sexta-feira, julho 29, 2005

o botão da sua calça jeans e aquela foto sua que você não sabia que estavam tirando.

o botão da sua calça jeans é provavelmente o que existe de mais sincero no mundo. provavelmente, não. com certeza. botão da calça jeans não fica com peso na consciência de dizer que você está acima do peso. acima do peso, não. gordo. quando você não está mais cabendo naquela boa e velha calça jeans, o botão grita e você finge que não ouve. você pergnta para a sua mulher ou marido: "e aí? tá legal?" e ela ou ele responde na cara dura: "tá legal! tá legal!" e lá vai você com uma calça bem apertada. para rua. mas o botão não desiste. ele tem uma opinião formada sobre o seu peso. o tamanho da sua barriga. e ele fica esperando o momento certo para dizer bem claro pra você a situação. mas ele diz de um jeito que você não tem como ignorar. é o momento da verdade. esse instante em que o botão fala com todas as palavras que a calça não cabe mais em você, é quando você se senta. pode ser num restaurante, no cinema, ou mesmo no trabalho. basta você se sentar, para o botão aplicar pressão na sua barriga protuberante como quem diz:"te falei! você não quis escutar, se fôdeu!" e aí, meu amigo, é hora de pular um número. comprar uma calça maior. porque o botão da sua calça vai falar tudo de novo no dia seguinte. agora, se você não confia na opinião do botão, basta olhar para uma foto sua. mas não é qualquer foto. tem que ser uma foto que você não sabia que estavam tirando. sabe essas? as vezes você está numa festa, e tiram uma foto de você relaxado, de perfil. as vezes é um jantar de família que você está em segundo plano. ou pior, uma foto que você estava dormindo, na espreguiçadeira da piscina num fim de tarde. essas fotos também são bem sinceras. afinal, você não sabia que tinha alguém apontando um zoom para a sua barriga. você não tem tempo de encolher. ou de ficar com os braços cruzados na frente. porque você sabe, todo mundo sabe-- que quando alguém vai tirar uma foto sua, você encolhe a barriga. e faz aquela pose que só você sabe-- mas que esconde algumas imperfeições. em outras palavras: se você estiver procurando uma opinião sincera sobre o seu estado físico, pergunte ou para o botão da sua calça jeans ou para uma foto sacanas dessas que algum fêla da puta tirou.

quinta-feira, julho 28, 2005

algumas regras de horário que a gente sabe que existem mas que não estão escritas em nenhum lugar. mas que serão devidamente registradas aqui.

existem alguns horários que devem ser seguidos. são quase leis. não estão escritas na constituição, mas o pessoal geralmente segue direitinho. beber cerveja, por exemplo. beber uma tulipa estupidamente gelada de cerveja, só depois de meio-dia. abraçar uma tulipa com a boca onze e cinqüenta e nove da manhã pode pegar mal. "putz... você viu o erick, bebendo antes do meio-dia... deve tá com algum problema." mas, se você conseguiu esperar até meio-dia, beleza. você é normal. ligar para a casa dos outros de manhã, só depois das dez. de noite, só antes das dez. chegar no trabalho, antes das dez da manhã. sair... depois das oito da noite. dar "bom dia!" para as pessoas. bem, desejar "bom dia!", só vale até onze e vinte e seis da manhã. depois dessa hora, é estranho. marcar pra encontrar num restaurante pra jantar: depois das nove ou antes das onze. comer coisas como capa de costela de boi frita na própria banha: depois das 3 da tarde, nunca depois das dez da noite. confie em mim, depois de comer carne de qualquer animal banhada no colesterol, seu aparelho digestivo vai funcionar como a usina nuclear de angra 2. outra coisa é o alarme. nunca coloque o bicho para tocar antes das seis e trinta da manhã. é um desperdício. estudos comprovam que apenas .02% dos seres humanos conseguem levantar antes das sete da manhã. o corpo não responde. se você for teimoso e colocar o alarme pra tocar antes das sete, aposto um pirulito que você vai acordar atrasado depois. e com uma colher de sopa de remela em cada olho. tô aqui cagando regra. mas não custa nada dividir lições que eu aprendi. já liguei, por exemplo para a casa de um amigo para tirar uma dúvida-- quase onze da noite, e acordei o bebê, a filha mais velha, a mulher, ele, e a babá. dois segundos de telefone tocando acabaram com quase três horas de esforço dele convencendo um bebê que não era normal ficar eternamente acordado. e eu estraguei tudo. caguei. deveria ter seguido os horários. as regras. agora, de todas as regras de horários, existe uma que é definitivamente mais importante. é. o horário do dentista. anote essa em algum lugar que você não vai perder. (no verso da sua certidão de nascimento por exemplo) nunca marque uma consulta no dentista entre onze da manhã e uma da tarde. nunca. mas nem se o dentista mandar flores ou uma serenata tocar na porta da sua casa. você não quer almoçar o seu lábio inferior anestesiado-- como se fosse o prato do dia.

quarta-feira, julho 27, 2005

richard clayderman e o cativeiro.

