terça-feira, outubro 31, 2006

idéias que podem fazer uma fortuna ou não.

estação de rádio que só toca barulho de alarme.

caneta bic que acaba.

celular comestível.

moeda de papel.

livros de 1 página.

queijo suíço sem furos.

canal 24 horas dedicado a relógios.

tijolos feitos de lego.

nescau com gosto de toddy.

marcador de livros com historinhas com começo meio e fim.

suco de queijo.

0400. mais caro que o 0300. só que vc fala com alguém de verdade.

ovo com duas gemas.

alarme com dolby stereo surround system.

shampoo de chocolate.

gato sem unha

escova de dente do tamanho da boca inteira.

guias turísticos de pessoas. coisas interessantes que já aconteceram no
joelho do fulano, como visitar as coxas da fulana, horário de funcionamento
da beltrana e por ai vai...

liquid paper para os dentes.

cobrar duas vezes mais pela sobremesa do que pelo prato principal.

vender bilhetes de mega-sena no caixa do banco 24 horas.

começar a cobrar couvert artístico pela musica ambiente da sala de espera
do dentista.

aquarios com vidro fumê.

creme de barbear com sabor de chantilly.

cabelereiros de nariz.

segunda-feira, outubro 30, 2006

leis do elevador.

lei 1: deixa de ser obrigatório dar bom-dia pra vizinhos alegres e serelepes.
lei 2: quem apertar o botão errado deverá, obrigatoriamente, sair no andar errado.
lei 3: quem entrar no elevador, antes de qualquer passageiro sair-- deve se retirar e usar a escada.
lei 4: esperemer cravo no espelho do elevador com outras pessoas dentro passa ser crime inafiançável. escadas por uma semana.
lei 5: entrar num elevador cheio com um pitbull demoníaco é crime severo. escadas por um ano.
lei 6: ficar segurando o elevador no seu andar por mais de 30 segundos é crime. descer as escadas pulando num pé só.
lei 7: ficar se arrumando compulsivamente no espelho do elevador com desconhecidos dentro também é crime. sujeito a trabalho forçado de ascensorista em qualquer elevador do centro de são paulo na hora do rush.
lei 8: se o elevador do prédio ficar quebrado por mais de um dia, funcionários deverão ser contratados para levar vc no colo para sua sala ou casa. vc paga condomínio. e chegar em casa sem ter que subir as escadas e um direito adquirido.
lei 9: o fêla da pulta que bufar dentro do elevador deverá pagar o condomínio daquele mês dobrado. não fódi.
lei 10: o casal que começar uma conversa íntima na frente de estranhos, deverá ter a história da sua "primeira vez" publicada na revista "forum". com o conteúdo autenticado por um detector de mentiras.

quinta-feira, outubro 26, 2006

casal (3)

- amor?
- oi?
- o que você tá fazendo?
- lendo. lendo o jornal.
- mas já são oito da noite de domingo.
- e?
- o jornal chegou hoje cedo. as notícias são de ontem e já é quase amanhã.
- mas você sabe que eu gosto de ler o jornal de domingo assim, com calma.
- nostalgia.
- nostalgia?
- é, lendo, lembrando o passado...
- ontem, você quer dizer?
- o que não deixa de ser o passado.
- é.
- jornal velho amor?
- mania.
- mas não tem como você perder essa mania?
- difícil.
- notícias velhas. mania velha. você sabia que já existe uma porção de canais de notícias 24 horas.
- sei. é claro que sei.
- mas por que você não assiste. notícias fresquinhas. larga esse jornal.
- hmmm, não.
- mas esse barulho das páginas sambando, essa bagunça. as folhas de ofertas. não gosto.
- eu sei. mas eu gosto.
- [silêncio]
- [silêncio]
- amor?
- oi?
- lê o meu horóscopo?

quarta-feira, outubro 25, 2006

o pêlo do nariz (2).

