segunda-feira, outubro 31, 2005

confit de rabada e os preços.

existe uma fronteira muito fina entre um prato de 20 reais e um de 59. essa fronteira é quando você está numa pousada distante de tudo. é, porque quando você tem opções, quando você pode pegar o carro e ir a outros restaurantes, existe uma competição. neste caso, no meio das montanhas, enterrado num chalé no meio do mato, você paga o quanto te cobrarem, senão morre de fome. o restaurante da pousada é um daqueles bem cheio das meia hora, água mineral servida como se fosse vinho. mas o que eu acho engraçado é quando os caras entram numas de te foder. por exemplo: quando eles servem confit de rabada com raspas de alecrim e cobram quase sessenta mangos pelo prato. me lembro de ter visto a minha mulher pedindo a mesma rabada em outro restaurante, mas sem as raspas de alecrim e o primeiro nome francês, por uns 20 reais. e, depois de passar o olho no cardápio, de ponta a ponta, fui anotando nos cantos da minha cabeça os truques, os nome, e é claro, os preços. não vou entrar numas de reclamar muito, até porque a comida era boa. mas vou comentar os preços, porque lá no topo da montanha numa cidades longe de tudo, os caras abusaram. salmão com mandioquinha? 40 mangos. água? 4,50. couvert? 10. conta, sem bebida? 150. bom, depois que eu vi o preço da rabada eu liguei o foda-se. cheguei a conclusão que não tinha para onde correr, é aquele coisa de que "está na chuva é pra se molhar!" então mergulhei de cabeça na salada de cubos de abacaxi com tiras de repolho roxo e peru defumado com molho de tomilho repicado com tomate cerejinha (assim mesmo no diminutivo). afinal, quando se está longe de tudo, com o estômago roncando e um frio de fazer os dentes estalarem, o mínimo que você pode fazer é colocar algumas migalhas que sejam para dentro. o mais foda é que os caras sabem disso. assim que eu sentei para fazer o pedido da minha primeira refeição e deitei os olhos no cardápio, podia escutar de longe as risadas dos cozinheiros. os garçom também gargalhou, mas por dentro como quem dizia "é meu amigo, confit de rabada por sessenta manguitos! pode abrir a carteira.... já era... espera só a tua mulher pedir o petit gateua de vintão!" e lá se foi o meu din-din. mas zuzo bem, a pousada era de foder. acho que até isso foi planejado pelos caras. no exato instante em que você pensa em sair socando o pessoal do restaurante, você olha pela janela e vê a natureza. aí, é aquela coisa: natureza lembra tranqüilidade que lembra que é melhor você contar até 100 e colocar o cartão de crédito na mesa. antes que os fêla da puta aumentem o preço.

sexta-feira, outubro 28, 2005

a caligrafia dos médicos.

nunca tive uma letra bonita. nem feia. minha letra é um ok. não é assim uma beleza. mas dá pra entender. o que nos leva ao assunto desse parágrafo: a escrita. a caligrafia das pessoas. nessa última década com a democratização dos computadores, muita gente parou de escrever. é. eu, por exemplo, só escrevo no computador. escrever com a caneta mesmo-- só escrevo quando passo cheque. o que na atual conjuntura econômica é muito raro. resultado: a minha escrita está uma bosta. eu já não entendo o que eu mesmo escrevo. não entendo o que as pessoas escrevem. e olha que eu tento. fico pensando nos médicos. nos clínicos gerais. os fêlas das puta passaram anos escrevendo assim. de forma ilegível. em grego e latim. nunca entendi como as mocinhas das farmácias entendiam as receitas médicas. não entendendo como elas conseguem decifrar hoje. já devo ter tomado muito antibiótico errado, o que explicaria um tufo de cabelos brancos no meio da minha cabeça. mas zuzo bem. fico imaginando um cara mandando um torpedo no guardanapo para uma menina na boate. com o nome ilegível e rabiscado. e a menina ao receber não pensa duas vezes. ela cai de boca beijando ele, engolindo o cara. afinal, ela não é louca. ela não vai perder um partidão daqueles. com aquela letra de bosta, ilegível, aquele torpedo, aquela convite para a perdição, só pode pertencer a um médico. a caligrafia dos médicos, nunca entendi, e pelo que parece vou continuar sem saber que caráio esse pessoal de jaleco branco anda me receitando.

quinta-feira, outubro 27, 2005

porque não servem sobremesa antes?

sobremesa é feita para ser gostosa pra cacete. sobremesa foi inventada com esse único propósito, ser muito, muito gostosa. é difícil encontrar sobremesa ruim. você pode até preferir comer o sundae de chocolate, mas com certeza não odeia o petit gateau. o ponto que eu quero chegar é o seguinte: porque não servem a sobremesa antes? antes da entrada, do couvert e do prato principal? pensa bem: o couvert não é melhor do que uma bela panqueca de doce de leite. a entrada não é melhor do que os profiteroles. o prato principal não é melhor do que o brownie quente com duas bolas gordas de sorvete de creme. tudo bem, o prato principal pode até ser igual. mas, voltemos a minha pergunta inicial... porque não servem antes? porque não se deliciar com a sobremesa e só aí depois ver se você tem cantos vazios no estômago para as azeitonas pretas e o talharim banhado na manteiga? eu, sinceramente, se tivesse um din din guardado abriria um restaurante em que a sobremesa seria servida antes. sério, sem putaria, acho que faria um puta sucesso. eu acabaria de vez com o problema das pessoas que chegam ao final do jantar tossindo comida e-- não conseguem sequer olhar para um carrinho de sobremesas. falando no carrinho, no meu restaurante, tudo começaria com o carrinho de sobremesas. quase que de trás para frente. em pouco tempo as filas estariam dobrando as esquinas, pessoas abririam franquias, e booom, ninguém nunca mais se lembraria que antes de chegar na deliciosa sobremesa, você tinha que passar pelas torradas duras, manteigas de bolinhas e a sofrível pastinha de berinjela do couvert. melhor ainda: ninguém nunca mais perguntaria perguntas como: "porque não servem a sobremesa antes?" hein?

quarta-feira, outubro 26, 2005

pequenas regras. pequenos deslizes.