alguma música já sequestrou a sua cabeça? e o pior, sequestrou sem enviar carta pedindo resgate em troca da liberdade de dois terços do seu cérebro? é uma situação delicada. se uma música toma conta da sua cabeça, não tem muito o que fazer. basta esperar e esperar e esperar. uma hora ela se cansa e te liberta. é, porque quanto mais você pensa em alternativas, mais tempo ela fica lá. é um inferno. um inferno não. é pior. é tão ruim quanto uma lasca de frango preso entre os dentes. quando uma música brega, ou de outra época, ou de uma novela... toma conta da sua cabeça, fudeu. você pode fazer uma lobotomia, e nada. você pode também ser bem amador e comprar um cd novo achando que ele vai apagar aquela música da sua cabeça. mas vai ver que não adianta nada, o máximo que você pode fazer com isso, é levar mais gente para o cativeiro. levar mais uma música para a sua cabeça. estou falando de músicas como "pensa em mim... chora por mim... não liga pra ele... pra ele." ou "fácil extremamente fácil, pra você e êêêêu ficar juntos." ou ainda a clássica "ilari..ilari... ilariê... ôôô... é a turma da xuxa que vai dando o seu amor..." um dos grande culpados é o rádio-alarme. seis e meia da manhã, com os olhos carregados de remela, qualquer bosta que tocar no rádio tem um efeito assustador numa cabeça que até segundos antes estava sonhando com fontes de sundae de caramelo e semanas com três sábados, dois domingos e uma sexta feira. outro grande culpado é o taxista. entrou no taxi, pegou alguns segundos do que ele estiver escutando. pronto, a sua cabeça está sequestrada por uns.... três dias. não existe solução. mas existem alguns cuidados que você pode tomar. primeiro, nunca, nem sob ameaça de ser condenado a virar degustador de azeitonas, assista programas como "disk mtv". são umas 20 músicas sequestradoras em potencial. outro cuidado importante, se o elevador do prédio que você trabalha tocar musiquinha, pegue as escadas. elevador empresarial adora coisas como richard clayderman. e finalmente, evite a todo custo, mas evite mesmo, entrar numa loja de discos movimentada.é, periga você estar lá procurando o seu cd-- e quando você menos esperar, surgir do seu lado um mané com aqueles fones da loja programados pra tocar os últimos lançamentos. esse mané vai fechar os olhinhos, colocar as mãos nos fones cantar a música da loja como se estivesse numa ilha deserta. aí, você, é claro, vai sair de lá, com a sua cabecinha sequestrada. o pior tipo de todos os sequestros. além de ser uma música brega da trilha da novela, a versão que sequestrou a sua cabeça, é interpretada por um carinha que borboletava os olhos enquanto cantava na loja. boa sorte.

terça-feira, julho 26, 2005

a melequinha do quiabo e os tufos de rúcula.

não me lembro da minha mãe ter me forçado a comer rúcula quando era moleque. o que é muito estranho. afinal, me lembro muitíssimo bem dela socando quiabo no meu prato. aquela melequinha do quiabo que faz uma ponte entre o garfo e a sua boca. me lembro dela também colocando porções iguais de bife, batata-frita, alface, tomate e jiló. mas caráio, nada de traumas com a rúcula. não sei, tenho a impressão que inventaram a rúcula uns 8-10 anos atrás. o que nos leva ao assunto desse textinho: como fazer crianças gostarem de verduras e legumes? eu não sou pai ainda, mas assim que nascer um moleque eu já sei a tática que eu vou colocar em prática. vou fazer o inverso que os meus pais fizeram. é, a primeira coisa que meu filho vai comer vai ser um sundae de chocolate do mcdonald's com calda extra. vai comer muita batata-frita e pizza quatro queijos. pipoca ensopada de manteiga e coca cola em copos maiores que ele. e, enquanto ele come essas porcarias, vou ficar mastigando rúcula, alface e tomate do outro lado da mesa emitindo sons de extremo prazer. e, quando o moleque tentar colocar a mão no meu alface, tapa na mão dele. ele pode chorar, esperniar, escrever uma carta para o papai noel pedindo um pé de alface de presente. não vai comer. não vai chegar perto. vou deixar isso rolar por uns 5 anos. não me entenda errado, vou ser um pai bacana. mas aí se eu pegar o moleque agarrado num tomate. castigo de um mês e vendo a bicicleta, o videogame e tiro da aula de futebol. aí, quando o moleque bater cinco anos de idade, eu libero. o trauma, aqueles anos de desejo reprimido, vai fazer com que o moleque vire o maior consumidor de alface da terra. agricultores vão me ligar pra agradecer. dependendo do apetite do moleque, o preço do alface vai subir nos supermercados. depois eu vou lançar um livro com esse programa. vou abrir clínicas. uma geração inteira com alface e rúcula presa entre os dentes e com a melequinha do quiabo nos cantos da boca. o moleque vai crescer meio puto comigo, mas beleza, quando eu encontrar ele comendo tufos de rúcula como se fosse batata-frita-- vai me agradecer.

segunda-feira, julho 25, 2005

as três substituições. uma idéia.

