quinta-feira, junho 30, 2005

post-it e a cola pritt: separados no nascimento. (ou o reencontro de duas colas que não colam.)

você já parou para pensar que o post-it e a cola pritt têm muito em comum? a impressão que eu tenho é que os dois são irmãos gêmeos e que foram separados na maternidade. irmãos gêmeos como a giselle bündchen e a irmã gêmea dela. nasceram no mesmo dia. têm um ou outro traço semelhante, mas são diferentes. os dois, a pritt e o post-it não colam direito. afirmam que colam. mas não colam. o post-it consegue segurar a ondar na quina de um computador por uns três, quatro dias no máximo. a cola pritt, menos. você esfrega, esfrega, e quando você acha que a caráia da foto está presa no álbum para a eternidade, pimba, a pritt te deixa na mão, e a foto no chão. fico imaginando o dia que eu vou ligar a televisão e encontrar a cola pritt chorando, cercada por câmeras no plantão da globo. gritando, entre soluços para a câmera: "aonde você estiver, por favor, apareça! nós fomos separados na maternidade são josé. trocaram as etiquetas... snif... se você não cola bem... se você vive caindo... você é meu irmão gêmeo..." o país pararia esperando esse reencontro. chamadas no faustão e no fantástico com a glória maria e o pedro bial. o maior ibope de todos os tempos. uma nação a espera do reencontro da pritt com o post-it. mas seria para nada. é. no dia que o post-it tinha que pegar o avião para encontrar a pritt nos estúdios do fantástico, você já sabe... a cola ia vencer... e o post-it ia cair . e você sabe, quando o post-it cai, você esquece qualquer compromisso. até os mais importantes. uma pena.

porque é impossível acordar antes das 7 da manhã?

você já tentou? é foda, meu amigo. acordar antes das 7 da manhã, só para pegar avião. certificado de reservista. visto e mais algumas coisas que eu não me lembro agora porque estava com muito sono. volta e meia coloco a caráia do alarme para tocar seis e tal. me matriculo numa academia. pago seis meses adiantado, e não consigo acordar. os olhos não reagem. eu escuto o som do alarme. escuto a música mal sintonizada. mas não consigo acordar. é complicado. dia desses tive que pegar um avião para o rio cedo. perdi. tá bem, tô brincando, não perdi. mas foi quase. cheguei a conclusão que o ser humano não foi programado para acordar antes das 7. só consigo me mover depois das 7 e 30. e não muito. apenas o suficiente para chegar no box do banheiro e ligar a água quente. não consigo entender como é que eu conseguia ir para a escola quando era moleque-- antes das 7. tento me lembrar como é que eu fazia para estar no pátio de entrada da escola 7 da manhã, mas não consigo. aqueles anos parecem um grande e tenebroso pesadelo. acho que é por isso que todo adolescente é revoltado. adolescente tem que chegar na escola antes das 7. de segunda à sexta. durante uns 10 anos. é pra revoltar qualquer um. tente lembrar se você já teve alguma professora super hiper bem humorada. são poucas. você acha que eu estou exagerando? então, faça o teste. ajuste seu alarme para 06:59 da manhã. mas coloque bem alto. com rádio e buzininha. os dois juntos. eu duvido. duvido. mas duvido mesmo. que você vai conseguir colocar os dois pés no chão frio antes do relógio marcar 07:00. duvido. é um fato. o ser humano é incapaz de acordar antes das 7 da manhã. não sei porque. mais uma daquelas grandes questões da humanidade sem resposta. que eu, definitivamente não vou nunca conseguir responder.

terça-feira, junho 28, 2005

amor à primeira vista.

ela trabalhava na parmalat. dirigia um caminhão de leite. quase mil litros de leite. para cima e para baixo. tinha habilitação desde os 18. nunca tinha levado uma multa sequer. "piloto um caminhão de leite!" respondia ela orgulhosa quando perguntavam sua profissão.