é difícil encontrar uma pessoa que perdoa grandes deslizes. já os pequenos deslizes até passam, mas existem pequenas regras. por exemplo. se você comete um deslize como chegar em casa do bar entre 1 da manhã e 2 em ponto, isso se qualifica como um pequeno deslize. depois das duas da matina, o deslize é grande. bom, mas voltando ao derrapada de ter chegado em casa uma e tal da madrugada. sua mulher pode até perdoar. mas você tem que seguir algumas regras. não tocar a campainha é uma delas. campainha dá susto. e a última coisa que a sua mulher quer é levar um susto e encontrar você um tantinho bebô. quer ver outro pequeno deslize? é comer comida fria da geladeira depois de chegar do bar com os amigos. esse não é o deslize. o problema acontece quando você esquece a geladeira aberta. você pode ter uma certeza... fodeu! você vai acordar de ressaca e com um cheiro de comida podre pela casa. neste caso alegue insanidade mental e busque internação num instituto renomado. outro deslize é esquecer de dar um recado importantíssimo como "sua mãe estava ligando da alfandêga, ela está precisando de ajuda, parece que os guardas implicaram com aqueles 3 ipods que você queria revender no brasil.... mas eu esqueci..." esqueceu é o caralho. esquecer não pode. a regra aí é simples, invente a melhor desculpa que um ser humano pode criar. contrate um roteirista de cinema, peça ajuda, diga que você foi abduzido por vacas coreanas que te levaram para passear nos pampas gaúchos e que você esqueceu pois as vacas fizeram você assistir "e o vento levou" de trás pra frente repetidamente. sua mulher sabe que você não está falando a verdade. que você está inventando uma desculpa. o que ela quer é ver que você está se esforçando. pequenas regras para pequenos deslizes. elas são fáceis, bem básicas, não requerem treinamento muito menos um manual. por isso, se algum dia você se encontrar nessa situação, vai por mim, não fodi.

terça-feira, outubro 25, 2005

mosquito solto dentro do carro.

saí de casa hoje com um mosquito solto dentro do carro. é desesperador. não sei se você já saiu de casa com um mosquito solto dentro do carro, mas meu amigo, se acontecer contigo, fica esperto, cuidado, reze, é um perigo. as chances de você bater o carro aumentam com cada minuto que passa. um mosquito solto dentro do carro, equivale a conversar no celular e comer uma fatia de pizza calabresa fervendo enquanto você pilota o seu carro. eu não sei com não raspei a lataria do carro na calçada. não sei como não saltei por cima de um toyota que estava bem na minha frente. por azar ou sorte, eu ainda não decidi qual dos dois, eu tinha um jornal no banco de passageiro. o que fez com que eu entrasse numa de matar o mosquito a mais de 100 km/h. dei duas porradas com o jornal enrolado contra o pára brisa e nada. mosquito solto dentro do carro é mais esperto do que os comuns. afinal, se o fêla da puta conseguiu entrar no seu carro fechado, ele é bem mais maroto que os outros. tenho certeza que ele ainda está lá. tentei de tudo. ar condicionado no 4, todos os vidros abertos, zig-zaguear na estrada, e nada. cheguei na minha mesa com as subáca suada e com a certeza que não existe inimigo pior no trânsito que o mosquito solto dentro do carro. o único mosquito que existe exclusivamente para te foder nas estradas perigosas de são paulo e não, chupar o seu sangue. tenho medo dele. tenho pavor. mais até do que cobra naja de filmes como "a múmia". falando nisso, hollywood ainda vai fazer um filme sobre este monstro. sobre esta ameaça ao bem estar da sociedade. se não fizerem, eu faço.

segunda-feira, outubro 24, 2005

máquinas do tempo.

como voltar no tempo por poucos reais ou até mesmo de graça. ou, máquinas do tempo enquanto não inventam uma definitiva. boa viagem.

- chocolate chokito.
- mate leão.
- rocky 2
- o programa do didi.
- sérgio chapelin no globo repórter.
- picole chicabon ou de coco ou de uva, mas tem que ser kibon e nessa ordem.
- fita vhs
- revistinha do tio patinhas ou do cascão. também vale a do chico bento.
- jeans desbotado.
- deixar as costeletas crescer.
- qualquer novela com o tarcísio meira.
- a música brega "total eclipse of the heart".
- cachorro quente da geneal.
- milkshake do bob's.
- cheeseburguer especial do mcdonald's.
- disk mtv
- locução do cid moreira nas chamadas do fantástico.
- seriados com claque, aquelas risadinhas pré gravadas.
- michael j. fox.
- madonna.
- toddynho com canudo quebrado.
- corneto mio, muito crocante é da gelatto...
- de volta para o futuro 1 e 2.
- apuração das escolas de samba do rio.
- gol do flamengo.
- ver fotos da monique evans e luiza brunet peladas.
- ilariê.
- transmissão da abertura das olimpíadas.
- bala juquinha.
- bala bhering de caramelo que agarra nos dentes.
- beijo molhado de tia em festa de natal.