futebol como você sabe, permite três substituições durante um jogo. o jogador se machucou? substitui e coloca um reserva. cansou? a mesma coisa. tá precisando segurar o placar? tira um atacante e pimba, coloca um zagueiro. tava assistindo um jogo dia desses e cheguei a conclusão que todas as pessoas deveriam ter o direito a três substituições durante o dia. esse direito não pode ser só do futebol. você também pode substituir quem você quiser, quando quiser e em qualquer lugar. sempre que precisar. pode ser na escola, no trabalho ou atém em casa. mas só são três como no futebol. senão perde a graça. substitua o marido preguiçoso, a namorada fresca, o porteiro que bufa no elevador. substitua quem você quiser. o objetivo é acabar o dia com a sensação de vitória. não sei ao certo que bosta aconteceria. mas seria no mínimo divertido. imagina só: você pegou um taxi, e o taxista além de ranzinza, não conhece as ruas da cidade, substituição nele. sai taxista fêla da puta. entra taxista legal. vamos imaginar um outro cenário: você está no cinema, se concentrando para ler as legendas do filme alemão que só passa naquela sala, uma vez por semana. e, logo atrás de você, está um cara conversando. ele não pára de falar e conversa em voz alta e ignora os apelos de silêncio. o que você faz? simples, usa mais uma substituição. sai 'cara que não pára de falar', entra 'cara que respeita o tempo dos outros e espera o filme acabar para falar'. pronto. você já gastou duas substituições. a terceira substituição é a mais importante. ela é vital. muitas vezes, no próprio futebol, um técnico se empolga e faz a terceira substituição antes da hora e se fode. mas se fode bonito. um jogador se machuca depois e ele não pode colocar ninguém no lugar. por isso, pense bem antes de usar a sua terceira substituição. guarde ela para mais tarde, quase no fim do dia. algum fato novo pode surgir. ela pode ser importante. o quê eu faria com a minha terceira substituição? bom, com a primeira eu substitui o taxista ranzinza. com a segunda, o babaca que não parava de falar no cinema. com a terceira, bem, eu usaria a minha terceira substituição pra trocar o técnico do flamengo. vai ser burro assim na casa do caráio.

sexta-feira, julho 22, 2005

os enigmas do frescobol.

nunca entendi ao certo o que é o frescobol. como é que se vence uma partida. sei que já tentaram fazer um campeonato nacional, mas só teve uma edição. ou duas, no máximo. não poderia ser diferente. frescobol é muito quisito. é aquele negócio de ficar espancando a bola pra lá e pra cá. não sei. juro que quando eu era moleque, achava que quanto mais barulho a bolinha fazia, mais pontos você marcava. confesso que é um raciocínio bem mais ou menos para um moleque de 7 anos, mas não tinha outra explicação. aquele bando de marmanjo 'cacetando' a bola por horas a fio. e tudo isso, é claro, com suas respectivas mulheres sentadas na areia esperando. não tem linha na areia demarcando a quadra. não existe saque, tempo pré-determinado. caráio, é muito nonsense. puta negócio sem razão. e não é como se fosse um esporte em que os únicos que sofrem com eles, são os jogadores. não, o pessoal que foi a praia pegar sol, namorar, e principalmente mergulhar no mar, se fode. mas se fode bonito. a porra da bolinha sempre sobra pra você pegar. sempre. porra, e as vezes, você tá lá, encolhendo a barriga, todo prosa, de mãos dadas com a sua mulher, quando passa um bolinha azul voando rente ao seu nariz (isso é claro, quando ela não te acerta em cheio.) aí, você tem que largar tudo, a barriga inclusive, e sair correndo atrás da bolinha. porque, se você ignorar ela, o mané do frescobol te olha de cara feia e depois para a bunda da sua mulher. nessa ordem. outra coisa: os caras demarcam a praia. é como se fosse um muro separando você da água. eles ficam alí, entre o mar gelado e a areia quente. mas nada de parar o jogo pra você entrar na água. aquele jogo sem fim é mais importante que a sóla do seu pé. puta negócio esquisito. frescobol. não entendo. é provavelmente um dos maiores enigmas da humanidade.

quinta-feira, julho 21, 2005

meu canivete suíço ideal teria...

- 3 pitadas de sal.
- 1 pitada de pimenta.
- 1 sachê de catchup.
- caneta bic.
- garfo.
- 2 fotos 3x4. (uma p/b e uma colorida)
- 1 quadradinho de trident azul.
- 50 cm. de fio dental.
- chave da porta de serviço do meu apê.
- 15 ml. de desodorante.
- 10 ml. de inseticida.
- duas folhinhas de post-it.
- 19 centavos em moedas.
- programação do cinema.
- extrato da conta corrente.
- 2 pilhas palito.
- 1 gilette mach 3.
- o telefone de uma pizzaria.
- 1 selo.
- a frase: "eu não sou daqui, não entendo picas do que você está falando. desculpa aí. belê?" escrita em russo, chinês, grego e swahili.

gente que entende de som de carro.

