quarta-feira, agosto 31, 2005

esteira de academia.

esteira de academia. enquanto caminhava sobre uma hoje, comecei a analizar o que é uma esteira de academia. mais especificamente, como é o dia-a-dia de uma esteira. como é a vida dela. sua rotina, suas preocupações. vida de esteira não é fácil. esteira acorda cedo, bem cedo, quase de madrugada. antes do sol nascer. o dia na academia começa cedo. bem, daí pra frente é que fode. hoje, por exemplo, do meu lado, tinha um sujeito de quase dois metros de altura e relativamente acima do peso. cada passo que o cara dava, a esteira estremecia. ela sambava, pulava, cada parafuso dela prendia a respiração. e aí, quando esse cara acabou o programa de corrida dele, e a esteira achou que ia poder descansar um pouquinho, aparece uma tiazinha quase do mesmo tamanho. com um agravante: ela suava demais. o que é normal, numa academia. mas fico imaginando a esteira lá debaixo, recebendo gotas grossas e fartas da tiazinha. e a tiazinha ainda tinha um jeitão de pisar que com certeza não era dos mais prazerosos para a esteira. eram oito e tal da manhã, o dia estava só começando, e a esteira já tinha sofrido bastante. aí, eu comecei a pensar se a esteira, como eu, tinha o seu intervalo na hora do almoço pra dar uma relaxada. mas é claro que não. de acordo com a mocinha que fica na porta da academia, o horário do almoço é o mais cheio. o mais lotado. é quando a esteira se fode bonito. minutos depois, o meu programa acabou. ou melhor, cansei. desliguei a minha esteira e pulei fora. trinta e dois minutos sofrendo. respirando fundo. fiquei com pena da minha esteira e passei um pano nela, para remover as gotículas de suor. afinal, a fêla da puta ainda tinha muito trabalho pela frente. esteira de academia. um masoquista que acredita em reencarnação sonha em um dia voltar para a terra como uma esteira. pra passar o resto da vida sendo pisoteado. e feliz.

terça-feira, agosto 30, 2005

o dilema do limão.

desde que eu nasci. desde que eu me conheço por gente... sempre que eu peço para o garçom uma coca-cola, a pergunta sempre foi a mesma: "gelo e limão?" pra ser sincero, na grande maioria das vezes os caras sequer perguntavam. já fazia parte do esquema. o refrigerante vinha obrigatoriamente num copo com gelo e limão. é como se os copos de restaurantes já chegassem na caixa assim: com uma rodela de limão e três pedras de gelo. mas aí, os caras inventaram a pepsi twist e a coca cola lemon. o negócio já vem com limão. agora é só adicionar o caráio do gelo. agora é que complicou a cabeça dos garçons de vez. o cara passou anos com essa fórmula do limão e gelo na cabeça e agora tem que se adaptar. por exemplo, eu tenho um amigo que sempre pede pepsi twist. eu, particularmente bebo só com gelo, e é aí que fode. é aí que o garçom entra em pane. todas as mesas querem ou não se importam no esqueminha do gelo com limão. o meu amigo quer pepsi twist. eu, só com gelo. aí, eu aposto um pirulito que o garçom não acerta. sempre erra. porque quando ele chega na cozinha com aquele bloquinho com papel carbono escorregando pelos lados e em três vias, o maluco também tem na mão o pedido acumulado de mais umas doze mesas. é o que eu chamo de "o dilema do limão". ah, esqueci de mencionar uma outra variedade do limão no copo em que vai será servido o refrigerante. tem uns caras, poucos, mas tem, que pedem o suquinho do limão num copo à parte. só pra foder mais com o nosso amigo garçom. mas voltando ao meu copo que sempre chega com limão por engano. bom, isso não me deixa assim tão puto. eu entendo, se eu tivese na pele do garçom eu serviria todos os copos com gelo limão. proporcionalmente eu levaria bem menos esporro. o que me deixa puto é que o carinha da cozinha que prepara o copo que o garçom vai levar para a minha mesa é um fêla da puta. parece que ele sabe que eu não curto o tal limão. é, o limão vem sempre trançado entre três pedras de gelo escorregadiças que me impede de tirar a rodela. isso sim, me deixa com a sáca ardendo. o que falar para o garçom? o que pedir pra escapar do limão? até a cerveja vem com a lasquinha. já não sei se devo tomar coca-cola ou mandar o garçom tomar no cu. o dilema do limão.

segunda-feira, agosto 29, 2005

o homem da caverna que não usava óculos.

tenho quase 4 graus de miopia em cada olho. não dá pra ver picas sem óculos ou lentes de contato. o que nos leva ao assunto deste textinho. o que faziam os homens das cavernas que eram míopes? fico imaginando as crianças nas escolinhas dentro das cavernas. o professor pintava aqueles símbolos e animais nas paredes da caverna e pedia para a criança responder a pergunta. devia ter sempre uma meia dúzia lá no fundo que sempre tirava zero. afinal, essa molecada era míope mas não sabia o que era isso. o moleque chegava em casa com a nota zero marcada no bloco de pedra, e já levava uma porrada de tacape na fuça pra ver se aprendia. os não míopes deviam achar os míopes malucos, cafuzos da cabeça. "caráio og, como é que você não viu a cratera do vulcão? você quase caiu seu moleque burro!" porra, já era complicado ter nascido numa época em que a roda estava prestes a ser descoberta, o fogo, bem o fogo ainda dava um trabalho infernal para acender. numa época em que você tinha que morar cavernas e o pior, numa época em que ainda não existiam lojas de conveniência e os 38 canais da net. tudo isso, e você ainda era míope e ninguém sabia que porra tinha errado com você. seu pai, o prezado homem da caverna não podia mandar você para o oftalmologista. como a gente já conversou aí em cima, os oftalmologistas não existiam. e foi pensando nisso que eu cheguei a uma conclusão: o que levou os povos a se espalhar pelos cinco continentes não foi o espírito de sobrevivência. não, foram os míopes. é, imagine o líder de um povo com uns 6 graus de míopia. agora imagine um outro grupo sendo liderado por um outro cegueta com os mesmos 4 graus que eu tenho. eles não conseguiam ver um caráio de longe. por isso, tinham que chegar cada vez mais perto. e mais perto. e mais perto. os líderes míopes não conseguiam distinguir nada. então eles andavam mais, e mais, e mais, sempre tentando chegar mais perto pra ver que caráio tinha lá na frente. e como os caras também não eram grandes comunicadores, o povo ia atrás, sem perguntar. e assim o mundo se formou. os cinco continentes. civilizações inteiras devem tudo aos homens das cavernas míopes. que sem conseguir ver nada, foram muito mais longe.