sexta-feira, outubro 21, 2005

os amigos quase-virtuais e os de carne e osso.

depois que você ler esse textinho, entre no seu email e dê uma olhada no 'inbox' ou nas pastas, dê uma olhada geral. porque? bem, cheguei a conclusão que existe um novo tipo de pessoa: a quase-virtual. a pesssoa quase-virtual é aquela que você sabe que existe, é de carne e osso, mas você só fala com ela por email, messenger e txt message no celular. mas, definitivamente o maior número de quase-virtuais residem no universo do email. dia desses recebi um email de um amigo e depois de ler, notei que não falava com o cara desde janeiro. mas mesmo assim, eu sabia o que ele tinha feito ontem e na semana passada. tudo por email. o cara tinha se transformado num amigo quase-virtual. e o problema disso é que para voltar a ser um amigo de carne e osso é foda. é muito mais fácil virar um quase-virtual do que voltar a ser um sujeito de verdade que você briga pelo último pastel de queijo numa mesa de bar. o número de ligações e a freqüência dessas ligações principalmente, são chave para resgatar um quase-virtual. não me entenda errado, os quase-virtuais as vezes são os seus melhores amigos mas você ainda não parou para notar que eles se transformaram. o problema é muito maior do que você imagina: você não sabe, mas aquele cara que você considera um dos seus melhores amigos pode perfeitamente considerar você, um quase-virtual. a ficha já caiu pra ele. ele já passou os olhos na caixa postal do email dele e fez a contas: "caráio, eu mandei uns 30 emails pro erick esse mês, mas não liguei nenhuma!" e por aí vai. é matemática pura, quanto maior a distância entre o número de emails e o de telefonemas, mais perto está a transformação num quase-virtual. o segredo é saber escolher quem você quer que vire quase-virtual e quem você quer que continue de carne e osso. é priorizar os emails para o primeiro e deixar de ser preguiçoso e ligar para o segundo.

quinta-feira, outubro 20, 2005

duas pessoas que você não conhece, mas mesmo assim, coloca a sua vida nas mãos delas.

o barbeiro/cabelereiro e o garçom que serve cupim na churrascaria. esses dois sujeitos têm a sua vida na mão. literalmente. pensa só. o barbeiro, um sujeito que você não tem nenhum intimidade fica com uma tesoura das mais afiadas a milímetros do seu pecoço, da sua orelha e porque não também do seu nariz. já o garçom que serve o cupim está sempre empunhando uma faca do seu tamanho bem ao lado do seu rosto. você pode achar estranho, mas dias desses numa churrascaria fiquei pensando nisso: o que impede esse garçom de ter encontrado a mulher dele com o garçom da picanha na cama-- e se vingar de todo ódio-- fatiando os clientes? a mesma coisa com o barbeiro. lá está você, o cliente de número 238º daquele dia quente, cagando regra de como você quer que ele corte o seu cabelo. "assim não! tira atrás, menos, mais, mais, menos e menos caráio! não fodi eu pedi pra você cortar mais dos lados!" e ele, o barbeiro fica lá de trás da cadeira, olhando para você pelo espelho enquanto afia a lâmina da navalha. essas duas situações, a churrascaria e o barbeiro são os únicos dois lugares em que você e qualquer outro ser deste universo não liga em ter um sujeito com um instrumento afiado perto da veia aorta do seu pescoço. tente se imaginar em qualquer outra situação: no mcdonald's por exemplo, um mané vestido de ronald mcdonald aparece com um facão perto de você, fodeu, é chute no saco do dele. você está fazendo o check in no aeroporto e a atendente coloca uma tesoura perto da sua orelha... cotovelada na boca dela. duas pessoas que você não conhece, mas mesmo assim, coloca a sua vida nas mãos delas. são esses dois sujeitos descritos aí em cima. ou seja, pense trinta e duas vezes antes de mandar o cara que serve o cupim à merda ou falar que o corte de cabelo ficou bem escroto.

quarta-feira, outubro 19, 2005

a arte de calcular a conta do bar depois de uma meia dúzia de chopps.

calcular a conta do restaurante é uma arte. sem exagero. você já tentou pegar pra você essa responsabilidade? meia noite e tal, meio com sono meio com o buzz dos chopps? não é pra qualquer um. me lembro quando por algum motivo estiquei o braço e trouxe a conta pra perto de mim. mesa de 8, que já tinha sido de 11 três horas antes, uma conta das mais complicadas para somar. um erro de iniciante. é como antes mesmo de aprender a andar, você entrar numas de correr. é como antes mesmo de aprender a escrever cismar em escrever um romance. você entendeu, é como colocar os cavalos na frente da carroça. eu nunca deveria ter feito aquilo. deveria ter esperado o dia que a mesa fosse pequena para calcular a conta. uma mesa de duas pessoas com uma porção de pastéis e dois chopps, uma mesa simples. me fodi, primeiro tive que conferir o número de chopps tomados, tarefa impossível quando as pessoas não lembram nem que horas são. depois, tive que somar as notas quase rasgadas de dinheiro que foram deixadas para trás, e no meio de tudo, desisti. um nocaute no segundo assalto. não tinha a capacidade, muito menos a habilidade para equilibrar uma tulipa de chopp numa mão e uma pilha de notas de dez e cheques já assinados por pessoas que eu não conhecia, na outra. e foi aí que entrou um amigo que domina a arte de calcular notas de bar. é como se ele conseguisse isolar todo e qualquer "buzz" e ficar sóbrio por uns dois minutos. zen, concentrado, focado, como se estivesse sozinho naquela mesa. ele fez quatro pilhas: uma de cheques, uma de dinheiro, uma de ticket e uma de bolachas de chopp. ao final ele sorriu para os que ainda estavam na mesa e disse: "fiz as contas e alguém deixou dinheiro demais. sobrou uns 18 reais pra tomar a saideira." e todos aplaudiram, mesmo que fora de rítmo, o fato de ele ter encontrando no meio daquele caos, a saideira. um gênio. a arte de calcular a conta do bar depois de uma meia dúzia de chopps.