taí uma coisa que eu não entendo. gente que entende de som de carro. caráio, como é que uma pessoa se torna expert em som de carro? não faz nenhum sentido para mim. ela vai para uma escola? existem professores particulares que ensinam o que é woofer e sub woofer? qual é a diferença entre uma caixa de som de 100 watts e uma de 1000 watt? a resposta óbvia é que a segunda é mais potente que a primeira. mas quanto mais potente? a de 1000 watts vai explodir a minha cabeça? vai causar danos permanentes no meu ouvido? dia desses sentei numa mesa grande dessas de bar e um cara que eu não conhecia falava do som do carro dele. gente fina o cara, mas o fêla da puta embarcou num monólogo sobre amplificador e sub woofer makers sound system que eu não sabia se ele tava falando sério ou se de repente, do nada, ia aparecer o sérgio mallandro revelando que se tratava de uma pegadinha. muito estranho. gente que entende de som de carro é quase que uma espécie diferente dos que não entendem picas sobre o assunto. fico imaginando que fomos invadidos por esses caras décadas atrás. nave espacial e o caráio, como nos filmes. só não teve aquela putaria de "me leve ao seu líder" pra não dar merda. mas voltando a minha teoria. os caras vieram de outro planeta, e aos poucos foram se misturando. uma meia dúzia pro rio, uns vinte pra são paulo, uns 10 em minas, e pelas outras cidades do mundo na mesma proporção. depois de anos, lá pela década de 90 eles já eram milhares. milhares de pessoas de outro planeta. entre nós. mas com uma diferença, os fêla da puta entendiam de som de carro. e nunca mais foram embora. não conseguem. sempre que tentam, sair de fininho, um terráqueo mané faz mais uma pergunta. um terráqueo como eu, que não entende picas de som de carro levanta a mão lá do fundo da mesa do bar e diz--"que caráio é um subwoofer?" e a mais clássica-- "de que planeta você é pra pagar dois paus na porra de um som de carro?" taí uma coisa que eu não entendo. gente que entende de som de carro.

terça-feira, julho 19, 2005

pessoas que você não tem assim tanta certeza se moram no seu prédio ou não.

já aconteceu com você de chegar no seu prédio, o porteiro abrir a porta e, quando você vai fechar, aparece do nada um cara da rua que você não tem certeza se mora lá ou não? são uns três segundos de pura tensão. você fecha a porta na cara do sujeito e arrisca ele morar lá e ter a porta aberta pelo porteiro logo em seguida? ou você deixa o maior criminoso de todos os tempos entrar no seu prédio só porque você tem medo dele ser morador do prédio e fica com vergonha de fechar na cara do sujeito? hein? é uma situação delicada. das mais delicadas da humanidade. dia desses uma velhinha lá do prédio bateu a porta na minha cara. eu lá, com uma baguete debaixo do braço, num sabadão de manhã, puta frio e a velhinha bateu a porta em mim. sem dó, nem olhou pra trás. ela com certeza não minha conhecia, ficou com medo de deixar eu entrar. entendo ela. já bati a porta em meia dúzia de caras que se aproximaram de mim no momento em que o porteiro abriu. mas, também já me fudi bonito. é, meu amigo, o pior dos cenários é você bater pra logo em seguida subir no elevador com o sujeito fungando no seu cangote. olhando pra você com aquela cara de quem diz: "eu moro nesse prédio desde 1980 seu fêla da puta, nunca mais feche a porta na minha cara!" é quase uma ciência, você tem milésimos de segundo para decidir. pessoas que você não tem certeza se moram no seu prédio ou não. fique esperto pra não deixar um serial killer entrar no seu prédio por acidente. eu já devo ter deixado uns três.

segunda-feira, julho 18, 2005

bolinhas de manteiga.

existem dois tipos de couvert de restaurante: couvert com tabletes de manteiga e couvert com bolinhas de manteiga. pode parecer a mesma coisa, manteiga. mas não é. couvert com bolinhas de manteiga oferece um desafio muito complicado. é, acertar uma bolinha de manteiga semi-congelada-- com a faca não é mole. você senta a faca e a bolinha de manteiga samba para a direita. você tenta acertar novamente, e ela vacila para a esquerda. poucos conseguem a proeza de acertar uma bolinha de manteiga de primeira. não conheço ninguém. é muito difícil. quanto mais você tenta, mais ela sua. e mais difícil fica. quanto maior a faca, pior. faca com dente atrapalha. tem que ser aquelas facas pequenas, gordinhas e sem dentes. não pode pesar muito na mão. você tem que ter controle absoluto. nunca tente acertar uma bolinha de manteiga segurando um pão na mão esquerda. atrapalha a concentração. foque na bolinha. depois que você conseguir acertar ela, aí sim, você parte para o pão. o pão fica até mais gostoso. com uma sensação de vitória. é quase que uma comemoração. eu particularmente curto restaurantes que oferecem as bolinhas de manteiga no lugar das de tablete. por um motivo muito simples, aqueles que oferecem tabletes no lugar de bolinhas, subestimam a sua inteligência. acham que você não é capaz de acertar uma bolinha de manteiga quase congelada naquele mini-pratinho. não volto a restaurantes que servem manteiga em tabletes. evito. mas evito mesmo. vai tomar no cu, quem disse que eu não sou capaz de passar manteiga de bolinha na caráia da torrada do couvert? bolinha de manteiga. prefira restaurantes que confiam na sua habilidade com a faca. que servem bolinha de manteiga. afinal, se eles não confiam em você com o couvert, imagina com o prato principal.

domingo, julho 17, 2005

homem não pode fazer compras.