sexta-feira, agosto 26, 2005

vinhetas de abertura de programas de tv que despertam sensações nem sempre boas.

o que você sente quando escuta, mesmo que de longe, a musiquinha da abertura do fantástico? eu fico meio deprê. na verdade, eu fico bem deprê. é o sinal oficial de que segunda está chegando e não adianta lutar, não adianta fazer nada que fôdeu. outra musiquinha de programa que desperta uma sensação desconfortável é a da abertura do programa zorra total. sempre existe aquele sábado que seu amigo fura, a namorada está cansada pra sair, chove, e você acaba ficando em casa. aí, meio que sem querer, quando você ainda acha que pode existir alguma chance de salvar os últimos minutos de sábado, lá vem o zorra total. aquela musiquinha sem-vergonha me leva ao fundo do poço. é um soco no estômago. é o sinal oficial de que você desperdiçou o seu sábado. quer ver outra musiquinha de abertura que afeta o seu comportamento? a do plantão da globo. você pode estar no meio do banho com sabão nos olhos, colocando em prática a página 186 do kama sutra, com o fogo ligado. não importa. é tocar a primeira nota do plantão da globo, que um sentimento de pânico misturado com uma curiosidade quase mórbida faz com que você largue tudo. não importa se a cozinha vai pegar fogo. você precisa saber por que caráio tocou aquela musiquinha. é sempre alguma merda das grandes. alguém importante morreu ou acabaram de invadir o planeta terra. pegaram o bush de porrada no meio de um discurso ou a scheila carvalho do "é o tchan" colocou implantes de silicone ainda mais carnudos. mas, de todas essas musiquinhas, tem uma que é de fôder. é a música da abertura do faustão. meu amigo, se você escutar essa música corra. mas corra com todas as forças. é um sinal de que ainda dá tempo de aproveitar o que resta do fim de semana. pense na musiquinha do faustão como um alarme de incêndio pra você fugir do prédio. porque você sabe, depois do faustão vem o fantástico. é aí é um caminho sem volta.

quarta-feira, agosto 24, 2005

"ahhh... o powerpoint!"

powerpoint é um software para roubar o seu tempo. não importa o que está escrito na manual do usuário do powerpoint. ele não foi feito para conduzir reuniões como você achava. ele também não existe para ilustrar o faturamento ou o market share de um produto num determinado segment. na-na-ni-na-não. powerpoint é o maior ladrão de tempo de todos os tempos. se você entra numa reunião e alguém liga uma apresentação de powerpoint, você pode ter uma certeza, você só vai sair daquela sala quando meio mundo já estiver em casa coçando a sáca. é um fato. eu nunca presenciei uma reunião em que o powerpoint não roubou pelo menos umas 3 horas do meu dia. é de foder. eu não sei ao certo como ele faz isso, mas faz. o carinha que está na frente do projetor conduzindo a reunião e a apresentação de powerpoint consegue frear e acelerar o tempo. frear, porque quando ele aponta para aquele gráfico de pizza e fala de porcentagens, parece que ele está falando em câmera lenta. e acelerar o tempo, porque o fêla da puta consegue fazer uma reunião que começou meio-dia terminar oito da noite num piscar de olhos. e tem outra coisa que me deixa bem puto com apresentação de powerpoint. elas sempre acontecem, ou pelo menos começam na hora do almoço. e aí, quando você já mastigou três biscoitos molengas para segurar a fome, o carinha no comando do powerpoint aciona um slide no formato de pizza no telão. e só de putaria, o gráfico tem a cor de uma pizza metade calabreza, metade frango catupiry. terça-feira, por exemplo, entrei numa sala para assistir uma apresentação dessas de powerpoint. acabei de sair de lá. e só porque eu tinha que tirar uns seis litros de água do joelho.

terça-feira, agosto 23, 2005

o veríssismo. uma nova religião. a minha religião.

"só acredito naquilo que eu posso tocar. não acredito em luiza brunet, por exemplo." essa frase genial do luiz fernando veríssimo é a base de toda minha crença. se eu tivesse tempo, criaria uma religião. o "veríssismo". essa religião não teria um livro grosso como a bíblia como base. teria apenas essa frase do veríssimo. as missas seriam mais curtas. não teria sermão. bo lugar do bom e velho sermão, apenas uma crônica. de preferência curtinha. se alguém me perguntasse qual era a base dessa nova religião e o que ela pregava-- eu simplesmente responderia: "eu só acredito naquilo que eu posso tocar." não acredito em sundae de chocolate, não acredito em marcianos e espíritos. não acredito em giselle bündchen. não acredito em prêmio acumulado da mega-sena. não acredito em aro de cesta de basquete. mas principalmente, não acredito na última prateleira da cozinha que eu não alcanço. eu só acredito naquilo que eu possa cutucar com o meu indicador. simples assim. o veríssismo arrastaria multidões. fiéis surgiriam de todos os lados. lotariam estádios. peregrinações surgiriam de todos os continentes. os livros do veríssimo iriam esgotar. o novo profeta. sem mais segundas interpretações. e sempre que alguém ficasse com vontade de entrar em contato com o lado espiritual--era só abrir uma crônica do veríssimo. com começo, meio e um fim surpreendente e geralmente sarcástico. essa é a minha religião. é isso que eu escrevo em formulários. venha também para esse mundo. acredite. acredite no veríssismo. vamos! juntos!

segunda-feira, agosto 22, 2005

o lugar mais escroto do mundo de todos os tempos.