pêlo do nariz é a coisa mais fêla da pulta que existe. pêlo do nariz é traiçoeiro. pula, escapa, salta pelas narinas quando você menos espera. você pode estar lendo este texto e ter um ou dois pêlos pendurados na borda da sua narina. como se fossem sinais de neon que piscam fora de ritmo e chamam a atenção de quem passa de um jeito que incomoda. o foda do cabelo, do pêlo de nariz é que quanto mais você corta, apara, arranca, mais rápido ele cresce. mais sacana ele fica. todo pêlo que é cortado e morre, volta mais malandro. mais esperto. mais astuto. aprende com os erros do seu antecessor. é mais ou menos como acontece com os computadores usados em partidas de xadrez. depois de uma derrota, o computador "assiste" um replay da partida e incorpora novas táticas para as futuras partidas. cada derrota, deixa o fêla mais forte. o mesmo acontece com o pêlo do nariz. é o mesmo princípio da seleção natural de darwin. hoje você corta o pêlo mais escroto com uma tesourinha em três segundos. amanhã, o novo pêlo que nasce se enrola para dentro, aí, você precisa de uns 40 segundos, um minuto para decepar o fio. em uma semana, ele nasce branco. branco, quase transparente, para você não conseguir exergar contra a luz. mês que vem, nasce na outra direção, apontando para dentro do nariz, por exemplo. já travei batalhas memoráveis com pêlos do nariz. e na grande maioria das vezes, perdi. perdi a paciência de encontrar, de pescar o fêla. saí de casa com aquela pontinha de pêlo fazendo polichinelo na entrada da narina. com aquele ar de derrota. com um pêlo teimoso. se você tiver um pêlo, aqueles dois milímetros expostos, fique esperto. pense duas vezes antes de cortar. você pode estar começando uma guerra de épicas proporções. pêlo de nariz, que coisa escrota.

terça-feira, outubro 24, 2006

casal (2)

- e pensar que quando a gente casou você disse que faria tudo para mim.
- quando foi que eu disse isso?
- lá na nossa festa de casamento, lembra? você tava bêbado.
- alegre.
- não, você tava bebâdo e alegre.
- ok, eu estava alegre e bebâdo.
- e ali, no meio do salão, você me abraçou e disse que faria tudo para mim. para me fazer feliz.
- feliz?
- é, feliz. que a minha felicidade estaria sempre em primeiro lugar. que o sorriso no meu rosto seria prioridade número 1.
- mas eu tava bebendo o que mesmo?
- [silêncio]
- brincadeira, continua....
- que eu era um sonho que estava se realizando ali, naquele momento. eu, de branco, você de terno. lembra como você ficou bonito de terno?
- lembro.
- e lembra que você falou aquilo tudo pra mim?
- ok, eu lembro,
- então pega o jornal lá embaixo na portaria que o fêla da pulta do porteiro esqueceu de colocar aqui na porta de novo.
- [silêncio]

casal (1)

- amor, você não me ama mais?
- amo.
- mas, ama quanto?
- amo muito.
- muito milkshake de ovomaltine do bob's ou muito coca cola com bastante gelo?
- mas, qual é a diferença?
- um é mais gostoso que o outro. milkshake de ovomaltine você bebe num gole só. coca cola com bastante gelo, você mata em três, quatro goles.
- entendi.
- então?
- então o que?
- escolhe pô.
- ovomaltine então.
- [silêncio]
- mas, mas, o que foi? não vai falar nada? acabei de te chamar de ovomaltine. milkshake de ovomaltine do bob's.
- é que...
- é que... o que?
- [silêncio]
- porra amor, tava eu aqui lendo a porra do jornal e você vem com essas comparações... eu escolho uma e você fica...
- fica como?
- assim, emburradinha.
- você é alérgico a ovomaltine.
- é.

sexta-feira, outubro 20, 2006

cadê a pourra da aliança.