ele era funcionário da nestlè. transportava nescau. achocolatado em pó pelo brasil. da fábrica para o supermercado. nescau. o país não acordava sem nescau. ele sabia disse. se sentia orgulhoso. "sabe o nescau que você toma todas as manhãs? então, sou eu quem distribuo." dirigia um caminhão mercedes-benz, ano 87 diesel. tinha duas multas de velocidade no histórico, e só. sempre calibrava os pneus e sempre recusava a cervejinha do almoço antes de pegar a estrada.

a vida dos dois mudou numa quarta-feira. ele, indo do rio para são paulo com o caminhão cheio de nescau. ela, indo de são paulo para o rio, com o caminhão com leite até o topo. o encontro foi rápido. por acidente. literalmente. ele disse que deixou o cigarro cair, e se abaixou pra pegar. ela jura que não viu quando ele atravessou a pista: "foi tudo de repente... eu não pude fazer nada!" "bum!" caminhão e caminhão. batida de frente. ninguém se machucou sério. mas a carga, bem a carga é outra história. leite e nescau. mil litros de 'energia que dá gosto'. e foi alí, com milhares de crianças invadindo a pista da dutra que eles chegaram a conclusão, que a colisão fora obra do destino. amor à primeira vista. feitos um para o outro. e sempre que um dos dois conta a história de como se conheceram, ninguém acredita.

sexta-feira, junho 24, 2005

livestrong, tsunamihelp e agora... saverick.

quantas pulseirinhas que ajudam o mundo, você já viu por aí? eu já vi umas quinze. a mais famosa é claro, a que deu origem a tudo é aquela amarelinha, a "livestrong" do lance armstrong, famoso ciclista americano que já ganhou a volta da frança trezentas e vinte e seis vezes e ex-vítima do câncer. a idéia por trás da tala pulseirinha é até interssante. você compra, e o dinheiro é revertido para uma causa nobre. no caso das pulseirinhas amarelas, todo dinheiro das vendas é revertido para uma fundação que cuidade pacientes com câncer. se você usa a pulseirinha, é um sinal de que você se preocupa etc e tal. mas o problema é que a porra da pulseira virou moda. deixou de ser para ajudar quem sofre de câncer ou as vítimas de desastres naturais para virar parte de coleção de moda. tem gente que vende no mercado paralelo. por iso mesmo, depois de ver a tal da pulseirinha perder o sentido, eu tive uma idéia. uma idéia simples. é, vou criar, vender uma pulseirinha com o meu nome em baixo relevo. a "saverick". seguindo os mesmos moldes da pulseira original. a minha não vai ser amarela. vai ser laranja. e, no lugar de "livestrong", vai ter "saverick". vai custar R$3,00. três mangos. e você deve estar se perguntando: o quê esse fêla da puta vai fazer com esse dinheiro? bem, eu vou reverter esse dinheiro para uma causa bem nobre. vou pagar o meu cartão de crédito. é isso mesmo. todo din din arrecadado será usado para pagar o meu cartão de crédito no fim do mês. vou comprar mais. consumir mais. sem culpa. sem estresse. sem preocupação. pensa só: as pessoas vão circular com uma pulseirinha com uma cor diferente das outras, que convenhasmo já estão meio batidas (mais uma vez, quando essa caráia de pulseirinha era comprada direto do site da nike para cuidar de pacientes com câncer, eu achava du caráio. mas quando vi que um fêla da mãe vendendo a mesma por 30 reais numa academia, vi que a porra tinha perdido todo o sentido). "é laranja! é diferente! "saverick"! compre e ajude o erick a pagar as contas do erick no fim do mês! vai ser uma coqueluche. uma correria. juntos poderemos salvar o mundo. assim que eu tiver o site no ar, eu divulgo.

datas importantes e uma lei que pode ser bem interessante. ou não.