o pior lugar do mundo para mim é a poltrona do meio de um avião. não tenho medo de avião. tenho medo da poltrona do meio. tenho pavor. é quase uma sentença de morte. quando eu vou fazer o check in e a aeromoça me entrega o bilhete do embarque e diz: "poltrona 6b ou 17e", os meus olhos enchem de lágrimas. eu sinto uma dor fina que começa na base do pescoço e explode na testa. a poltrona do meio de um avião é tão ruim, tão ruim que eu já peguei um vôo mais cedo para o rio uma vez porque no seguinte eu seria obrigado a voar na poltrona do meio. uma vez na poltrona do meio, fudeu. é pra lá que deveriam mandar os maiores criminosos do país: "você foi condenado a fazer uma viagem de ida e volta para o japão na poltrona do meio da classe econômica de um boeing fabricado na década de 70 quando os americanos ainda não eram obesos!" na poltrona do meio não tem para onde fugir. você é o recheio de um sanduiche de gente. gente quase suada que gosta de ler o jornal com os braços abertos. de um lado no corredor, um psicopata que não pára de levantar e checar se o laptop dele está intacto no compartimento de cima. do outro na janela, um sujeito que é tão gordo que quando serviram o jantar, ele perguntou se sobrou alguma bandeija da "massa com provolone ao molho quatro queijos". e você ali no meio. sem lugar para apoiar os cotovelos e refém do fêla da puta que ligou um dia antes que você e fez a reserva para sentar na poltrona do corredor. é meu amigo, você quer levantar para fazer xixi no meio da noite, azar o seu, mije pra dentro. o sujeito que está na poltrona do corredor, está dormindo, com a barba por fazer e até então não falou uma palavra sequer com você. ele deixou bem claro que está com sono, colocou uma máscara daquelas pra tapar a luz e esticou as pernas. já o carinha que está na janela, deitou a cabeça contra a janela e dormiu o tempo todo. é, porque o carinha que está na poltrona da janela te fode é de manhã. durante a noite você fica puto com o sujeito que está na poltrona do corredor. de manhã, quando o avião está ao lado do sol, o fêla da puta que está na poltrona da janela, abre a janela. aí, entra uma luz tão forte que além de queimar a suas retinas, faz você acreditar, nem que por alguns segundos, que você está numa sala de tortura no afeganistão em que os terroristas jogam gasolina nos seus olhos. não sei porque, mas isso sempre acontece. o carinha que está na janela tem esse tesão louco de abrir a janela no momento em que o ser humano chega mais perto do sol. tenho uma teoria. é bem simples. acho que quando alguém é bem escroto na terra, deve realmente ir para o inferno. mas o inferno não é um lugar em chamas debaixo da terra. não. o inferno é a poltrona do meio de qualquer avião.

sexta-feira, agosto 19, 2005

a mãe jussara.

dia desses, a caminho do trabalho, vi preso no poste um cartaz de uma vidente--'mãe jussara'. fiquei intrigado. será que ela sabia que eu ia ler o cartaz? ou melhor, que eu ia escrever sobre ela? será que ela sabia que você estaria lendo isso neste exato instante? a 'mãe jussara' me deixou intrigado. caráio, a 'mãe jussara' sabe que me deixou intrigado? porra, queria mandar a 'mãe jussara a merda. a partir do momento que eu vi o cartaz da mãe jussara, não conseguia parar de pensar se a fêla da puta estava antecipando cada frase que eu escrevia. pensei em ligar para ela. tirar dúvidas. descobrir como estaria o tempo neste final de semana. se o flamengo finalmente ganharia uma partida. queria saber também o que ela achava dos filmes que estão em cartaz. algum deles vale a pena assistir? hein, mãe jussara! mas aí eu comecei a pensar com mais calma e decidi não ligar. sabe porque. o raciocínio é até simples. porra, se a mãe jussara é tão fodalhona assim. se ela realmente sabe tudo. o futuro e o escambau. porque ela ainda não acertou na mega sena acumulada. é, aquele cartaz lambido no poste entregou a mãe jussara. mostrou que ela é uma enganação. vou fazer uma denúncia. vai dar meia hora de bunda, mãe jussara. caráio, se você é tão boa, o que está fazendo aí, nesse cartaz meia boca, mãe jusssara? hein? só ligaria pra ela, se ela aparecesse estampada na primeira página do jornal como a vencedora do maior prêmio acumulado de todos os tempos. dezoito vezes seguidas. não fode, mãe jussara.

irmãos gêmeos.

- oi.
- oi.
- o que você tá fazendo?
- o que você tá fazendo?
- para de repetir o que eu falo!
- para de repetir o que eu falo!
- eu vou falar pra mamãe hein!?
- eu vou falar pra mamãe hein!?
- pára!
- pára!
- [silêncio.]
- [silêncio.]
- eu sou um babaca!
- eu sou um babaca!
- ah! te peguei, você falou que era babaca!
- ah! te peguei, você falou que era babaca!
- eu sou escroto!
- eu sou escroto!
- ah! te peguei de novo! se fudeu!
- ah! te peguei de novo! se fudeu!
- eu torço para o vasco!
--fim--

quinta-feira, agosto 18, 2005

água e sal. o biscoito sem gosto. o biscoito sem sal. o biscoito que desafia o bom senso. o biscoito mais sem graça de todos os tempos.

biscoito água e sal é uma das comidas-- uma das coisas mais curiosas que tem por aí. também conhecido como cream cracker. biscoito água e sal não tem gosto. é uma maçaroca feita de farinha e nada. que faz crunch-crunch quando você morde. mas não proporciona nenhum prazer. nenhum. dá uma freiada na fome, mas não deixa nenhuma memória de prazer. eu, por exemplo, nunca cheguei em casa e disse: "hmmmm! hoje eu comi um biscoito de água e sal ma-ra-vi-lho-so!" caráio-- mas o que eu acho curioso mesmo-- é que a porra do biscoito continua vendendo. em embalagens de todos os tamanhos e todas as marcas. não sai do mercado. é uma incógnita de grandes proporções. como é que um biscoito que não tem sabor vende? e o melhor, quem é que compra? biscoito água e sal-- até o nome é engraçado. não é nada apetitoso como: "recheados, deditos, wafer, bono, amandita..." é o tipo do biscoito que você só come em reunião de trabalho, avião e encontros na casa dos outros. ou seja, você só come quando não tem nenhuma opção. você só come quando ele for a única coisa que separe você da morte. um exemplo: você ficou perdido durante dois meses nas montanhas do tibet. numa dieta rígida de neve e unha. com a barriga colada nas costas. aí, um helicóptero te encontra. eles te dão um cobertor, soro e oferecem um pacote de biscoito água e sal. bem, aí você come. mas só em situações como essa. como ele continua vendendo é um enigma tão difícil de responder que se você começar a pensar nisso, fudeu, enlouquece. além disso, o fêla da puta suja. aposto one billion dollars que você não consegue comer um sem deixar cair uma migalha. biscoito água e sal é o terror dos carpetes e também daquela área do seu cérebro responsável por registrar a sensação de sabor. gostaria muito de encontrar o gênio que inventou esse biscoito. primeiro eu daria os parabéns. afinal ele conseguiu criar um biscoito sem gosto que vende. e depois eu mandaria ele tomar no meio do olho do cu. custava adicionar algum ingrediente que desse sabor a porra do biscoito?

quarta-feira, agosto 17, 2005

pasta de dente que fica dura quando você esquece ela aberta e acumula no topo do tubo e explode quando você aperta depois.