não pode. mas não pode nem se a segurança do mundo dependesse disso. eu decidi, a partir de agora, só compro pela internet. preciso de alguma coisa, entro no site, click, click, click e compro. compo presente de natal assim. de aniversário e de aniversário de casamento. mas não vou mais a shopping com o objetivo de fazer compras. não entro num supermercado com uma lista de compras na mão. não sei comprar. sou uma presa fácil. se entro no supermercado pra comprar dois pães franceses, saio de lá com duas garrafas belgas de cerveja importada, polenguinho, uma lata de pistache iraniano, uma escova de dentes que massageia a gengiva e os dois pães. agora, se eu vou ao shopping comprar um par de meias, saio, carregando duas camisas sociais que não preciso, um sapato, dois livros, uma revista, as meias e porque não, a décima caixa de refill para o aparelho de barbear. homem não foi feito para fazer compras. não sabe. não se trata de uma observação machista. muito pelo contrário. é apenas um fato. homem não sabe como funciona promoções, não sabe pedir desconto. compra caixa de leite prestes a vencer. compra ovos suficiente para alimentar o refeitório de uma empresa, quando tudo que ele precisava eram de 4 para um omelete. homem não gosta de experimentar roupa, mas principalmente odeia ir a loja de roupas. resultado, acaba comprando em lote, com a esperança de não precisar nunca mais passar por aquela experiência. homem tem alergia a filas de caixa e a vendedores e vendedoras empolgados que dançam tecno enquanto atendem você. eu, pessoalmente não compro uma peça de roupa tem muito tempo. minha mulher compra pra mim ou eu ganho de presente da minha mãe. compras de supermercado a mesma coisa. dia desses, minha mulher viajou e quando voltou alguns dias depois, me flagrou jantando cubos de polenguinho com pistache, bebendo a tal cerveja belga lá de cima. tive uma idéia que pode resolver esse problema de uma vez. é muito simples, homem deveria ser proibido de entrar desacompanhado em lojas e supermercados pra não fazer cagada. agora, por exemplo enquanto termino de escrever essa última linha, estou comendo a porra de um pistache que custou quase o preço do meu aluguel. homem não sabe ver o preço das coisas.

sexta-feira, julho 15, 2005

crachá de firma dá nos ovos.

crachá de firma é uma bosta. você já esqueceu o seu em casa alguma vez? caráio, é o inferno. é como se você fosse automaticamente expulso da sociedade, do mundo, da firma. pra começar, não dá pra entrar no estacionamento pela manhã. a cancela não levanta. e não adianta chamar o mocinho do estacionamento que sem crachá, você não é nada. beleza, parou o carro num estacionamento na rua, dez reais a hora? legal, agora é tentar entrar no prédio. aqui no meu, tem uma catraca eletrônica antes de chegar ao elevador. se eu for fazer uma gracinha e pular a catraca, levo um tiro na base da nuca. tenho que então, entrar numa fila gigantesca, tirar uma foto de perfil e de frente, dar o meu r.g., meu cpf pela nonagésima vez pra depois subir. conseguiu subir? do caralho. mas não arrisque descer nunca mais. não beba água. fique na sua mesa o dia inteiro. é, meu amigo, pra almoçar você precisa do crachá. pra mijar, você precisa do crachá. pra tudo você precisa do crachá. esqueci o meu umas três vezes. os três piores dias da minha vida. tudo bem, exagerei um tanto, mas vai dar meia hora de bunda. crachá é foda. já pensei seriamente em costurar o fêla da puta no forro da minha mochila. seria simples. era só dar uma mochilada na catraca pra apitar e subir. desisti, tenho certeza que o segurança da catraca ia querer ver a porra da foto. não sei se existe uma solução pro crachá. é mais um desabafo mesmo. já sei: vou me candidatar a vereador da cidade com uma plataforma única: "eliminar os crachás das firmas!" nada de promessas para a educação, saúde e empregos. não, vou focar nos crachás. acabar com eles. vou bater recordes de votos. "vote erick 2006! pra acabar com os crachás de uma vez!" é, o slogan não é lá essas coisas. preciso trabalhar um pouco mais nele, mas com certeza vou me eleger. vai ter fogueira de crachás de firma na minha posse. crachá de firma é uma bosta.vote em mim que eu acabo com eles de uma vez por todas. me dê essa honra.

quinta-feira, julho 14, 2005

"o celso resolve!"

baseado em fatos reais. entrei na farmácia ontem a noite e tive um flashback. daqueles de filme do hitchcock em que as coisas começam a girar em slow motion. quando as imagens começam a aparecer na sua frente em pequenos fragmentos em preto e branco. é, um flashback: lembrei da minha mãe, acho que era ela (flashbacks não são tão confiáveis assim). lembrei da minha mãe falando pro meu pai quando eu devia ter uns 5 anos de idade: "o celso resolve!" "o celso resolve!" eu não sabia quem era o celso. ela deve ter falado isso umas duas vezes. mas eu me lembrei disso como se fosse ontem. um comentário que ela fez décadas atrás, voltou ontem quando eu entrei na farmácia. "o celso resolve!" caráio, que problema meu pai tinha que precisava da ajuda desse tal de celso? seria o celso, um mecânico? seria o celso, um eletricista? não. a resposta é muito mais simples. muito mais. e apareceu ontem na farmácia. é, entrei na farmácia, perguntei para o carinha atrás do balcão: "olha, eu tô com uma caspa chata que não passa... o que você recomendaria?" o carinha do balcão olhou para mim e disse de bate pronto: "celso resolve!" caramba, coloquei as mãos sobre o balcão e tive o tal flashback que eu descrevi lá em cima. foi naquele momento que eu descobri quem era o celso. como se tratava de uma memória dormente no cantos mais escondidos da minha cabeça, nunca tinha ido atrás da resposta daquele mistério. mas, como num filme em que a trama é desvendada na última cena, tudo ficou claro de repente. a resposta estava lá. mais especificamente na prateleira ao meu lado. "o celso resolve!" descobri quem era o ele. o celso, é o selsun azul. shampoo anti-caspa. você está com caspa das brabas? o selsun resolve.