terça-feira, outubro 18, 2005

coisas que você não sabe como são difíceis fazer até o dia que sobra pra você fazer sozinho.

fritar frango. parece fácil. mas não é. o frango não cozinha por dentro com as mesma facilidade que queima por fora. sempre que eu tento fazer ou ele fica cru por dentro e legal por fora, ou torrado por fora e bacana por dentro. ovo. bem, ovo parece fácil. é foda. deixar a gema mole então sem aquelas melequinhas boiando então é mais foda ainda. passar uma camisa social. "passa aí essa camisa pra mim vera!" quando você não pode gritar pra alguém fazer isso pra você, tente fazer sozinho. são tantas curvas e retas, e bolsos e mangas e botões que você vai desistir no meio do caminho e pegar uma camisa que já esteja passada. dobrar uma camisa. você deve estar pensando: "não fodi, dobrar a camisa é mole." parece, mas não é. nunca fica legal. nunca fica igual ao jeito que a arrumadeira da sua casa fazia. arrumar a cama. muito foda. quando eu faço sempre fica com um dos lados arrastando no chão. sempre sobra colcha. sempre sobra cobertor. tirar cocô de cachorro da sola do tênis. essa é uma das mais difíceis. você fica lá debruçado no tanque com água escorrendo a 100km/h sobre a sola do tênis e nada do cocô largar, ceder, corre pro ralo. quantas vezes você já chegou em casa e largar um tênis coberto de bosta na área e encontrou ele no dia seguinte cheiroso dentro do seu armário. parece que foi fácil, não foi. quando você faz isso você mesmo, você dá um valor inestimável a todas as removidas de cocô de sola de tênis que já fizeram pra você na sua vida. fazer café. lá em casa sempre tinha café fervendo na garrafa térmica. parece que é mole fazer. não é. a coisa mais fácil do mundo é fazer um café fraco ou forte pra cacete. que é o que sempre acontece comigo, café óleo diesel que pinta os dentes de marrom. quando você é moleque tudo parece fácil. quando você cresce, se você tiver sorte, tem sempre alguém pra te dar uma mão e fazer essas coisinhas do dia a dia pra você. e, você, lá de longe acha que é mole, que é fácil e no dia que você precisar fazer você mesmo, acha que vai dar tudo certo. ontem, por exemplo, coube a mim fazer o frango em casa. minha mulher não estava naquele exato instante que a minha barriga roncou e a cozinheira já tinha saído. pensei: "é fácil erick, vai lá, vai com fé!" uns oito minutos depois estava lá eu raspando a casca queimada do frango. o que também parece fácil, mas não é.

segunda-feira, outubro 17, 2005

um poema de primavera.

está quente pra cacete.
o calendário diz que é primavera,
mas parece verão.
vou tomar um sorvete.
pois acabei de ver pela janela
uma velhinha entrando em combustão.

domingo, outubro 16, 2005

os críticos de restaurantes que não são críticos mas se comportal como se fossem.

sábado a tarde fui almoçar numa lanchonete nova dessas que servem variações de hamburguer. uma sanduicheria para ser mais preciso. os caras levam esse negócio a sério. na joaquim floriano, rua no bairro do itaim bibi tem uma em cada esquina. bom, talvez por isso, os caras tentam cada vez se especializar mais. carne importada da argentina moída em moedor italiano e grelhada em forno inglês, servida em pão francês com maionese grega e queijo suíço. exagerei um tiquinho, mas é por aí. mas voltando ao meu almoço de sábado a tarde. lá estava eu, prestes a dar a minha primeira dentada no suculento hamburguer, quando de repente um cara que deveria ter lá seus 25 anos, de olhos quase fechados enquanto mastigava diz: "hmmm, não, não, não, está salgado! carregaram no sal, dá pra sentir pela textura!" o amigo que estava ao lado reagiu com uma mão estendida chamando o maître: "olha, nossos hamburguers estão fora do padrão. nos recusamos a dar mais uma mordida!" e lá se foi o maître correndo para a cozinha equilibrando a prova do crime na bandeija. enquanto assistia esta cena, soquei quase 50 gramas de hamburguer na boca e mastiguei como se tivesse sido resgatado dos andes depois de uma semana perdido na neve, tava gostoso pra cacete. o maître voltou oferecendo um novo hamburguer e uma sobremesa ao final da refeição. o novo sanduíche chegou e enquanto o pseudo-crítico teorizava com os amigos sobre a qualidade dos ingredientes, eu comia e tentava conversar na minha mesa. mas era complicado. os fêla da puta reclamavam em voz alta: "não sei, acho que é o queijo... esse queijo definitivamente é de péssima qualidade. o sabor agarra na carne e deixa uma sensação de gordura em cada mordida!" ou "o pão parece fresco mas não é." ou "a carne é quase seca, já comi melhores." e, meia hora depois quando o garçom finalmente veio oferecer a sobremesa de cortesia, aí que deu vontade de mandar os caras à merda, mas estava de boca cheia. "vocês gostariam de experimentar nosso romeu & julieta? um delicioso sorvete de queijo com goiabada?" o moleque simplesmente disse: "queijo? queijo? como você ousa me oferecer queijo depois da péssima qualidade do queijo do sanduíche de vocês?" não fodi. vai dar meia hora de bunda. na boa, até confio mais na opinião de uma pessoa comum do que um crítico de restaurante. mas caráio, use o bom senso. se eu fosse dono do restaurante colocava a mesa toda na grelha. "o especial do dia? bom, nosso especial do dia é sanduíche de fêla da puta metido a chef."