não me lembro a última vez que eu consegui desativar esse míssil. a pasta de dente que endurece no topo do tubo quando você esquce ela aberta, e explode depois quando você tenta acioná-la no dia seguinte. ela explode dentro da pia. explode na sua mão. explode no seu braço. explode em algum lugar. sempre cagando tudo que existe ao redor. não sei ao certo quanto tempo demora para a pasta de dente endurecer até chegar a esse ponto. mas é foda. sempre que o tubo explode na minha mão, prometo para mim mesmo que aquilo nunca mais vai acontecer. juro de pés juntos que minha prioridade na vida é fechar a pasta de dente depois de escovar a arcada dentária. mas a história se repete. é uma espécie de "sexta-feira 13" ou "a hora do pesadelo". o enredo, os personagens, o desenrolar da história é sempre o mesmo. se eu fosse um executivo de uma grande empresa dessas que fabrica pastas de dente, concentraria todos os meus recursos, todo o meu tempo, em busca de uma solução para isso. contraria os caras mais fucking fuckers do mundo, abriria um centro de pesquisas dedicado exclusivamente para achar uma resposta para esse teco de pasta de dente que endurece. essa gosma branca, densa e pegajosa que agarra nos pêlos do braço e não sai com água corrente. aconteceu lá em casa ontem mais uma vez. estava com sono.um olho fechado. o outro quase aberto. sem óculos. me apoiei na pia. apertei o tubo e nada de pasta. apertei mais uma vez, e nada. apertei forte. apertei bem forte, como quem aperta um controle remoto com a pilha fraca e "bum". acordei hoje com fragmentos de pasta seca na mão e encontrei uma bala perdida atravessada no espelho. o fêla da puta que acertar uma fórmula que não deixe a porra da pasta endurecer, vai ser eleito presidente do brasil. da comunidade européia. vai ganhar nome de ruas. vou homenagear o meu primeiro filho com o nome dele. pasta de dente sabor "framboesa smile", "menta feliz", "hortelã super super" é o caralho. vamos focar no que importa. antes que um naco de pasta desses acerte uma velhinha nos óio. antes que seja tarde.

terça-feira, agosto 16, 2005

a fátima bernardes.

- alô.
- filho? (som da vinheta de abertura do jornal nacional ao fundo.)
- oi mãe.
- tá tudo bem aí em ny, meu filho?
- hmmmmm...
- fala filho. aconteceu alguma coisa?
- calma... hmmmmmm... hmmmm!
- filho fala comigo. tá frio aí?
- shhhh... não fala nada mãe.
- o que foi filho, quer que eu abaixe o volume da tv?
- não mãe, não. pode até aumentar um tiquinho.
- mas...
- tá bom assim. tá bom assim. shhh! não fala nada. shhhhh...
- mas o que aconteceu? tá precisando conversar?
- [silêncio]
- pelamordedeus diz alguma coisa, filho...
- pronto mãe...
- pronto o quê? meu filho?
- já matei as saudades.
- como assim, já matou as saudades? a gente não falou nada.
- da fátima bernardes, mãe. da fátima bernardes.

[desliga]

algumas regras do trânsito.

regras do trânsito. não me considero um ás no volante. muito pelo contrário. sou bem mais ou menos. mas tem algumas coisas que me deixam puto na rua. a seguir algumas leis que podemo ou não deixar as estradas mais tranqüilas.

1- se você colocar a seta para qualquer um dos lados e não virar, você será condenado a levar uma quantidade de tapas proporcional ao número de vezes que a seta do seu carro ficou piscando. detalhe: o tapa é de mão aberta (de mão aberta faz mais barulho) na orelha em que a seta estava apontando.
2- farol alto só será tolerado quando o carro da frente estiver 10km/h abaixo do limite da velocidade ou vindo na contra-mão. se alguém jogar farol alto de graça, porque perdeu a hora e está atrasado, ou simplesmente porque sente tesão quando faz isso, terá sua carteira de motorista suspensa. e, se após receber a carteira de volta, repetir, esta pessoa receberá uma pena mais drástica. ela será amarrada numa cadeira com as pálpebras coladas na testa e no queixo com fita isolante para manter os olhos abertos. e em seguida, a vítima deverá apontar lanternas de longo alcance diretamente nos olhos do infrator.
3- quem parar o carro em fila dupla na frente de restaurantes, boates, casas e apartamentos de namoradas e namorados sem ligar o pisca alerta ou par mais de dois minutos será condenado a trabalhar como manobrista do restaurante mais movimentado da cidade no turno da noite. e no maior prédio comercial do centro da cidade no turno do dia.
4- quem estacionar o carro na frente de uma padaria e abrir o porta-malas do carro para "dividir com o mundo" músicas de grupos ilustres como bruno & marrone, harmonia do samba e araketu, será condenado a cantar essas mesmas músicas em karaokês por todo o brasil. e, se o bar não tiver um aparelho de karaokê, essa pessoa estará encarregada de fornecer o mesmo. sem direito a apelação.
5- buzina. só serão permitidos dois tipos de buzina. um toque longo. ou dois breves. e só quando fecharem você, atravessarem a rua fora da faixa de pedestre e é claro, quando um ônibus escolar com 46 crianças a bordo surgir na sua direção. quebrou a regra, fudeu. esse fêla da puta será amarrado no capô de uma ambulância ou carro de bombeiro para ter uma amostra grátis do que ser metralhado por buzinas constantes na porta dos tímpanos.




segunda-feira, agosto 15, 2005

a esquadrilha da fumaça.

a noite prometia ser tranqüila. depois de assistir um dvd e meio, fui para a cama. com a pança cheia, os dentes escovados e fio dentalizados. só tinha um problema, o mosquito. o maior mosquito de todos os tempos. um fêla da puta que nasceu equipado com caixas de som de 1000 megawatts dolby stéreo surround. ele é fêla da puta não só porque é um mosquito. mas porque ele não queria me morder. não, o babaca só queria me manter acordado. é. fiquei parado esperando ver se ele me mordia, dava uns goles do meu sangue e ia embora. mas não, acho que ele já tinha jantado. ele tava mesmo querendo só fazer barulho. passou a noite dando rasantes no meu ouvido. acho, tenho quase certeza, que ele faz parte da esquadrilha da fumaça. só podia ser. fiquei lá, congelado, sem saber o que fazer, depois de dar tapas no meu próprio ouvido. em vão, é claro. fiquei imaginando uma turma de mosquitos sentados na beirada da minha cama, assistindo aquele show. durou uma meia hora. é, porque um hora, eu cansei , acendi a luz e matei o fêla da puta. caguei a parede de sangue. foi um tapão só. e depois voltei a dormir. mas eu tenho certeza que semana que vem a esquadrilha está de volta. a história é sempre a mesma. semana que vem , a quadrilha da fumaça vai fazer uma homenagem ao mosquito morto na apresentação de sábado. "uma tragédia, bateu contra a parede no momento em que executava um looping perfeito!"

e esse tempo hein? calor né?