cheguei ontem no trabalho sem aliança. olhei para a mão esquerda, e nada. olhei para a mão direita e também nada. puta que pariu, não me lembrava onde eu tinha colocado a aliança. pra ser sincero, eu não me lembrava de ter tirado ela. a primeira coisa que me veio à cabeça foi aquela crônica do veríssimo sobre a aliança perdida. aquela-- em que o sujeito deixa a aliança escorregar na hora de trocar o pneu do carro. só que ao invés de contar pra mulher a verdade-- resolveu inventar que traiu mesmo a mulher. é. na cabeça dele, a mulher nunca iria acreditar que ele tinha perdido a aliança enquanto trocava o pneu furado. preferiu economizar tempo e disse uma mentira. o que nos leva de volta a historinha da minha aliança. o mistério da aliança. caráio. eu não tinha feito nenhuma cagada. não tinha traído ninguém. só não sabia onde estava a caráia da aliança. passei a manhã inteira olhando para a minha mão e pensando onde ela poderia estar. pensando no que falar em casa. pensando. por isso mesmo o dia passou mais rápido que o normal. quando vi, já estava no meio da marginal com as mãos no volante dirigindo para casa. uma das mãos, é claro, sem a aliança. cheguei em casa meio que em pânico. não ia inventar nenhuma história. só não sabia ainda-- por onde começar. entrei e fui direto para o chuveiro. resolvi tomar uma ducha quente para relaxar. e foi aí que tudo mudou. que a história teve a sua reviravolta. a
aliança estava lá. no chuveiro. debaixo do sabonete. tinha tirado pela manhã. ainda com os olhos costurados com remela. esqueci completamente. é. eu não tinha traído ninguém. na verdade-- eu é que fui traído pela minha memória.

quarta-feira, outubro 18, 2006

o foda-se.

o foda-se é uma maquininha pequena. engenhosa, discreta e de fácil manuseio. é um aparelho simples. tem um só botão. que ou está no "on" ou está no "off". qualquer um pode usar. sem nenhuma complicação. ligar o foda-se de vez em quando faz bem. tira o peso do ombro. esvazia o saco e relaxa um pouco. o foda-se pode ser usado no escritório: "foda-se! não tô afim de trabalhar hoje. vou colocar os pés na mesa e a mão no saco." o foda-se pode ser usado em casa: "foda-se. não vou fazer a cama. não vou lavar a louça. não vou fazer a barba. foda-se." o foda-se não precisa de tomada. não é caro. e combina com tudo. o foda-se cabe no bolso. você pode levar o foda-se para o bar: "foda-se. não vou pagar os 10%, a comida tava uma merda." pode levar do seu lado no banco do carona no carro: "foda-se. vou estacionar aqui mesmo. caguei baldes pra você, guardinha." mas, como toda maravilha inventada pelo homem, o foda-se tem suas contra-indicações. nunca, nem sobre ameaça de morte, deixe o foda-se ligado o dia inteiro. sim, porque por mais que o foda-se seja uma invenção fantástica--se você deixar ele ligado o dia inteiro-- as pessoas vão ligar o foda-se para você.

meio dia e dezoito.

meio dia e dezoito. meio dia e dezoito é o pior momento do dia. é quando a fome bate. bate com travas de alumínio nas canelas. meio dia e dezoito a barriga ronca. a mão esquerda treme. a direita vacila. a boca fica seca. a língua resvala nos dentes aflita. meio dia e dezoito é mortal. o sangue circula com dificuldade pelo organismo. é como se cada célula vermelha usasse uma bengala pra pular de artéria em artéria. o sangue gagueja. as costelas vibram. quando dá meio dia e dezoito a fome é tanta--que vale até comer o hífen de meio dia e dezoito. todos eles.

terça-feira, outubro 17, 2006

bala perdida.

encontrei uma frumelo de framboesa perdida, no fundo da minha mochila.

criança que grita irrita.

criança que grita irrita. nada contra criança. só não gosto de crianças que gritam. mas a culpa não é das crianças que gritam. elas foram criadas acreditando que poderiam e deveriam gritar. em casa, no carro, no shopping e é claro--no restaurante. sei lá, aprenderam que é bonito gritar. pai fica bobo quando a criança grita. mãe então. domingo encontrei uma criança dessas no restaurante. ela estava sentada longe. mas parecia que estava na mesa ao lado. dois gritos foram bem marcantes. o primeiro--que impediu o garçom de escutar o meu pedido e o segundo--quando senti uma dor aguda lá dentro do ouvido. acho que estourei o tímpano direito. tenho quase certeza. até dei uma espiada para tentar identificar o moleque. só consegui ver os pais rindo. em câmera lenta. na maior felicidade. não estou também querendo generalizar. essas crianças tem uma idade certa para isso. criança que grita geralmente tem entre três e seis anos e meio de idade. também tenho certeza que quando tiver um moleque correndo em casa, também vou achar o grito dele espetacular. mas eu tenho uma sugestão. simples. mas que pode ajudar. acho que os restaurantes deveriam se adaptar. "boa noite! mesa para dois? fumante ou não-fumante? crianças que gritam ou crianças que não gritam?" tudo muito civilizado. sem dramas. sem grito.

sexta-feira, outubro 13, 2006

algumas idéias que podem mudar o mundo ou não.