quarta-feira, julho 13, 2005

as cinco leis supremas da escada rolante.

não sou caga-regra. mas curto imaginar um mundo ideal. pelo menos para mim. é, se eu tivesse algum poder, uma das primeiras coisas que eu faria, seria regularizar as escadas rolantes. criar uma lista de leis. mandamentos. leis de simples entendimento. as leis da escada rolante. a lei número 1: se você subir a escada rolante correndo, com pressa, você obrigatoriamente tem que continuar correndo quando chegar lá em cima. se você sair da escada rolante e desacelerar o passo, leva um pescotapa. ou melhor, leva dois. e de mão aberta pra faazer barulho. lei número 2: se a escada rolante estiver quebrada, o estabelecimento terá que fornecer funcionários para carregar você nas costas até o andar de cima. lei número 3: se algum moleque colocar o pé na parede da escada rolante e fazer ela parar, esse fêla da puta será mandado para uma temporada no presídio franco da rocha para dividir uma cela com o fernandinho beira-mar. e sem choradeira. quem mandou ser babaca. lei número 4: se alguém entrar com pressa na escada rolante, e fazer você se separar da sua mulher ou marido, essa pessoa deverá automaticamente entrar num esquema de telefone sem-fio, em que ela será responsável em manter a união do casal durante toda a subida. vai tomar no cu, ninguém mandou ser babaca e entrar no meio do casal quando o marido claramente segurava a mão da mulher. lei número 5: a distância entre as pessoas deverá ser de no mínimo um metro e meio ou três degraus-- o que acontecer primeiro. quer fungar o pescoço do outros? então, trate de colocar um anúncio nos classificados do jornal com o seguinte título: "fêla da mãe procura pescoço para fungar." simples asssim. as cinco leis da escada rolante. são só cinco. assim é mais fácil de lembrar e de seguir. lembre-se: entrou bufando na escada rolante cheio de pressa, se fudeu, vai ter que continuar correndo quando sair dela. boa sorte.

terça-feira, julho 12, 2005

o kid abelha, o lulu santos e uma teoria.

acho, acho não, tenho quase certeza que tanto o kid abelha quanto o lulu santos não lançam uma música original desde meados dos anos 80. sem exagero, sem putaria, sem perseguição. preste atenção nas músicas dos dois. as melodias são sempre primas umas das outras. o tema também é bem parecido. as letras. tudo. fico imaginando a paula toller e aquele maluco do sax de costeletas (o george israel) compondo. ele olha pra ela e diz: "paulinha, que tal rimar sério, com mistério?" e ela responde: "mas a gente já tem uma música assim... tira essa bermuda, faz cara de mistério... que eu quero você sério..." e ele responde: "é verdade... mas se a gente inverter, e colocar a palavra 'estéreo' no lugar de 'sério', pode funcionar!" e ela balança a cabeça toda feliz e diz: "pô george, boa idéia... mas vamô fazer uma versão acústica pra não ficar muito na cara!" e lá vão eles para o faustão, entrevistar na marília gabriela, no programa do jô e lotar casas de show que cobram sete mangos numa cerveja quente. a mesmíssima coisa com o lulu santos. tem sempre praia, onda e bastante tchubi tchubi tchurú. acho que o metódo dele de compor é até diferente do kid abelha. ele coloca umas palavras num saco e vai sorteando e colocando num papel. agenda um fim de semana no canecão, outro no credicard hall e depois é só ligar pra paula toller e convidar ela pro show. pode parecer maldade. não é. é uma simples constatação de uma verdade que por muito tempo passou impune. milhares de discos iguais vendidos. se a minha vida dependesse de descobrir se uma música do kid abelha é inédita ou de algum disco velho, tava fudido. quero meu dinheiro de volta. é, caí no truque. devo ter uns três ou quatro cds de cada um no meu quarto. é só uma teoria. mas tenho certeza de que assim que você escutar qualquer um deles no rádio vai concordar comigo.

sábado, julho 09, 2005

ahhh o frio... ahhh o céu da boca.