o principal assunto para a falta de assunto é o tempo. não o tempo do relógio, dos segundos. o tempo lá fora. sol, chuva, nuvens carregadas. esse tipo de tempo que eu tô falando. pode notar, você pega o elevador com uma pessoa que trabalha no mesmo lugar que você, mas vocês não têm assim muita intimidade. ou melhor, vocês não têm assunto em comum. qual é o primeiro assunto que sai da sua boca? o tempo. é sempre ele. "calor, né?" ou a clássica "será que vai chover? parece que vai!" não podemos esquecer de outra bastante usada, "e o fim de semana, será que vai fazer sol?" o mais interessante desse papo do tempo é que todas essas perguntas você ja sabe a resposta antes mesmo de fazer. é claro que você sabe que está quente pra cacete lá fora. não é a afirmação dessa pessoa que vai confirmar que tem gente fritando ovos nas calçadas. outra coisa: que caráio de autoridade você tem para dizer para uma pessoa se vai ou não fazer sol no fim de semana? eu não tenho acesso a base de dados do satellite hubble da nasa. o máximo que eu posso fazer é chegar mais cedo em casa para pegar a fabiana scaranzi apontando para um mapa no jornal nacional. e por aí vai. é por isso que a partir de agora vou começar a falar de outras coisas com pessoas que eu não conheço assim tão bem. vou fazer uma experiência. um teste. se for um cara eu vou perguntar algo como: "responda rápido... o que você está pensando agora!?" ou "o que você prefere: uma foto 3x4 da giselle nua ou uma de corpo inteiro da aracy de almeida?". se for uma mulher acho que vou comentar algo do tipo: "o que você levaria para uma ilha deserta: o carregador do celular ou a lixa de unha?" ou porque não, "numa boa, como é que você consegue se equilibrar sobre esse salto alto o dia inteiro? é promessa ou você recebe um bônus no final do ano por isso?" é apenas um teste. se eu sentir que o pessoal prefere falar do tempo, eu volto. falando nisso, "que calor, hein?"

sexta-feira, agosto 12, 2005

o picasso daltônico.

e se...

-eu nunca mais fizesse a barba?
-alguém fizesse uma lei forçando todo mundo a usar somente calças de moleton?
-o meu vizinho soubesse que quando a secretária eletrônica dele atende uma ligação, quem está no corredor escuta tudo?
-eu viesse para o trabalho de havaianas, camisa do flamengo e short de elástico?
-eu conseguisse lembrar o nome do moleque que um dia jogou areia no meu olho no parquinho quando eu tinha 3 anos de idade?
-aparecesse um cara chamado caesar cobrando royalties de todas as saladas que já comeram com seu nome?
-eu tivesse um papagaio que não fala uma palavra, mas escreve todas?
-dois mais dois fosse cinco?
-a gente trocasse o nome da raça pitbull para fluffy happy?
-cada tempo de um jogo de futebol ganhasse mais 2 minutos e 37 segundos?
-fosse a coisa mais normal do mundo fazer topless?
-gol de bicicleta fosse chamado "de cabeça pra baixo"?
-o maradona fosse paraguaio?
-fidel só vestisse preto e chupasse pirulito ao invés de fumar charutos?
-o bush fosse gago?
-picasso daltônico?
-pizza se chamasse broto de feijão?
-o ronald mcdonald fizesse merchandise de tinta de cabelos?
-marte fosse na verdade uma bola que um bando aliens gigantes isolaram durante uma pelada?
-os estados unidos se chamassem "castelo rá tim bum"?
-o papa tivesse mentido no currículum?
-o luis fernando veríssimo ligasse pra você pra ler tudo o que ele pública antes de mandar para as redações dos jornais?
-você tivesse um apelido como "rôla"?
-todas as reuniões tivessem um grande relógio sobre a mesa em contagem regressiva de 15 minutos?
-você fosse escolhido para substituir o pierce brosnan no papel de james bond?
-aquele chapéu em formato de cone de festas de crianças passasse a ser uniforme oficial das forças armadas?
-sushi viesse enrolado em feijão?
-as mulheres fosse sozinhas ao banheiro nos restuarantes?
-homens soubessem o que é cutícula?
-cachorros se recusassem a buscar gravetos?
-ratos só comessem queijo camembert?
-você conseguisse pronunciar alemão perfeitamente? mas sem saber o que está dizendo?
-chiclete explodisse quando mastigado ao rítmo de "livin la vida loca"?
-o u2 se chamasse "hudson & udson"?
-o ano fosse dividido em seis meses de sessenta dias?
-você soubesse que sua mãe pensa sempre em você quando vê o william bonner?
-amanhã o alarme tocasse 9 da manhã ao som de "turma do balão mágico"?
-decretassem feriado nacional na segunda porque leram isso aqui.

quinta-feira, agosto 11, 2005

amigos por 48 segundos ou menos.

aqui no prédio que eu trabalho os elevadores são fucking fuckers. de última geração. todos têm sensores zambers e andam a 80 km/h. mas, de um tempinho para cá, eles ganharam um novo feature. colocaram monitores de notícias no teto. as últimas notícias. tipo plantão da globo. notícias fresquinhas. numa descida do 17º andar até o térreo, por exemplo, são umas 3, 4 notícias. e se algum fêla da puta ficar segurando a porta do elevador para fazer charme para aquela menina do financeiro que ele jura que dá mole pra ele, aí você consegue ler umas 5. e é aí que está o assunto deste textinho.é, essas mini-notícias estão gerando um negócio curioso aqui no prédio. são as mini-amizades, amizades que duram entre 30 e 48 segundos. nunca mais do que isso. como é que isso acontece? bem, numa bela segunda-feira chuvosa, você entra correndo no elevador, e enquanto cata as remelas dos cantos dos olhos, dá uma espiadela no monitor de notícias. "britney spears diz que o sexo melhorou depois que ficou grávida!" ao ler a tal notícia, uma mulher que você nunca viu antes na sua vida se vira para você e diz: "nossa, essa britney diz qualquer coisa, né?!" e eu, respondo, educadamente: "é. diz." o andar dela chega, a porta se abre, e a nossa amizade se acaba por ali. cada notícia, uma nova amizade. pessoas que nunca se falariam em qualquer outro lugar, viram grandes amigos. por uns 48 segundos ou menos. quer ver outro exemplo, "deputada heloísa helena ameaça quebrar os dentes de marcos valério na cpi." essa notícia eu li voltando do almoço. eram seis pessoas no elevador. cada um ia para um andar diferente. mas, por poucos segundos era como se fosse melhores amigos. após ler a notícia que falava da deputada heloísa helena, todos se viraram para o centro e falaram: "noooossa! essa mulher é foda!". eu balancei a cabeça como se concordasse e disse: "vocês não viram nada! e a vagabunda da britney spears que disse que depois que ficou grávida, o sexo ficou muito melhor! hein! hein!" e plim, meu andar chegou.