sexta-feira, outubro 14, 2005

as observações (3)

- porque o restaurante friday's não se chama week's?
- que produto usam para limpar os banheiros de estádios de futebol?
- quando o cachorro late, será que ele está tentando nos avisar de alguma coisa?
- a primavera deveria ser chamada "verão 2"
- o colarinho do chopp desce, não sobe como o garçom insiste em dizer.
- que tipo de asfalto que usam para pavimentar as estradas de outros países?
- o domingo é mais curto que o sábado.
- segunda é mais longa que sexta.
- tabasco está dominando o mundo.
- todo mundo tem letra feia.
- zorra total tem uns 30 e tal pontos de audiência.
- a gerente do meu banco me manda correntes por e-mail.
- existe um queijo chamado emental, mas não existe um chamado gostoso pra burro.
- burro é gostoso? de onde veio essa expressão?
- se você espumar de raiva pela boca, você tambem tem febre aftosa?
- quem assiste a tv bandeirantes?
- catchup tem alguma coisa a ver com gato?
- quando uma pessoa deixa crescer um bigode, ela volta para os anos 70?
- quem é que coloca gasolina aditivada no carro?
- a joaninha é um besouro nojento que usa uma roupa bonita.
- nenhum telefone toca mais com o clássico "trimmm"
- tenho saudades da ana paula padrão, da fabiana sacaranzi e porque não, também da giselle que vem pouco ao brasil.
- minha mulher pode não gostar da observação acima.
- mulher não gosta de conhecer nenhuma mulher bonita que trabalha com você.
- homem não lembra que roupa vestiu 48 horas atrás.
- esqueci como se soluciona uma equação de 2º grau.
- acho que vou deixar crescer um bigode, tô com saudade de quando eu era moleque.

quinta-feira, outubro 13, 2005

como e quando os pais decidem que a criança já está véia demais para ganhar um presente no dia das crianças.

não me lembro com que idade deixei de ganhar o presente no dia das crianças. não sei se foi com 10, 11, 12 ou com 13. acho que foi por aí, até porque com 14 eu teria vergonha de exigir um brinquedo. por algum motivo, foi aos 14 que comecei a ter barba, rala, mas era barba. fiquei pensando nisso ontem, no dia das crianças. comecei a imaginar esse dia-- o dia de da decisão de não dar mais um presente no dia das crianças, do ponto de vista dos pais. fiquei imaginando a conversa entre uma mãe e um pai na semana que antecede o dia das crianças.
pai: amor, você notou a maneira que o carlinhos olhava para as coxas da vizinha no elevador?
mãe: [silêncio]
pai: então? notou?
mãe: mas aquela vagabunda precisava colocar tanta coxa pra fora... o moleque não tinha como desviar...
pai: bom, esse ano não tem mais presente do dia das crianças pra ele!
mãe: mas eu prometi que ele ia ganhar aquele computador novo...
pai: ô seguinte, da maneira que ele olhava as coxas da vizinha, esse moleque não é mais criança.
mãe: mas eu prometi...
pai: mas você mesmo viu, como ele olhava aquelas coxas carnudas queimadas de sol...
mãe: mas...
pai: ... grossas porém tenras, gostosas, se equilibrando sobre aquele par de sapatos vermelhos.
mãe: [silêncio]
pai: dava até para ver o começo da calcinha rosa que apertava aquelas coxas como quem não quer nunca mais largar...
mãe [interrompendo]: sei... coxas carnudas, calcinha rosa que aperta...
pai [engole seco]: ....computador de última geração para o carlinhos no dia das crianças que ele merece.. e aproveita para comprar aquele colar de brilhantes que você tava namorando, o par de sapatos italianos, dois, e não esquece de dar uma passadinha na concessionária pra ver se já chegou aquele carro que você não parou de falar depois de ver no comercial...