menos 27 graus. acho que essa é a temperatura em são paulo. para ser sincero, eu não tenho um termômetro aqui na janela de casa, mas tenho quase certeza absoluta que tá tão frio assim. hoje pela manhã acordei e tinha certeza que estava nevando. não posso afirmar 100% que estava nevando porque não tive coragem de abrir a cortina do quarto. mexi minha perna um só milímetro e tive que voltar. é, porque quando você dorme o seu corpo esquenta aquela parte, a área que está ao redor é puro gelo. mas caráio, tá frio pra cacete. praticamente não saí de casa. não me mexi muito. se algum erro de português irritar você, me perdoe, é que eu estou escrevendo com luvas. das grossas de lã. já tomei umas 5 jarras de café fervendo e duas tigelas de sopa. o que nos leva ao assunto desse textinho, o céu da boca. você já queimou o céu da sua boca? provavelmente sim. quem nunca queimou? então, cheguei a conclusão que queimar o céu da boca é uma das piores sensações de todos os tempos. disputa o segundo lugar com bater com o dedinho mindinho na quina do pé de uma mesa na sala no escuro. o primeiro lugar no ranking de piores sensações, é claro, é da sensação de bosta de morder por acidente um pedaço de papel alumínio agarrado no chocolate. mas voltando ao céu da boca. com esse frio, o que mais acontece é não pensar direito e comer sopa fervendo para esquentar. tomar chás e cafés fervidos na base de um vulcão. tudo para esquentar sem pensar nas conseqüências. cuidado. no momento, aquilo tudo parece fazer sentido. aquela colher cheia de sopa borbulhante pode parecer a coisa mais sensata para se colocar dentro da boca e terminar com o frio. não é. assopre a caráia da colher. céu da boca queimado é foda. você mesmo deve estar prestes a colocar uma colher de sopa escaldante na boca. é difícil resistir. eu sei. mas calma. assopre. mas assopre a colher como se fosse a vela do seu aniversário de 10 anos de idade. o frio vai continuar por mais um bom tempo, e você precisa desse céu da boca meu amigo. você precisa da sopa e do café. só uma dica. dica de inverno. considere uma boa ação da minha parte nessa época do ano. é como doar um agasalho. vai fazer você se sentir melhor. confia em mim. assopre a colher. doe um agasalho. e assopre novamente a colher. para o bem de todos.

sexta-feira, julho 08, 2005

os chupa-colarinho.

existem maneiras e maneiras de beber chope. tem gente que bebe com colarinho. tem gente que bebe sem. eu, particularmente bebo com um dedinho só. não dois. já li em algum lugar, acho que num poster de bar, que o colarinho é essencial para manter a qualidade do chopp. mas tem um negócio que me dá nos ovos. que me deixa cafuzo: gente que chupa o colarinho. sabe? o chopp chega e o cara faz um biquinho e chupa o colarinho, fazendo aquele barulhinho ensurdecedor. puta barulho escroto. dois centímetros do lábio superior dentro da espuma seguido por uma chupadinha nojenta. porra, meu amigo, eu não sou nenhum mestre cervejeiro, mas eu duvido que o monge alemão que inventou a porra da cerveja--- chupava o colarinho. o certo é dar um gole grande na espuma. no colarinho. numa boa, chupar o colarinho com barulinho, não. eu tive uma idéia. idéia simples. nada demais, mas que pode trazer paz para os bares. é, a idéia é a seguinte: assim como existe seção de fumante e seção de não-fumantes, acho que bares deveriam ter duas seções distintas. a seção de quem chupa colarinho e a seção de quem não chupa a porra do colarinho. simples assim. e todos viveriam e beberiam felizes para sempre.

quinta-feira, julho 07, 2005

creme de mandioquinha morno.

comi creme de mandioquinha hoje de entrada no almoço. interessante. mandioquinha. assim no diminutivo. sem a pressão de ser um creme de mandioca. não, mandioquinha mesmo. e como entrada. nunca como prato principal. fiquei pensando como o creme de mandioquinha levava uma vida boa naquele cardápio. o creme de mandioquinha deixa todos os outros pratos morrendo de inveja. é o emprego mais fácil do cardápio. pensa só. a vida do prato principal é bem mais complicada. o prato do dia chega na mesa tremendo. o garçom treme. tudo treme. é, ele é que vai matar a sua fome. o creme de mandioquinha é o equivalente a um trailler daqueles de cinema bem editados. é rápido, não tem muito. não arrisca. é quase sem sal. sem pimenta. creme de mandioquinha tem uma cor amena. não é amarelo. mas também não é laranja. creme de mandioquinha é um amarelo adormecido. um amarelo que pensa que é branco. ninguem bate na mesa e pede mais um depois. mas também não reclama. o creme de mandioquinha é primo de primeio grau do quiche de uns 11 textinhos abaixo. é uma grande família: o quiche, o creme de mandioquinha, a salada verde e o frango grelhado. comidas quase sem graça que cumprem o seu papel em qualquer cardápio. o creme de mandioquinha é o mais fodalhão dos quatro. porque, além de ser exclusivamente uma entrada, é no diminutivo e o melhor, não agarra nos dentes, e quase sempre vem morno. nunca fervendo. em outras palavras, o fêla da puta tem uma vida bem tranquila. creme de mandioquinha. se tiver no cardápio e você estiver indeciso, não titubeie, peça: "creme de mandioquinha, por favor!" não tem erro. o fêla da puta não vai te surpreender, mas também não é babaca pra te pegar no contrapé.

quarta-feira, julho 06, 2005

o spam do pênis.