quarta-feira, agosto 10, 2005

o espirro no buffet.

peguei uma tiazinha aqui na praça de alimentação aqui do prédio espirrando em cima dos tomates. caráio, vi essa cena quase que em câmera lenta. ou melhor, foi quase que naquele estilo "matrix". sabe? quando a câmera faz um giro de 360 graus revelando cada detalhe? então. lá estava eu, na fila, com o meu prato cheio de rúcula. alface. uns ovos de codorna (já notou uma coisa sobre ovos de codorna? você só come isso em kilão ou buffet, nunca em casa. dá um trabalho infernal na hora de descascar eles.) queijos em cubinhos e só faltava o tomate. não coloquei tomates é claro. naquele dia, não comi tomate. e você sabe, salada sem tomate é como santos sem robinho, como teclado de computador sem a barra de espaço, como o controle remoto em que o botão do volume não funciona, como giselle bündchen sem a trema na letra 'u'. bem, você entendeu. a salada não funciona. fica uma bosta. o que me deixou puto. naquele momento, eu olhei para os lados e vi que ninguém tinha testemunhado o crime. um crime com uma única testemunha, eu. pensei em gritar: "agarra essa mulher que espirrou nos tomates! essa vagabunda vai escapar!!" mas sei lá, achei que poderia causar histeria, afinal quantas pessoas comiam tomates naquele momento. fiquei na minha. mas voltei pra mesa com a sensação estranha de que alguém já tinha espirrado antes na minha salada e eu nunca tinha tido a chance de ver. fiquei lá driblando a salada, mas não conseguia de jeito nenhum levar o garfo até a boca. pedi para a garçonete trocar o prato. ela não entendeu picas. mas zuzo bem. fui pegar meu prato quente. soquei o prato com carne. e foi aí, que eu vi que poderia me vingar da tiazinha. a mesma que espirrou nos meus tomates. é, vi ela comendo numa mesa junto ao lugar dos pratos quentes. tracei um caminho alternativo até a minha mesa, passando por ela antes, é claro. só que, assim como ela espirrou nos meus tomates, eu tinha que fazer alguma coisa. passei bem perto. quase esbarrando nela. e, milésimos de segundos antes de passar pela mesa, enfiei os dedos no nariz e arranquei um cabelinho. com isso, iniciei uma reação em cadeia que resultou num espirro monumental. mirei com mira laser em cima do prato da tiazinha. pedi desculpas e segui em frente. sem olhar para trás. no kilão aqui da firma é assim: é olho por olho. vai espirrar nos tomates da puta que te pariu.

terça-feira, agosto 09, 2005

o torto e o álibi perfeito.

quando eu era moleque usava aparelho. aquele aparelho fixo de metal pesado. titânio. ferro. os dois juntos. andava com a cabeça baixa de tanto peso. foram cinco anos de aperta aqui, aperta alí. cinco anos de aparelho. "não se preocupa erick, sua arcada dentária vai ficar certinha." e eu sempre respondia com aquele sorriso. meio amarelo. meio prateado. aparelho é foda. dói pra cacete. dói para dormir. dói pra comer. dói para rir. dói. mas o tempo passou. e hoje, enquanto escovava os dentes. os dentes de baixo. a escova derrapou e saiu dos trilhos. é. um dos dentes debaixo desalinhou. com o tempo foi saindo do lugar. saiu tanto do lugar que a escova de dente agora tem que parar e escovar bem devagar para não pular pra fora da boca. tá torto. tortíssimo. "puta que pariu!" pensei de frente pro espelho com a boca espumando. de raiva. não de pasta de dente. vai tomar no cu. foram cinco anos de aparelho fixo torturando a minha boca! e agora entortou tudo de novo!? passei o dedo sobre os dentes mais uma vez só pra ter certeza. é. tá torto. tô puto. só me resta uma opção. é. vou caçar o cara nas páginas amarelas. quinze anos depois. vou marcar uma hora com o mesmo ortodontista. e, na hora que ele se virar pra pegar alguma ferramenta, vou sentar os dentes no braço dele. tirar um naco do braço do fêla da puta. com força. assim, além de infeccionar bastante, vou deixar marcas profundas. o que, se você pensar, é o crime perfeito. com o álibi perfeito. afinal, ele nunca poderá dizer pra polícia que eu já fui paciente dele. nunca vai poder me entregar. o cara não é maluco. se ele fizesse isso, perderia toda clientela. a minha arcada dentária com um dente torto, marcada no braço dele, seria a pior propaganda que ele poderia ter. tá fudido.

traillers do cotidiano. uma idéia.

uma das melhores coisas de ir ao cinema é assistir aos traillers que passam antes do filme. os traillers te dão a chance de saber se vale a pena ou não se programar pra ir assistir aquele filme. o que nos leva ao assunto desse textinho. e se a gente pudesse assistir traillers do nosso cotidiano? pensa só. você liga a tv da sua casa num canal x e lá, antes de sair para o trabalho ou para um jantar com alguém, você pode assistir um trailler daquela reunião ou do jantar em questão. o trailler da reunião: "hoje, três horas da tarde, toda a ação, drama e emoção que você só encontra numa reunião! estrelando você! co-estrelando, o cliente! não perca! uma reunião que parece não ter fim! será que você vai conseguir escapar antes da meia-noite? ou será que você ficará até o fim!?" pronto, depois de assistir o trailler da reunião que ainda vai acontecer no trabalho, pelo menos eu já sei o que esperar. não entra achando que vai ser moleza. agora imagina um trailler para o primeiro encontro com uma pessoa que você nunca viu antes, mas que amigos em comum juram que vocês foram feitos um para o outro: "ele não conhecia ela! ela não conhecia ele! todos torciam por um final feliz! o que será que vai acontecer? ela, misteriosa e capaz de tudo para impressionar a sua vítima! ele, um conquistador para algumas, um cafajeste para outras! você não vai querer perder um segundo desse romance! indicado pelos amigos! hoje, dez da noite, num restaurante perto da sua casa!" mais um trailler que não estragou o final do jantar. mas pelo menos adiantou algumas coisas. a pessoa já sai de casa com alguma coisa na cabeça. a mulher sabe por exemplo que o cara é um cafajeste para algumas, mas também um galã para outras.em outras palavras, 50% de chance de dar certo. e ele, bem, ele sabe que ela vai querer impressionar ele a todo custo. o trailler resultou um jantar menos tenso. acho que ia ser do caráio. traillers do nosso cotidiano. agora por exemplo vou na cozinha aqui da agência. pegar um café. essa é a hora do rush quando o pessoal se estapeia por um lugar frente a cafeteira. gostaria de ver o trailler antes: "um homem! um café! entre eles, dezenas de pessoas desesperadas para colocar as mãos nesse líquido raro! um café! um homem! será que ele vai chegar a tempo?" então, será que eu vou chegar a tempo? sei lá? mas pelo menos o tal trailler já deixou esse momento muito mais emocionante. "não perca!!!"