mulher adora datas. mulher adora tanto datas que gosta que o homem também lembre delas. é fato. e homem, como você sabe, não é bom de datas. é péssimo. data de comemoração do dia que começou o namoro geralmente é uma das datas mais importantes de todos os tempos para a mulher. se você não se lembrar, você provavelmente não precisa se preocupar nunca mais. afinal, as probabilidade são grandes de que o seu namoro acabou. e o que eu acho mais engraçado nessa data. é que não importa se é o primeiro mês de namoro ou o trigésimo sexto. você tem que lembrar da data. fazer festa. nada contra celebrar a instituição do namoro. mas é que homem relamente tem uma puta dificuldade de lembrar. aí, você casa. pronto, surge uma nova data. uma nova data que você tem que lembrar. a data do dia que você casou. eu, por exemplo, comecei a namorar num dia 17. casei no dia 5. agora, tenho duas datas para celebrar. os meses, anos de namoro. e os meses, anos de casado. aí meu amigo, quando você acha que tá tranquilo e tem tudo sob controle, aparece o dia dos namorados pra te pegar no contrapé. cheguei a uma conclusão. tive uma idéia. que eu sei que não vai ser nenhum pouco popular com o público feminino. mas beleza. é a vida. lá vai: acho que deveria ser lei que uma vez que você case, a data do namoro seja automaticamente cancelada de ser lembrada. a partir do dia que você casar meu amigo, você está autorizado por lei a esquecer a data do dia que o namoro começou. a partir de agora você vai se concentrar em se lembrar da data do casamento. e só. uma data. um casal feliz. sem estresse. sem a preocupação de chegar em casa e ser recebido com presentes e não saber se é por causa do casamento, do namoro ou simplesmente porque ela quis te dar um presente. nunca mais ter que passar pelo estresse de comprar um presente no almoço porque você descobriu por acidente no verso da aliança que aquele dia é dia. agora, a melhor parte: essa lei teria efeito retroativo. todos os homens estariam desculpados por não ter se lembrado de uma data ou de outra. afinal, duas datas, só para mulher. e, antes que eu me esqueça, hoje é dia 24. vinte e quatro. sei lá, vai que você que está lendo esqueceu de ligar pra alguém.

quarta-feira, junho 22, 2005

mesas comunitárias é coisa de mané

mesa comunitária é coisa de fêla da puta. é coisa de mané. pra quem não sabe do que se trata. mesa comunitária é uma mesa grande e longa que alguns restaurantes têm. é a mesa da mãe joana. não tem dono. não tem reserva. você marca de almoçar com um amigo e passa o almoço roçando o cotovelo com um mané que você não conhece. tem um desses aqui no prédio que eu trabalho. puta coisa escrota. o restaurante quer dar uma de muderno e colocou uma mesa que atravessa o restaurante de ponta a ponta. é como se fosse uma grande família. todos juntos (apesar de não se conhecer) comendo, lado a lado. quando acontece de ter que sentar numa mesa comunitária, tenho que sussurar bem baixinho para não entrar na conversa dos outros. mesa comunitária é uma bosta. cabem umas vinte pessoas. é igual almoçar num vagão do metrô em movimento na hora do rush. é como comer numa mesa daquelas de filme italiano antigo. sabe? aquelas com uma tiazona na ponta com doze filhos, 32 netos e 76 bisnetos. pior do que comer numa mesa dessas é pedir a conta. você pede a conta e o garçom fica olhando para você como se estivesse solucionando uma equação de segundo grau na cabeça. ele não sabe qual é a sua conta. quem está com você. se você tocou o couvert. é, porque se você está roçando o joelho com uma mulher que está ao seu lado, porque não pagar também pelo salmão e a saladinha dela? pode notar. peça a conta e depois fique observando o garçom. ele fica rebuscando na cabeça o que você comeu. mesa comunitária não tem número. é no chute. nunca mais vou comer numa mesa comunitária. caráio. você volta do almoço sem certeza do que conversou. da proxima vez que eu sentar numa mesa dessas não vou dar uma de mané não. vou deixar só 1% de gorjeta. talvez meno. é o equivalente da minha parte na mesa comunitária. 10%, eu só deixo se a mesa for minha. e de mais ninguém.

terça-feira, junho 21, 2005

a última do português.