se você tem uma conta de e-mail gratuita no hotmail, no yahoo, gmail, ou qualquer outro genérico, você provavelmente já recebeu um spam anunciando algum remédio milagroso para aumentar o seu pênis. não importa se você é homem ou mulher, acho que todos, todos já receberam esse spam: "increase your penis!" "make your penis harder!!" "penis enlargement!!!" geralmente é em inglês mesmo. penis sem o acento circunflexo. fiquei uns dois meses sem abrir a minha conta de email do hotmail e quando cheguei lá, era penis enlargement para todo lado. chega a ser engraçado. desisti de apagar as caráia dos email. dos spam. acho que a interpol, o fbi, a cia e mais uma meia dúzia de agências secretas deveriam se unir para encontrar o fêla da puta que manda esses emails. prender esse bosta. seu eu fosse juiz ainda mandava cortar o pênis dele (em praça pública com transmissão ao vivo e com comentários de galvão bueno) antes de colocar ele atrás das grades. é, e depois só pra fuder com a cabeça dele, mandaria pra ele centenas de emails, de spam, anunciando remédios milagrosos promentendo aumentar o pênis dele. só de sacanagem. só de putaria. "vê se funciona agora, mané!" por causa desse fêla, já abri umas três contas de email. trabalhava numa empresa em que um cara que sentava perto não entendia como é que achavam o endereço dele. ele era um pouco mais velho e não dominava tão bem o e-mail. um dia ele resmungou em voz alta: "caráio!!! como é que esses caras sabem que eu tenho um pênis pequeno?!?" um outro cara, que sentava na frente dele respondeu: "talvez seja a sua mulher usando um pseudônimo!" ele não riu da piada. não sei. pensando agora, acho que vale investigar ela. quem sabe.

terça-feira, julho 05, 2005

bom dia. bom dia é o caralho!

nada contra dar "bom dia!" pela manhã. confesso que não sou o maior desejador de "bom dia!" de todos os tempos, mas faço a minha parte. o único problema com o "bom dia!" é o ponto de exclamação. o "bom dia!" já nasce com ponto de exclamação. é uma puta pressão. você dá um "bom dia!", você já deixou estabelecido que o dia vai ser du caralho. a partir daí, começa a corrida para realmente transformar o dia, em um bom dia. o dia não pode mais ser um dia qualquer. um dia regular. caceta, você disse "bom dia!", e o pior, escutou "bom dia!" de volta. e isso, antes mesmo das nove da manhã. acho que se fosse o contrário, poderia até ser interessante. imagina só: ao invés de "bom dia!", "que dia de merda!". você manda uma dessas, depois, tudo que vier, é lucro. é, pensa só. o dia já começa assim, na merda. quaquer coisinha. qualquer bostinha que já faça esse dia ser considerado melhor do que uma merda, já é de fuder. tô pensando seriamente em começar a experimentar essa história. sei lá. fazer um teste. meio sem compromisso mesmo. entrar na firma, e soltar bem alto, cheio de energia: "que dia de merda!". com exclamação também. o efeito seria devastador. quase como uma ôla num estádio de futebol mexicano. sei lá, vai que pega e todos começam a fazer a mesma coisa. concordo que no início, pode soar meio estranho, o pessoal mais conservador pode olhar torto e tal. mas tenho certeza que com o tempo o negócio ia fazer o maior sucesso. "que dia de merda!" um novo jeito de começar o dia. uma nova maneira de encarar uma segunda-feira de manhã. tudo seria diferente. não custa tentar. é só uma idéia. posso estar completamente errado. "que dia de merda!" pra você também.

sexta-feira, julho 01, 2005

as vacas abduzidas.

"eu vou querer a fraldinha... ao ponto, por favor!" não sei se você teve a sorte de fincar os dentes numa fraldinha de qualidade ultimamente. mas o negócio, como diria o chico bento, é bão. o que nos leva ao assunto desse textinho. então, enquanto eu observava uma lasca de fraldinha espetada no garfo, molhada em farofa, eu comecei a pensar no boi. na vaca. no boi e na vaca. e porque não, no bezerro também. comecei a pensar neles, lá pastando. correndo livremente pela fazenda. sol, brisa, gramados sem fim. é, comecei a imaginar se algum deles sabe ou se não sabe, suspeita que vai um dia crescer e virar uma fraldinha. será que quando a professora do bezerro pergunta pra ele o que ele vai ser quando crescer, ele responde: "picanha nobre, fessora" ? será? hein? será que eles sabem para onde seus amigos foram? que alguns viraram alcatra, outros costela, e uns outros memos afortunados, cupim? e, enquanto minha lasca de fraldinha esfriava, continuei a pensar. na vaca e no boi reunidos no pasto, tentando chegar a uma decisão de quem vai contar para o bezerro que um deles vai virar espeto. pensei também se a vaca suspeita do fazendeiro. o mesmo carinha que serve água e capim fresco pra ela. e finalmente, cheguei a uma conclusão. as vacas na verdade, devem acreditar que existe vida em outros planetas. e que todas as vacas, bois e bezerros que sumiram foram na verdade abduzidas. por ovnis, aliens e cia. que todas as vacas que sumiram estão na verdade em outros planetas. e que um dia elas voltam. e foi aí que vi que a minha fraldinha estava quase fria. pensei na vaca, no boi, no bezerro. olhei ao meu redor. lambi os beiços e abduzi a vaca.