segunda-feira, agosto 08, 2005

o tomate-cereja. uma bomba fantasiada de verdura.

não confio em tomate cereja. tenho medo. acho uma coisa muito traiçoeira. tomate-cereja para quem não sabe, é aquele mini tomate. aquele que geralmente anda de mãos dadas com mini bolinhas de queijo muzzarela de búfala. sabe? então, tenho medo dele por um motivo muito simples: tomate cereja explode na boca. você tá lá mastigando uma combinação perfeita de alface, rúcula, cenoura ralada, pedacinho de queijo, e quando menos espera, "buuuuum!", o tomate cereja explode. é mini sementinha e gosminha para todos os cantos da boca. é uma explosão quase-gelada. é assustador. antigamente eu não tinha problema em comer os tomates cereja fatiados, o problema surgiu no dia que eu soquei pra dentro da boca, ele inteiro. a bolinha de tomate rolou na direção daqueles dentões do fundo da boca e eu acionei a mandíbula. mordi. a sensação foi tão ruim que eu larguei o garfo e faca sobre o prato, tirei o copo de coca da mão de quem estava na minha frente e bebi tudo em três goles dos grandes. daqueles que fazem barulhinho de "glubt, glubt, glubt..." a sensação foi de pavor. como se aquela explosão matasse toda e qualquer vontade comer. voltei pra casa em estado de choque. não falava coisa com coisa no carro. estava pálido. e apenas resmungava: "a explosão... a explosão... o tomate.... o horror..." desde então nunca mais coloquei um tomate cereja no meu prato. evito buffets e restaurantes a kilo que colocam bandeijas repletas de tomates cereja. sou contra verduras que explodem na boca. fico imaginando o que plantam pra nascer esse negócio. será que adubam com pólvora? será que o garçom fica espiando da cozinha você comer. e no momento que você coloca na boca, ele aciona o detonador? pode ser uma combinação dos dois. não dúvido. por isso, se você passar na frente de um restaurante e ver uns quatro carros do esquadrão anti-bombas atravessados na rua. com fita de isolamento, policiais desviando o trânsito e o caráio. não se assuste. eles provavelmente estarão lá dentro do restaurante. com equipamentos de última geração e com a ajuda de agentes especiais do f.b.i via video-conferência. todos juntos, com um só objetivo-- desarmar um tomate cereja na boca de alguém.

sexta-feira, agosto 05, 2005

o fio de cabelo traidor fêla da puta.

homem tem cabelo no nariz. mulher também tem. mas homem tem 1.876 vezes mais cabelo no nariz que mulher, é um fato. cresce mais rápido, com mais intensidade e quando você menos espera, pimba, o fêla da puta começa a cutucar a borda do seu nariz como quem diz:"eu posso ser uma melequinha ou não... mas eu se fosse você iria até o banheiro para ter certeza!" e você acredita. larga tudo que está fazendo e vai até o banheiro para descobrir que o seu nariz está limpo. mas tem um cabelinho pequeno, quase invisível, que escapou 0.006 mm do seu nariz. mas o suficiente para fazer você sentir que "algo" está lá a mostra para o mundo inteiro ver e fotografar com celulares devidamente equipados com câmeras de 2 megapixels. eu tenho o costume de dar uma aparada geral. comprei uma maquininha especializada em cortar os cabelinhos que escapam as narinas. negócio profissional, panasonic made in japan. o problema é que tem um fio. um só. que vive escapando da maquininha, fugindo dela. e quando eu menos espero, geralmente em algum lugar como uma reunião ou um jantar com casal de amigos, esse fio-- cutuca a borda da narina. é incrível. o fêla da puta faz só de putaria. ele espera eu sentar numa sala de reuniões e começar a apresentar algum trabalho pra surgir das cinzas. resultado: eu inconscientemente começo a tentar racionalizar na minha cabeça se é realmente um fio de cabelo ou se a caráia do nariz está sujo. chega a ser engraçado. você deve estar se perguntando: porque o cara não liga o foda-se já que ele sabe que é um fio de cabelo e não uma meleca traiçoeira? bem, esse fio de cabelo do meu nariz sabe fazer o papel de uma meleca direitinho. é como se ele tivesse nascido para isso. ele foi criado para fazer isso. ele vem de uma família de fios de cabelos que tem a tradição de fazer tão bem esse papel (o de falsa meleca). está nos genes dele. ele é reconhecido internacionalmente pela destreza que executa seu trabalho. por isso ele me deixa puto. amanhã esta história vai se repetir. provavelmente num restaurante quando eu estiver no meio de um diálogo com a minha mulher. eu vou ter que levantar de repente. interromper o assunto e cutucar o fêla. esse traidor que volta e meia dá uma leve escorregadinha para fora, só para me sacanear. mas eu tenho que dar o braço a torcer. ele é bom no que faz. é o fio de cabelo de nariz mais sacana da história. pena, pena mesmo, que foi cair justamente no meu nariz.

o sofá no lugar da cama. a cama no lugar do sofá.

depois de dormir pela terceira noite seguida no sofá eu tive uma idéia. caráio: e se eu colocar a cama na sala e o sofá no quarto. porque ninguém não pensou nisso antes? cacete, se você vive dormindo no sofá, sinal de que ele é mais confortável que a cama. e se você tem que ficar se virando na cama, ligar ar condicionado, apagar a luz, ficar em silêncio total para pegar no sono na cama do seu quarto, então ela está no lugar errado. a cama tem que estar na sala, pra você não dormir no meio do filme. pensa só, se você dorme que nem uma pedra com a televisão ligada, pessoas falando ao seu redor, então o sofá possui algum poder, algum ingrediente que a cama não tem. eu acho que as pessoas vão estranhar no início quando entrarem aqui em casa e encontrarem uma cama de casal no meio da sala. mas tudo bem. não vou ter vergonha não. acho que o pessoal vai se empolgar. depois que eu explicar essa teoria, tenho certeza absoluta que um monte de gente vai tentar. argumento é o que não falta. o sofá cama com certeza nasceu assim. o inventor deve ter acordado uma caráiada de vezes no sofá de madrugada e resolveu fazer do sofá, uma cama. um sofá que virava cama. mas não é a mesma coisa. talvez seja psicológico. você saber que embaixo daquele sofá tem uma cama, não tem o mesmo efeito. o corpo se sente enganado. é, o corpo humano já decidiu, sofá é mais gostoso que cama. por isso eu vou trocar. vou chegar mais cedo em casa hoje e vou ter uma conversa séria com a minha mulher sobre isso. ela vai entender. pensando bem, vou esperar para dar essa idéia lá pelas duas e quarenta e seis da manhã de sábado. quando a gente acordar com os olhos costurados e a televisão chuviscando--no sofá da sala. aquele instante em que você tem que chamar os poderes de greyskull para conseguir forças para se mover até a cama. é definitivamente a melhor hora para dar essa idéia. aí meu amigo, não tem pra ninguém. sábado, é cama na sala e sofá no quarto.