não se trata de piada--mas de comida. casquinha de bacalhau. provavelmente uma das coisas mais gostosas que existe. sem sacanagem. de verdade. desde que experimentei pela primeira vez--nunca mais encontrei algo tão gostoso. não dá água na boca. jorra. as papilas degustativas fazem uma 'ola' quando enxergam o garfo entrando na boca. essa casquinha de bacalhau você encontra no bar espírito santo--no itaim. imagine uma casquinha de siri. agora tire o siri e coloque bacalhau. bacalhau fresco. bacalhau saboroso. bacalhau que com certeza não pertence a mesma família daqueles que você come na casa da sua tia no natal. um senhor bacalhau. carinhosamente desfiado e coberto com o mais puro chocolate nestlé. não. coberto com o mais puro parmesão. deixe descansar uns quarenta segundos sobre a mesa. é o tempo de não queimar o céu da boca e tirar a tampinha do azeite. com a mão direita--segure o garfo como uma criança de dois anos segura uma colher. com a esquerda aplique doses generosas de azeite a cada garfada.

(pausa--2 goles de chopp sem respirar.)

pensamento: "ainda bem que bacalhau prende nos dentes."

--bar espírito santo--av. horácio lafer, 634 -itaim bibi.-

sexta-feira, junho 17, 2005

pessoas que comem quiche.

desconfio de pessoas que afirmam que têm como prato favorito, o quiche. feijoada, carne assada, frango catupiry, eu aceito. mas caráio, não dá pra entender um sujeito que diz que seu prato preferido é quiche. quiche é ok. não é bom, também não é ruim. na minha sincera opinião, quiche é a comida mais ou menos. não fede, nem cheira. tem um gosto quase sem gosto. não é seco, também não é molhado. não é frio. nem quente. não queima a língua. quiche é sempre recheado de algum ingrediente que não dá água na boca. palmito, queijo branco, peito de peru, aspargos, cebola ou frango desfiado. ingredientes básicos que enchem a pança, mas que não causam orgasmos múltiplos nos cantos do cérebro. tente lembrar a última vez que você comeu um quiche. vai, eu espero. viu, é difícil lembrar, não é? não existe jantares inesquecíveis que envolvem um quiche. não existe chefs famosos por fazerem quiches. quiche sempre vem com uma salada a tiracolo. quiche não existe sozinho. e, se existe, não enche a barriga. é por isso que eu desconfio de quem é apaixonado por quiche. desconfie também. uma pessoa que é apaixonada por quiche é no mínimo suspeita. não divida uma mesa com quem é louco por quiche. você pode pegar no sono. quiche da sono. e alguém que pede um quiche num cardápido cheio de alternativas, ou está de dieta e vai se concentrar na salada, ou não é das mais interessantes. detalhe importante: quiche cria uma maçaroca que preenche os espaços entre os dentes. quiche é foda. é isopor comestível. empada metida a besta que custa mais de 10 reais. fuja do quiche. corra do quiche. quiche é um perigo. e mais importante: desconfie muito de quem gosta de quiche. seu bom humor depende disso.

quinta-feira, junho 16, 2005

minha kriptonita.

andar de bicicleta é como sabor de azeitona. ou sabor de azeitona é como andar de bicicleta, você nunca esquece. odeio azeitona. azeitona verda clar, principalmente. azeitona verde fede. azeitona verde é como uma subáca depois de 12 horas de trabalho. você sente o odor de longe. é de arder a vista. cheguei a conclusão que azeitona é a pior comida que existe. o pior sabor, para ser mais exato. sempre achei que o quiabo tinha levado o título em definitivo. estava errado. comi uma azeitona esses dias por engano. a fêla da puta estava agachada, escondida dentro de um pastel de queijo. mordi em cheio. os músculos do meu maxilar se contraíram com seu estivesse levando choques do torturador do "rambo 2". meu amigo, cuspi no prato com a mesma violência que um ônibus espacial reentra a atmosfera da terra. depois dessa experiência desagradável, resolvi fazer um ranking. o ranking dos piores sabores de todos os tempos. em primeiro lugar, ficou a azeitona (verdes). em segundo, as azeitonas roxas. depois, o quiabo. em um honroso quarto lugar, ficou o jiló. e fechando o top five, o glorioso repolho refogado. é isso, um desabafo. depois de quase ingerir uma lasca de azeitona cheguei a uma conclusão muito, muito séria que pode mudar a minha vida, o meu destino na terra: azeitona verde é minha kriptonita.