terça-feira, outubro 11, 2005

a teoria das pilhas recarregáveis

você provavelmente já teve algum brinquedo ou até mesmo um walkman que usasse pilhas recarregáveis. para quem não sabe, são pilhas como as comuns, só que quando elas ficam fracas, ao invés de jogar fora, você coloca elas para recarregar na tomada, e pimba, elas ficam como novas. a teoria das pilhas recarregáveis, é bem simples. ela diz que cada pessoa possui um conjunto de pilhas recarregáveis dentro de si. e que, o que essa pessoa faz no dia a dia, com a vida dela, influi diretamente na carga daquelas pilhas. entendeu? é fácil, fácil. aqui vão alguns exemplos de atividades que ajudam a carregar as pilhas de uma pessoa: dormir umas 8 horas ou mais, assistir um filme no cinema com o ar condicionado bombando, comer uma boa refeição sentado e sem nenhuma pressa, ler o jornal esparramado no sofá sem saber ao certo que horas são, comer três triângulos de toblerone, beber uma cerveja quase congelada, pegar no sono durante um seriado leve como seinfeld, bocejar sem colocar a mão na frente, escutar pela milésima no rádio vez aquela música que você adora mas não se lembra ao certo aonde você colocou a porra do cd, receber de troco uma bala mastigável bhering ou frumelo no saguão de um aeroporto, tomar um banho quente, deitar a cabeça num travesseiro frio, rir de uma piada sem graça, comer sushi de um peixe que você não sabe o nome e mandar alguém que te fechou no trânsito para puta que pariu. bom, agora, alguns exemplos de atividades que descarregam suas pilhas: te mandarem para puta que paril no trânsito porque você fechou alguém, ir ao dentista, ficar numa fila para pegar uma senha para outra fila, descobrir que amanhã é quinta e não sexta, dormir com as lentes de contato, dormir na posição errada, acordar quatro e trinta da manhã no sofá e ter que se mudar para o quarto, tomar uma cerveja morna, pegar uma taxi em que o taxista não conhece as ruas da cidade, comer jiló e quiabo, ir ao dentista novamente porque o fêla da puta não conseguiu terminar o trabalho na primeira consulta, pisar em bosta de cachorro, não saber que você pisou em bosta de cachorro e ficar uma meia hora andando pelo carpete de casa, alarme que não toca música e só faz pí pí pí, pagar 9 mangos para o serviço de manobrista, beber um toddynho estragado, queimar o céu da boca, ter que se levantar para mudar o canal da tv porque acabaram as pilhas do controle remoto. a teoria das pilhas recarregáveis. carregue as suas o máximo que você puder, porque como você viu, é mais fácil fôder com as carga delas do que mantê-las 100%. eu, por exemplo, vou me cobrir de jornal no sofá e abrir uma long neck estalando de gelada agora. afinal, as chances de eu sair do meu prédio amanhã a caminho do trabalho, e fechar alguém no trânsito, são grandes.

segunda-feira, outubro 10, 2005

falsos diagnósticos. um serviço beneficente para acabar com as males da sociedade.

segunda passada acordei 6 e 30 pra tentar chegar na academia antes das 8. não sei se você tem o costume de ir a academia, mas é difícil acordar, escovar os dentes, lavar o rosto, colocar a lente, a roupa que você vai usar depois no trabalho, a da academia, tomar cafe, pegar o carro, estacionar o carro, subir o elevador, guardar as coisas no armário da academia, subir numa esteira e correr. porra, só de escrever essa rotina, eu fiquei cansado. sério, estou suando bicas. bom, vamos lá. como eu ia dizendo, é foda ir a academia. eu só vou por que, depois de um check-up, o médico me disse pra parar de putaria e levantar do sofá. sério, se ele não tivesse me assustado eu não levantaria 6 e 30 da matina nem com tapa na orelha (que você deve concordar comigo, é uma das piores dores que existem, um tapa de mão aberta na orelha.) sempre que eu me encontro correndo naquela esteira, tenho flashbacks do médico me dizendo: "erick, se eu fosse você começaria numa academia amanhã, para o seu bem, os índices de colesterol atingiram níveis... hmmmm... poderia dizer...... acima do normal!" sempre a mesma cena. sempre quando eu ameaço desligar a esteira e inventar uma súbita dor nas costas. funciona. o diagnóstico do médico funciona. mas funciona também, que hoje, lá estava eu novamente. bem, e com isso em mente, comecei a maquinar um novo negócio. uma espécie de serviço. "os falsos diagnósticos". não, eu não ia matar ninguém de susto, não iria receitar remédios desnecessários. é um serviço quase que beneficente. é mais ou menos assim: eu contrato um ator que passe por médico. uns 50 anos de idade, um tanto grisalho, com um óculos bifocal e uma certa preferência por canetas caras como montblanc. aí, eu alugo uma sala de escritório num prédio decente e abra uma clínica geral. uma recepcionista séria, uma sala de espera bem fornida de revistas e um café de dar inveja a qualquer vó. o serviço funcionaria da seguinte maneira: sua mulher não pára de fumar. você já insistiu, seu filho já insistiu e nada. ligue para gente. a gente resolve o seu problema. ligaremos para uma amiga da sua mulher, que como amiga, deseja o bem dela e pediremos para ela indicar esse novo médico maravilhoso que mudou a vida dela. e é aí que nosso serviço entra. sua mulher marca uma consulta. e depois de usar o estetóscópio, olhar a língua da sua mulher e pedir para ela repetir em voz alta "43", nosso ator-médico dará um "falso diagnóstico". ele colocará a mão sobre a mão da sua mulher e dirá: "se você não parar de fumar hoje, é melhor desmarcar a próxima consulta, não sei se você dura até lá..." a partir daí, drama, emocão, choradeira, e pimba, a mulher pára de fumar. "falsos diagnósticos", não sei, mas pode ser um serviço muito usado. assim que eu tiver com tempo, vou me dedicar a isso. uma outra fonte de renda, quem sabe. a não ser é claro, que este serviço já exista. e eu, correndo na academia, sou a maior prova de que ele já é um sucesso. médico fêla da puta.

sexta-feira, outubro 07, 2005

revelações em 1 hora.