quinta-feira, agosto 04, 2005

quando a espuminha da coca-cola sobe mas não volta.

existe um momento na vida de todo mundo que a espuminha da coca-cola sobe. e não volta. não desce para dentro do copo. sobe, sobe, sobe sem olhar para trás e se espalha pela mesa. ontem mesmo aconteceu lá em casa. peguei um copão de vidro desses que você tem que abraçar com as duas mãos para não cair e entupi ele de gelo. logo em seguida, pesquei uma garrafinha de coca light do fundo do armário da cozinha e entornei no copo. e é aí que está o problema. é aí que entra a habilidade. esse é o momento que separa os amadores dos profissionais. é, porque quando a coca encontra as pedras de gelo, uma reação química acontece e a coca entra em erupção e sobe. como um vulcão mesmo. a coca lança uma espuma para fora do copo numa velocidade quase incontrolável. você tem que saber o momento certo de recuar, para ela voltar. se você demorar um centésimo de segundo, o vulcão explode. é coca pra todo lado. você sempre acha que já dominou a técnica. o problema é que a temperatura da coca-cola influi diretamente na reação com o gelo. impossibilitando prever o que vai acontecer. se estiver frio demais, a coca demora pra subir. se estiver quente, ela sobe mais rápido. outra coisa que influi é a velocidade que você entorna o líquido dentro do copo. e não é só isso: a circunfêrencia do copo, o material, e principalmente, as condições ambientes como o vento e a humidade do ar são fatores determinantes na formação da espuma. cansei de levar cascudo quando moleque por ter cagado a toalha de linho da mesa. já vi vários moleques levarem pequenos pescotapas em restaurantes mundo a fora. é, isso acontece em todas as culturas. acho que deveriam ensinar nas escolas. ou melhor, acho que todo pai deveria sentar com o filho e conversar sobre isso. ensinar. explicar porque e como acontece. os lanches de sábado a tarde seriam mais felizes, com menos brigas, esporro, e dedada na sáca. pode notar, quando você for a um restaurante. preste bastante atenção quando o garçom começar a colocar a coca no copo. as pessoas prendem a respiração. é emocionante. deveria sempre tocar aquela música do filme "carruagens de fogo" nas caixinhas de som do restaurante. é um momento mágico. treine. veja a temperatura. mate a sua sede e boa sorte. porque você sabe, as vezes a espuminha da coca sobe. mas não volta.

quarta-feira, agosto 03, 2005

a lei da maionese.

se alguma comida precisa passar maionese pra você comer, não é boa o suficiente. pense nisso. sempre que a comida é mais ou menos, maionese nela. você abre a geladeira pra fazer um sanduíche, coloca uma fatia de queijo e quando vai colocar uma fatia de peito de perum descobre que o peito de peru acabou. o que você faz? soca maionese no paão. quitutes de festa quase-chique. o que é que o pessoal faz? preenche aqueles mini-bolinhos com uma colher de sopa de maionese. é uma lei. maionese tem um puta gosto forte. leva uma caráiada de ovos, três litros de azeite concentrado e uma dúzia de limões. porra, se você colocar maiones num sapato de couro véio, dá pra mastigar ele. acho que maionese deveria ser o principal item de viagem de qualquer mané que for acampar. fósforo, água, canivete porra nenhuma. eu se fosse acampar, ia levar dois potões de maionese. daqueles de cinco kilos que quando você deixa cair no chão da cozinha são duas semanas para limpar e tirar o cheiro. porque eu levaria maionese? bem, na floresta ou no mato, eu não precisaria ir muito longe para conseguir comida. pegaram uma rã? maionese nela. cobra? lagarto? maionese. folhas suspeita de plantas ainda mais suspeitas? maionese. o cara que inventou a maionese, o grande e inigualável sr. hellman, provavelmente era uma puta moleque chato de comer. inventou a pasta branca de ovos e azeite e passou a comer de tudo. por issso meu amigo, se você chegar num restaurante ou na casa de alguém e lhe oferecerem um prato em que a maionese é estrela principal... lembre dessa lei. a lei da maionese.

terça-feira, agosto 02, 2005

a conspiração e a maior pegadinha de todos os tempos.

quantas vezes você já escutou ou até mesmo comentou com alguém que a semana passou rápido? ou até mesmo, que o mês passou voando? mas e que o ano passou num piscar de olhos? sem putaria. caráio, tô começando a estranhar esse negócio de já estar em agosto. não sei, não é falta de assunto. é fato dos mais importantes. não tenho memórias de 2005 ao ponto de achar completamente normal já estar em agosto. me lembro do natal de 2004. me lembro do meu aniversário em janeiro. me lembro de mais uns 7 fins de semana. e só. acho que podemos estar fazendo parte da maior pegadinha da história do mundo. pense comigo. tente rebobinar o ano de 2005 na sua cabeça. vai, eu espero. viu! se fosse para colocar num papel, abrir uma planilha de excel e calcular ao certo, com exatidão que caráio de mês a gente deveria estar, acho que daria alguma coisa como março. meados de março no máximo. mas já é agosto. o que nos leva de volta a teoria da pegadinha. a conspiração. e se o joão kleber estivesse por trás disso? porque não? seria a pegadinha pra entrar pra história. aquela bosta de programa dele já não tem mais audiência. uma pegadinha dessas magnitude pode mudar o curso da televisão brasileira. acho que estou certo. e que a verdade será revelada no ano novo. a data perfeita. em copacabana. milhares de pessoas reunidas na praia e em todo o brasil. todos vestidos de branco com uma taça de champa na mão e com aquela expressão de quem está pensando "sete pulinhos no mar... o que será que eu devo desejar para 2006?" aí, quando estiver faltando dez segundos para a queima de fogos, a verdade será revelada. o fêla da puta do joão kleber aparecerá nos telões das praias de todo o brasil, ao vivo de copacabana. "parô...parô...parô... seus bando de mané, foi tudo uma pegadinha! vocês tão no programa do joão kleber e ainda é julho de 2005! tô falando. a maior pegadinha já feita. pra deixar aquele tiozinho do candid câmera chupando dedo. fique esperto.