quarta-feira, junho 15, 2005

o dedinho mindinho do pé da mulher.

não sou desses caras que são tarados por pé de mulher. até curto, mas não sei se compraria uma revista só de closes de pés. mas, de vez em quando, me encontro observando dedinho mindinho do pé da mulher. calma, também não sou tarado por dedinho mindinho de pé de mulher. observo por curiosidade. é, tento entender como é que uma mulher consegue passar o dia com o dedinho mindinho do pé esmagado no sapato. é muito louco. uma tortura. sempre que eu subo o elevador pro tabalho, dou uma espiadela. hoje, por exemplo, vi um dedinho sufocado. gritando por ajuda, tentando pular fora do sapato de bico fino. ele gritava, esperneava, e nada. todos no elevador ignoraram. ninguém ofereceu ajuda. confesso que também não falei nada com medo de passar por tarado de dedinho mindinho de mulher. mas aquela imagem ficou na minha cabeça. aquele dedinho, metade vermelho, metade roxo. e com uma mini unha agarrada no canto daquele sapato de bico fino. tô pensando em lançar um movimento. coisa séria mesmo. o movimento de libertação dos dedinhos mindinhos das mulheres. com passeatas. com a intervenção dos grandes líderes mundias. porque não, com um show do u2 transmitido simultaneamente para o mundo inteiro. se você estiver achando essa idéia um tanto estranha, experimente observar os dedinhos das mulheres no elevador. mas olhe com cuidado. discreto. não quero que você passe por tarado. é meu amigo, pode olhar. mas olha com jeito. com educação. com um olhar clínico. até porque, como eu já disse, o assunto é sério. os dedinhos mindinhos dos pés das mulheres precisam de nós.

sexta-feira, junho 10, 2005

os dois.

- amor?
- oi?
- você acha que eu estou gorda?
- não.
- acha ou não acha?
- eu já disse, não.
- tem certeza?
- não caramba, não tá gorda.
- e desse lado. assim de perfil?
- [silêncio]
- amooor... e de perfil, você não respondeu.
- não. você não está gorda de perfil.
- e sentada. assim ó, na beiradinha da cama?
- não. você não está gorda.
- e agora, amarrando o tênis?
- não.
- colocando a mão no bolso?
- não.
- com essa camisa de babado?
- não.
- então você definitivamente não acha que eu estou gorda?
- não está. você não está gorda.
- e assim ó, pulando, você acha que...
- [interrompendo] pensando bem, você está forte, fofa, encorpada, sobrando, em outras palavras, é, você está gorda. e não se fala mais nisso.

4 minutos.

meu despertador é como o da maioria das pessoas. toca rádio e faz pí-pí-pí-pí. aquel barulho ensurdecedor que rasga os tímpanos quando toca. aquele som supersônico que queima a alma. e, sabendo de como esse barulho irrita, a indústria de alarmes inventou um mecanismo genial: o botão do "soneca". aquele botãozinho mágico que proporciona alguns minutinhos a mais de sono todas as manhãs. o botão da soneca é provavelmente uma das maiores invenções da humanidade. é muito simples, tocou o alarme, pimba, apertou o "soneca" e "zzzzzzzzzz". todo mundo faz. não deve existir nenhuma pessoa no mundo que não aperte a porra do botão. é um reflexo que passa de pai para filho. está nos genes. é tocar o primeiro "pí", e lá vai a mão distribuindo tapas no alarme atrás do botão do soneca. e foi pensando nisso, no botão do soneca que eu cheguei a uma conclusão: o mundo inteiro está atrasado 4 minutos.

coisas que não mudaram desde que eu nasci e eu não sei se vão mudar.

- grampeador.

- papel higiênico.

- caneta bic.

- embalagem dos palitos gina.