- bolinho de bacalhau com mais bacalhau do que batata dentro.
- cerveja que não esquenta.
- café que não esfria.
- elevador com um dispositivo que evita a porta reabrir três vezes seguidas para acomodar que está chegando depois de você.
- aviões sem a cadeira do meio.
- vizinho sem cachorro.
- queijo prato que não fica suado fora da geladeira.
- cabelo de nariz que se desintegra automaticamente ao escapar pela narina.
- telefone celular que explode ao tocar durante um filme no cinema.
- assento ejetor do cinema para o fêla que falar mais que dezessete palavras durante um filme.


segunda-feira, outubro 09, 2006

a dívida e a ligação a cobrar.

[som de telefone tocando.]

- alô?
- gravação: "tum...tum...tum...tum....tum...tum....essa é uma ligação a
cobrar...."
- [pensamento: "a essa hora? e ligando a cobrar?"] alô? quem é?
- aqui é o jorge...seu amigo de infância...lá de pirapora grande? lembra?
jorge...jorginho!?
- jorge?...jorge? sim...sim...me lembro sim...tudo bem jorge? quanto tempo! mas porque a ligação a cobrar?
- lembra daqueles dez reais que você ficou me devendo quando a gente era moleque?
- dez reais?
- é, aquele dia no barzinho lá perto da farmácia do zé?
- ahhhh, lembrei, lembrei....
- e, você lembra que eu disse que um dia eu ia cobrar?
- lembro, lembro.
- então quanto tempo você acha que a gente já tá falando no telefone? nessa ligação a cobrar?
- não sei, uns três minutos?
- tá, tá, espera mais uns dez segundos.
- dez segundos?
- isso... calma...
- mas que caráio é isso...
- pronto, dez reais...
- como assim?
- ué, a ligação não é a cobrar?
- fêla da puta. você vai me pagar.
- bom, quem acabou de fazer isso foi você. te disse que um dia eu ia cobrar. te disse.

domingo, outubro 08, 2006

o debate: funcionário do mcdonald's vs. bob's

enquanto assistia o debate dos candidatos a presidência, fiquei imaginando como seria interessante ter outros debates com pessoas que fazem parte do nosso dia a dia. mais especificamente, pensei como seria interessante um funcionário do mcdonald's frente a frente com um carinha do bob's. palco. luzes. mediador. público. regras pré-determinadas. um debate sério, um representante de cada uma das duas redes de fast-food para discutir idéias, qual sanduíche é melhor, quem tem o melhor milkshake, que sundae é mais gostoso e algumas outras dúvidas que assolam as praças de alimentação do país.

funcionário do mcdonald's: boa noite. caro sr. funcionário do bob's, o que você tem a dizer sobre o boato de que a receita do molho especial do big bob é uma cópia do big mac?
funcionário do bob's: isso é uma colocação inverídica. uma mentira deslavada. o molho do big bob é uma criação nossa, feita com 36 ingredientes.
mcdonald's: eu tenho em minhas mãos um guardanapo rabiscado de um ex-funcionário afirmando que o molho é idêntico.
bob's: é falso. faça o favor de mastigar um big bob e veja você mesmo o sabor delicioso do nosso molho especial.
mcdonald's: mais uma vez, o meu adversário não respondeu a minha pergunta. preferiu fazer propaganda desse sanduíche meia boca com o nome parecido com o nosso. mas tudo bem.... agora, você me diz... e aquela batata murcha que vocês chamam de batata frita... como é que vocês tem a coragem de chamar aquilo de batata-frita?
bob's: batata-murcha? então fale um pouco do milkshake de vocês? ou você vai ficar atacando ao invés de falar dos produtos que vocês vendem? você tem a coragem de chamar aquilo de milkshake? você por acaso sabia que o nosso milkshake de ovomaltine foi escolhido o melhor milkshake do brasil?
mcdonald's: melhor? na opinião da sua mãe?
bob's: respeito! res-pei-to! direito de resposta! eu quero o direito de resposta!
mediador: vamos consultar a produção e depois dos comerciais voltamos com o debate.
mcdonald's: comercial que nada! e as acusações de que vocês usam gordura trans para fritar aquilo que vocês chamam de comida!???
bob's: leviano! safado! gorda é a sua mulher!

