titubeie, soque o paleto com os docinhos. eu não sei o que tem dentro deles, mas alguma coisa tem.

- se num casamento, ao entrar no banheiro, logo no início da festa, você encontrar cartelas de "engov" de brinde-- pegue. engov para quem não sabe são aqueles comprimidos que prometem prevenir a ressaca. bom, então se o noivo e a noiva se preocuparam em disponibilizar o preventivo para você, tome. só eles sabem a quantidade de bebidas e garçons foram comprados e contratados para servir você e os outros convidados da festa.

- se você foi a um casamento sem relógio é fácil ver as horas pelo terno de um convidado. o último botão do colarinho já está aberto? já se passaram duas horas de festa. tirou o paletó e ficou apenas com a camisa social? já se passaram três horas e meia de festa. tirou a gravata? quatro horas de festa. dobrou as mangas da camisa? quase cinco horas de festa.

- fazer o nó da gravata demora mais do que colocar o resto do terno inteiro. por isso dá uma puta dó de tirar depois quando a festa já está nos finalmentes.

- o que é a lavagem a seco de um terno? no meu caiu champagne... como é que o fêla vai tirar a mancha assoprando?

- mas o mais bacana de um casamento é ver pessoas de diferentes épocas da sua vida. uma vez convidado para um casamento, existe uma grande chance de você conhecer amigos em comum do noivo e da noiva. amigos que você conheceu em diferentes épocas da sua vida. casamento é uma espécie de máquina do tempo-- que trás você de volta para os dias de hoje ao final-- com a máquina do cafezinho ao lado das mesas dos doces.