- travesseiro.

- pão francês.

- a cara do sílvio santos.

- as músicas do kid abelha, do lulu santos e da blitz.

- o sérgio chapelin apresentando do globo repórter.

- josé mayer fazendo papel de galã.

- maitê proença fazendo pose de gostosa.

- o endereço da minha vó em copacabana.

quinta-feira, junho 09, 2005

estacionamento de shopping é o caralho.

estacionamento de shopping é uma dedada no saco. puta negócio feito nas coxas. e cobram caro. tem shopping que eu já não frequento mais por causa do estacionamento. e não é pão durice não. caráio, eu até posso ser mané. mas o rei dos manés eu não sou. 5 reais a hora. mais 2 pela segunda hora e por aí vai. estacionamento de shopping é feito pra te fuder. vivem lotados. e sempre com carros atravessados pelo caminho. aqueles caras que literalmente ligam o foda-se e estacionam nas rampas de acesso para os próximos andares--ou até mesmo fora da vaga --apertadinho contra a coluna. as vezes tenho vontade de fazer o mesmo. colocar o meu carro largado como as pessoas fazem com o freio de mão puxado. lá no meio. atravessadão no corredor. depois, assistiria tudo de longe, observando só pra ver que bosta dá. e os caras do estacionamento gostam de te tentar. dizem que o estacionamento tem vagas. levantam a porra da cancela com musiquinha. aí, você entra, roda, roda, roda, roda e não acha a caráia da vaga. e aí, quando você decide ir embora, não pode. afinal, os 15 minutos de franquia acabaram. agora, você tem que pagar para sair. as vezes vou de taxi pro shopping. na maioria das vezes, não vou mais pra shopping. caguei. não vou mais ao cinema. não vou mais comer em praças de alimentação. vou comprar tudo pela internet. pensando bem, talvez eu até vá. mas só pra fuder com o esqueminha dos caras. é, vou só pra deixar o carro atravessado. na ladeira, entre o segundo e o terceiro andar. caos total. buzinaço. madames gritando. se você estiver lá nesse dia, minhas sinceras desculpas.

segunda-feira, junho 06, 2005

o fio dental e os homens das cavernas.

dia desses acabou o meu fio dental aqui na firma. fiquei cafuzo. na verdade, mais do que cafuzo, fiquei com 20 gramas de frango agarrado nos dentões lá de trás até chegar em casa. é desesperador. a língua não chega lá. o dedo é muito grande. meu amigo, sem a caráia do fio dental, não dá pra tirar. é fato. e foram os 20 gramas de frango agarrado nas denta que me fizeram escrever esse textinho. fiquei imaginando como é que as pessoas se viravam sem fio dental. aí, eu apertei o botão do rewind, e voltei até a pré-história. cheguei nos homens das cavernas. é, afinal, os homens das cavernas comiam carne adoidado. com as mãos. carnes fibrosas. javali, mamute, bufalos, e mais uma meia dúzia de animais gigantescos cheios de carne. naquela época não existia garfo e faca. era na mordida mesmo. tinha que rasgar a comida com os dentes. resultado: os cara passavam dias com meio kilo de carne balançando entre os dentes. devia ser uma agonia. tacape numa mão, meio kilo de carne nos dentes. tenho quase certeza que uma das coisas que fez com que a natureza acelerasse a evolução do homem, foi o fio dental. a mãe natureza não aguentava mais ver os homens das cavernas roçando a língua nos dentes de trás. não aguentava mais ver os homens das cavernas fazendo aquele barulinho nojento de sucção. aquela carne de pterodáctil desfiada entre os molares. quando você assiste aquelas animações no discovery channel com os homens das cavernas gritando, balançando a cabeleira, você pode ter certeza que é por causa da falta do fio dental. aquele grito de raiva é a sensação de impotência de não conseguir arrancar um bife de mamute dos cantos da boca. o que nos separa dos homens das cavernas, não é apenas o cérebro mais desenvolvido e o jeitão de andar em pé, ereto, não. meu amigo, os livros de ciência deveriam dedicar uns três capítulos sobre o efeito que a falta de fio dental teve naquela civilização. faça a experiência: vá a uma churrascaria rodízio. mastigue cupim, frango, mais cupim, uma picanha, porque ninguém é de ferro. e, só de putaria, mastigue uma costela de boi pra finalizar. depois, vale língua, vale mindinho, só não vale fio dental. eu garanto, em meia hora, você despiroca. volta no tempo. pra idade da pedra. com 20 gramas agarrado nos dentes e uma vontade incontrolável de pegar um tacape e rachar a mesa ao meio.