tem um filme do robin williams recente que é bem bacana. o nome é "one hour photo". nele, o robin williams é um psicopata completamente pirado que trabalha numa loja de revelação--e que começa a viver a vida de uma família através das fotos que são reveladas. entendeu? o cara, de tanto passar o dia debruçado sobre a maquininha que revela as fotos, fica achando que faz parte daquela família. então. hoje eu, erick, não o robin williams, fui ao shopping revelar umas fotos no almoço. assim que cheguei, fui recebido por uma mocinha que disse: "oi, erick! o que vai ser hoje?" não, a mocinha não é nenhuma psicopata. eu tinha ligado mais cedo pra saber se eles conseguiriam revelar durante o almoço. mas-- eu me toquei que já era a vigésima vez que eu revelava filmes lá. das férias, do noivado, do casamento, de aniversários-- caráio, até coisa do trabalho eu já tinha levado lá. é um troço bastante curioso. eu não conheço a tal da mocinha--mas ela conhece minha vida como ninguém. melhor até do que a minha mãe, que do casamento levou somente uma foto ampliada. cacete-- a mocinha já viu foto minha bêbado, muito bêbado, dormindo no sofá de casa, pulando na piscina, de boca cheia no almoço, emocionado no casamento e por aí vai. não sei não. mas eu acho que vou ligar pra loja pedindo pra ver uns álbuns da família dela. vou mesmo. "opa, aqui é o erick! lembra? aquele que tem um sofá branco e volta e meia corta a cabeça de algumas pessoas na hora de tirar as fotos... sabe? então, prepara seus álbuns de fotos que eu estou a caminho!" vou mandar ela trazer todos eles. porra--eu tenho o mesmo direito de ficar rindo das fotos dela e da família. sacanear as que saíram com a cabeça cortada e com os olhos fechados. vai dar meia hora de bunda. e--se ela não deixar eu levar pra minha casa. zuzo bem. vejo no shopping mesmo. afinal, não preciso mais do que 1 hora. e se entrar numa de que não vai dividir as fotos comigo, vou revelar minhas fotos em outro lugar.

quinta-feira, outubro 06, 2005

o sorteio do manobrista. o jogo que vai mudar a sua vida.

hoje depois do almoço eu tive uma idéia. foi na hora que o manobrista trouxe o meu carro. foi um estalo. daqueles que você pensa em voz alta: "caráio, como é que eu não pensei nisso antes?" bom, a idéia é simples. mas todos têm que participar, senão não funciona, pode dar merda das grandes. é o "sorteio do manobrista". imagine que você acabou de jantar na sua pizzaria favorita. você pagou a conta e agora, a única que coisa que separa você de chegar na sua casa, é pegar o seu carro com o manobrista. e é aí que começa o nosso jogo. é meu amigo, você não vai pegar aquele carro que você está cansado de ver. o manobrista vai colocar todas as chaves numa urna e vai sortear um carro qualquer e entregar para você. pense só na emoção. na tensão. você chegou de astra duas portas e vai para casa de fiat doblò. você chegou de mercedes e vai para casa de bmw 4x4. imagine a emoção, você lá de barriga cheia, na frente do restaurante, mas ao invés de ficar com aquele ar cansado de quem vai para casa com o botão da calça aberto, meu amigo, a emoção está só começando. você pode ir para casa com um carro completamente novo!!!! é o "sorteio do manobrista". você entra no restaurante, dá a chave para o manobrista e passa o resto do almoço, ou do jantar, com aquela formiguinha na barriga esperando, como se fosse novamente criança, feliz, sabendo que a volta para casa vai ser diferente do que você sempre imaginou. "o sorteio do manobrista!!!!" com rufar de tambores, neon e manobrista com microfone no peito a lá silvio santos. seria o jogo mais popular de todos os tempos. a família iria a loucura. "quem sabe, mamãe a gente não volta pra casa hoje de harley-davidson!!!" imagine. quem sabe não acontece. quem sabe alguém não lê isso aqui e decide fazer. boa sorte. que você leve para casa um mercedes benz do ano, cor prata e por que não, conversível. hein?

quarta-feira, outubro 05, 2005

viciados em seriados. quando seinfeld é porta de entrada para seriados mais pesados como "sopranos" e "24 horas".