quarta-feira, outubro 04, 2006

o panda, a insônia e as olheiras.

panda é dos animais mais queridos de qualquer zoológico. não, é o mais querido. com aquele jeitão "caguei pra tu colega." andando em super slow motion e comendo lascas de bambu servido em bandeja de prata. panda acorda cercado de flashes. é flash pela manhã quando o zoológico abre. flashes a tarde, quando a molecada da escola visita e flashes a noite quando, os últimos ônibus disparam do estacionamento lotados de turistas com suas máquinas digitais com 2 gigas de memória e zoom super power. panda se fode bonito. nunca tem folga. é claro, que o bicho não faz picas, não trabalha. mas vive cercado, fotografado. e é por isso que panda tem aquelas olheiras. aqueles círculos pretos ao redor dos olhos. é, os círculos são olheiras. o fêla não consegue dormir direito. depois de passar o dia sendo metralhado pelo pipocar de flashes, o bicho tem insônia. os olhos não pregam. e, enquanto o leão, a girafa, o macaco e rinoceronte dormem, roncam e hibernam, o panda fica lá, girando. cafuzo, estafado mas sem conseguir parcos segundos de descanso. pois sabe que a qualquer momento, o sol vai nascer, a molecada vai entrar correndo pelos portões e é aí meu amigo, é aí que a porra do panda não pode dormir. se ele entrar numas de dormir, não ganha as lascas de bambu. durante o dia, o panda tem que trabalhar duro. dar cambalhotas em câmera lenta e bocejar fazendo um estilo "sou fodalhaço e posso cagar baldes para vocês." ele sabe que todo mundo espera isso dele. bom, mas voltando a insônia e as olheiras. é um ciclo vicioso: o panda não dorme, ganha olheiras, a molecada adora e tira fotos com flashes, o panda não dorme, ganha olheiras....

terça-feira, outubro 03, 2006

a acupuntura.

agulhas. finas. médias e longas, nunca pequenas. a primeira coisa que vem a cabeça quando se fala de acupuntura são elas, as agulhas. e o que é mais engraçado sobre a acupuntura é que quando você é moleque, uma das coisas que você mais se caga, são delas. sua mãe conversa, o médico conversa, seu pai segura sua mão, "é uma vacina de gripe, anestesia para fazer a obturação, vacina pra isso, vacina para aquilo, calma filhinho vai ser só uma picadinha, deixa que a mamãe assopra e fica tudo bem..." mas nada nunca ficava bem. criança fica muito cafuza com agulhas. bom, aí fast forward para os dias de hoje. a mesma criança que se borrava nas calças ao ver uma agulha, hoje paga uma senhora para cobrir seu corpo de agulhas. é, hoje em dia, a coisa mais comum é um marmanjo entrar num consultório de uma acupunturista, comprar um kit de agulhas e permitir, dar toda a liberdade para ela colocar as agulhas nos pontos x , y, z, w.... acabei de sair de lá. acho que foram quase vinte agulhas, talvez mais. e, para ser sincero, sem dramas. a acupunturista pergunta: "você já fez antes?" e eu, "bom, uma vez meu dentista perfurou a minha gengiva para aplicar a anestesia, no começo doeu, depois de alguns segundos, parou de doer naturalmente." mas não é a mesma coisa. e, enquanto você fica ali com agulhas mapeando partes do seu corpo, começa a pensar como você era chato pra cacete quando era moleque. e como, quando você era moleque, não imaginava que um dia estaria naquela situação. voluntariamente com uma agulha fixada no centro da cabeça e uma outra entre o dedo mindinho do pé e o dedo do lado que eu não sei o nome. agulhas, finas, médias e longas, nunca pequenas. a primeira coisa que vem a cabeça quando se fala de acupuntura são elas.