quarta-feira, junho 01, 2005

tinta neles.

sou completamente contra armas, tiros, espingardas e similares. mas um dia desses esfumaçando no trânsito-- pensei em comprar uma arma. calma--não é nehuma arma de verdade. pensei em comprar um arma de paintball. daquelas que tempos atrás faziam sucesso. aquelas armas que soltam bolinhas de plástico carregadas de tinta. que estouram e cagam a pessoa no impacto. lembra delas? é. então estou pensando em comprar uma arma de paintball. carregar ela nocarro comigo. me armar até os dentes. com uma arma capaz de atirar umas 5 bolinhas de tinta por segundo. caráio. que são paulo tem um dos piores trânsitos do mundo, tudo mundo já sabe. mas, puta que pariu-- tem muito mané no trânsito (não que eu seja nenhum ás do volante. mas isso já é outra história.) é mané pra tudo que é lado. é mané que entra sem colocar a seta. mané que buzina no milésimo de segundo que o sinal abre. motoboy que passa cotovelando meu retrovisor. isso, só para mencionar alguns. por isso--venho pensando nisso. pegar um almoço e ir atrás de uma arma assustadora--mas de paintball. carregar ela com tinta gritante: amarelo, roxo, laranja e rosa. uma salada de cores. pra deixar os caras cagados mesmo. a idéia é essa. nãoquero ferir, matar ninguém. não tenho nenhuma ambição de virar o justiceirodo trânsito. quero apenas deixar bem puto o sujeito que jogou farol alto em mim sem necessidade. sem dramas. apenas umas três bolas de tinta amarela
stouradas no capô preto do golf novo dele. tinta nele.

o oficinês.

oficina de carro é um lugar curioso. eu por exemplo não entendo picas sobre carro. sei como ligar, dirijo mais ou menos, e sei também como destravar a tampinha da gasolina. e só. é por isso que sempre que eu vou a uma oficina-- sinto como se estivesse em outro país. não-- em outra galáxia. não entendo uma caralha que os caras falam. é como se existisse uma língua oficial das oficinas: o oficinês. dia desses o farol direito do meu carro faleceu. apagou. então lá fui eu até a oficina numa bela manhã de sábado. o sujeito olhou meu carro, abriu o capô. fechou o capô. abriu o capô e fechou. ligou o carro e desligou. diagnóstico: "regulador de voltagem moderada da rotatória do motor de partida". caráio. se ele falasse a mesma coisa de trás para
frente faria o mesmo sentido. é por isso que eu me cago de ir em oficina. o fila da puta pode falar qualquer coisa. qualquer. "hmmmm...teremos que trocar o carro inteiro por um novo. vamos manter somente o banco do carona e o retrovisor." o que é que eu vou falar? vou argumentar que o cabo da embreagem na verdade está em ótimas condições? não dá. oficina é foda. as vezes tenho vontade de passar uma mão de graxa na cara--e dois dedos de óleo 4 tempos no cabelo antes de ir. sei lá. só pra chegar lá com uma cara de que entende. com uma cara de quem vive fuçando o motor. ou melhor. tenho vontade de responder na mesma língua que os caras. no oficinês. ex.: o mecânico me diz o problema do carro: "bem, o problema do seu carro está no capacitador de frenagem da 3º marcha! 793 reais mais a mão de obra!" aí eu responderia no meu oficinês improvisado:: "tudo bem então! eu vou efetuar esse pagamento
com base na aceleração do regulador de injeção financeira que regula a minha
conta bancária. belê?"