assisti o primeiro episódio de seinfeld meio que por acidente. hoje, 15 anos depois, tenhos gravado em vhs os mais de 160 episódios da série. já comprei as primeiras 4 temporadas em dvd. e volta e meia assisto as reprises na tv. eu sei que é estranho. muito estranho. caráio, como é que eu consigo assistir o mesmo seriado, ou melhor, o mesmo episódio do mesmo seriado repetidas vezes? a resposta é simples: o negócio vicia. bom, isso aconteceu com seinfeld. aí, um tempinho depois, comecei a assistir "six feet under" ou "a sete palmos" em português. me fodi bonito também. tenho 4 temporadas do seriado lá em casa. "a família soprano" apareceu depois e também passou a roubar várias horas das poucas que sobram no meu dia. bom, aí, quando eu já achava que estava tudo beleza, que eu tinha sobrevivido essas doses maciças de seriados, veio o "24 horas". o 24 horas, se você ainda não assistiu é a heróina injetável dos seriados. se o seinfeld é a maconha que você consome com regularidade durante anos. o 24 horas é a heróina das mais pesadas que te mata de overdose. o seinfeld acostumou o seu organismo a aguentar por horas a fio um seriado. agora o "24 horas" vai retirar você da sociedade numa maca. você vai querer consumir a temporada inteira de uma só vez. e não importa se já são quase cinco da manhã e você tem que "acordar" em três horas para ir pro trabalho. você caga para coisas tão simples como jantar e falar com a sua mãe no telefone. você liga o foda-se no máximo e vai em frente. o problema do "24 horas" é que o programa é em tempo real e o protagonista está sempre a um passo de salvar o mundo. dando a falsa impressão que se você desligar a porra do dvd, vai impedir tal façanha. bom, você entendeu, viciar em seriado é fácil, limpar seu organismo deles, é impossível. eu tenho um plano. um plano sério. vou abrir uma clínica de reabilitação de viciados em seriados. vai ser bem simples. é uma pousada sem televisão. e, para aqueles que estiverem nas últimas, eu terei um só quarto. uma espécie de solitária onde essa pessoa assistirá continuamente um episódio do seriado "carga pesada" da rede globo. o mesmo episódio. num loop, onde sempre que ele acabar, o mesmo episódio recomeça. o pior episódio do pior seriado de todos os tempos para dar um choque na cabeça do viciado. sei lá. é apenas uma idéia. acho que vou fazer milhões. fico imaginando o mercado negro rolando nas redondezas da minha pousada/clínica, um mercado negro de dvds players portáteis com episódios da "super máquina", "friends" e o sempre clássico "o homem de seis milhões de dólares."

terça-feira, outubro 04, 2005

a primeira cerveja é como aquele guerreiro que sai correndo na frente das tropas pronto para declarar guerra.

a primeira cerveja tem um papel muito nobre. a primeira cerveja é aquela que entra no seu corpo com o papel de abrir a porteira, ou portão. ela entra em território inimigo. um território até então habitado por refrigerantes, águas minerais e talvez leite. a primeira cerveja tem o papel de chegar no organismo do índividuo e avisar: "prepara a área que vem chumbo grosso!" é por isso que a primeira cerveja vem sempre seguida de uma estrondoso "ahhhhh!". esse som é uma espécie de sirene que esperneia e diz com todas as palavras que a partir daquele instante, muitas cervejas estão sendo geladas no freezer, exclusivamente com o objetivo de lutar ferozmente contra os ternos e as alatas temperaturas das tardes de sábados e porque não também as noites de quinta. a primeira cerveja é como aquele amigão do peito que quando chega na boate é o primeiro a chegar naquele grupo grande de mulheres. sem medo de ser feliz. abrindo espaço para todos os mais tímidos também terem chance de se dar bem. a primeira cerveja é como aquele cara que quando sente que a porrada é inevitável, respira fundo e parte pra cima. o que faz com que ele sempre tenha que responder aonde ganhou aquela cicatriz no queixo. a primeira cerveja simboliza tudo aquilo que nós queremos ser. destemidos, sem medo de ser feliz. sem medo de enfrentar o desconhecido. bom, você pode estar se perguntando: "caráio, esse cara está exagerando! pourra, nenhuma cerveja é isso tudo!" bom, é fácil você comprovar a minha tese. faça o teste. espere chegar quinta-feira. depois do trabalho. trânsito. entre num boteco. daqueles que conhecem você por nome. peça um chopp, uma cerveja, estupidamente gelada e, bem, você vai ver. a primeira cerveja é tudo. ou nada, sete segundos depois que o copo pousar na mesa.

segunda-feira, outubro 03, 2005

pequenas preocupações e a língua que resvala nos dentes.

frango preso nos dentes deve ser uma das maiores preocupações mundiais. não estou falando de preocupações como armas de destruição em massa, terrorismo, furacões e etc... estou das pequenas preocupações. aquelas que a gente sente durante o dia. aquelas preocupações mínima, de detalhes que não vão afertar ninguém como um ataque terrorista. bem, você entendeu, preocupações como "será que tem uma meleca fazendo polichinelo no meu nariz?" , "será que o meu desodorante venceu" ou "hmmm, será que eu aviso pra ele que os cantos dos olhos dele está cheio de remela ou foda-se?" mas, de todas essas mini-preocupações, o frango preso nos dentes é sem dúvida das mais fodas. não existe língua que consiga arrancar uma lasca de frango de um dente. frango desfia com facilidade. frango é como aquele vilão do filme exterminador do futuro 2 (sabe aquele que se transformava em qualquer coisa). então, o frango possui uma constituição que permite ao fêla da puta se alojar em qualquer dente, e por quanto tempo for necessário. você tem que ser um craque com o fio-dental para salavr o seu dente. não é qualquer um, não. o que eu acho mais engraçado é as madames nos restaurantes no horário do almoço tentando arrancar os pedacinhos de frango. algumas colocam as mãos sobre a boca tentando em vão esconder o trabalho árduo que as línguas estão fazendo. outras tentam ser mais delicadas e levam as línguas lá pros cantos da boca com a esperação de que o frango vai ceder após um breve carinho. o franguinho é tarado por dentes molares. aqueles grandões lá de trás. passei o almoço inteiro tentando desapropriar um frango dos meus. usei todos os 47 músculos em perfeita sintonia e nada. e foi pensando nisso, ou melhor, e foi cutucando os meus dentes com a língua a caminho da minha mesa que eu comecei a pensar nisso. no frango. até pouco tempo, tinha a mais absoluta certeza que "a meleca que parece estar lá, mas não está" era a maior mini-preocupação que existia no nosso dia-a-dia. estava enganado. é o franguito.