quarta-feira, abril 27, 2005

bigode e colete de lã com a gola em "v".

duas coisas que deveriam ser proibidas. nessa ordem: primeiro o bigode, depois o colete de lã com gola em "v". bigode é esquisito. não tenho amigos que usam bigodes. bigode é anti higiênico. bigode é a extensão do cabelo do nariz. bigode mergulha no café. mergulha no refrigerante. e dependendo do tamanho da garfada, bigode também mergulha na gema do ovo. sempre desconfiei de pessoas que usam bigodes. bigode pra mim é disfarce em filme de espião. é caricatura de ditador alemão. taí outro ponto: ditadores usaram e usam bigode. bigode é apelido de ponta esquerda . bigode entra na boca. pronto. bigode deveria ser proibido. agora tem uma outra coisa que também deveria ser abolida: o colete de lã com a gola em "v". agora, com o inverno chegando é o que eu mais vejo nas ruas. não entendo picas de moda. muito menos o que combina ou não. mas colete de lã com gola em "v" é foda. me cago de ganhar um de presente. graças a deus morei grande parte da minha vida no rio. e no rio não se dá roupa de lã de presente. até dá. mas só se você quiser sacanear alguém. pode-se argumentar que o colete de lã com a gola em "v" não pinica. foda-se. prefiro ficar com o pescoço em chamas. é isso. na minha sincera opinião, se você quiser sacanear alguém, de verdade. das duas uma: ou você comenta com um "amigo" que ele ficaria bem de bigode, ou você dá um colete de lã com a gola em "v" de presente.

14 coisas que você deveria fazer.

1) ligar para sua mãe e depois para o seu pai. nessa ordem. conta como um item, uma coisa. são duas pessoas--mas são seus pais.
2) comprar uma calça jeans. um número maior que o seu. confortável. nem clara. nem escura. e só vale usar ela com tênis. nunca sapato.
3) comer uma torta de chocolate quente com duas bolas de sorvete. uma bola derrete rápido. e é covardia colocar uma só bola contra a torta.
4) sair de casa sem se programar. decidir o que vai fazer no carro. ou na calçada. mas esperar oito minutos para se decidir. quanto já estiver longe de casa.
5) escolher para assistir um filme. e na hora--assistir o da sala ao lado. se este já tiver começado. assistir o outro que está na sala ao lado desse. e assim por diante. até você conseguir ver um filme diferente do que está acostumado.
6) comer cachorro-quente de barraquinha. com todos os molhos. todos os ingredientes. com batata palha por cima. e depois comer com colherzinha de plástico todo recheio que acumulou no plástico do pão.
7) ler o jornal de sábado numa padaria que você nunca foi na sua vida. mas tem que ir andando. não vale padaria que você tem que ir de carro.
8) mijar de porta aberta.
9) sortear uma camisa/camiseta de costas para o armário. se der a sua favorita--legal. mas se der uma que você não quer usar de jeito nenhum--doe pra alguém.
10) comprar um gibi do cascão. ou do chico bento. funciona como botox. remove umas rugas da sua cara.
11) bocejar sem colocar a mão na frente.
12) não ligar o computador.
13) mandar algum barbeiro no trânsito para puta que pariu. mas com o carro ligado—é mais seguro. pense nisso como uma boa ação. o cara vai caprichar mais no volante.
14) tirar o relógio do pulso. pode ser no sábado. pode ser no domingo. tanto faz. e só vale perguntar a hora para uma única pessoa. o porteiro. na hora que vc sair e na hora que você chegar.

domingo, abril 24, 2005

quatro.

a mesa de bar. mesa de bar não pode ter mais do que quatro pessoas. não é uma lei. apenas uma sugestão. mesa de bar é quadrada. quatro lados. quatro pessoas. mais do que isso não funciona. se chega mais gente, a mesa cresce para os lados. encaixa cadeira aqui. encaixa cadeira alí. "essa aqui tá ocupada?" conversas paralelas surgem. e você volta pra casa sem saber ao certo quem estava por lá. (pior ainda: o quê, e com quem falou.) mesa grande tem outro problema. a conta. conta de mesa grande é sempre um problema. é uma merda. conta de mesa grande é alta. cara. e todo mundo acaba enrabado na hora de dividir. sempre que eu caio por acidente numa mesa grande eu peço um prato. peço sobremesa. ou um drink em copo longo. importado. "uma caipiroska com absolut triple filtered special reserve". daquelas que quando servem, o pessoal da mesa ao lado, fica olhando embasbacado acumulando baba nos cantos da boca. é, porque se não eu me fodo. acabo pagando por gente que eu nunca vi na minha vida. mais uma coisa: pode notar, quando a mesa tem onze pessoas, você fala com duas, três pessoas no máximo. que você talvez conheça pelo primeiro nome. o que nos leva a outro ponto: numa mesa grande você corre um risco sério de ficar socado entre pessoas que você não conhece bem. gente que você nunca viu na vida. e que agora é forçado a dividir o último bolinho de bacalhau. pau no cu. o último bolinho de bacalhau eu só divido com a minha mulher ou com algum amigo de infância. quando a mesa é de quatro. você fala com as três. garantido--ou seu dinheiro de volta. mesa grande você tem que gritar. mesa de quatro não. numa mesa grande as pessoas deixam cheques preenchidos com valores irrisórios e vão embora. na mesa de quatro não. quatro pessoas. contando com você. se chegar uma quinta pessoa, vá embora. é melhor perder a amizade de um conhecido do que uma perfeita mesa de bar.

sexta-feira, abril 15, 2005

9 sugestões para quebrar o gelo num elevador.

- puxar papo depois de mastigar 2 cream crackers.
- cantar o hino do flamengo com a mão direita no coração.
- assoviar "ilariê" da xuxa e pedir que todas as pessoas que cantem com você.
- perguntar que horas são-- e quando a pessoa falar, perguntar novamente: "e agora?"
- tentar apertar o seu andar de olhos fechados.
- apertar dois andares e perguntar: "adivinha qual é o certo?" e depois ficar fazendo barulhinho de "tic-tac" com a boca como se fosse um jogo emocionante.
- executar aquele passo de dança do michael jackson para trás, o "moonwalk", ficar nas pontas dos pés e gritar "beat it... beat it... beat it..."
- tirar um pote de palmito da mochila e pedir para alguém te ajudar a abrir a parada.
- olhar para qualquer pessoa e dizer: "eu não peidei. mas poderia. eu estou prendendo."

a sogra

[sabado. 20:37. o filme começa em meia hora. acabaram as
long necks da geladeira.]

- amor, você acha que eu estou gorda?
[silêncio]
- amoooooor?
- hein?
- então, vc acha que eu estou gorda?
- não.
- jura?
- juro.
- jura pela sua mãe mortinha?
[silêncio]
- amooooooor?
- mãe, mãe é foda porra!
- então eu tô gorda?
- não.
- você jura pelo seu pai mortinho?
[silêncio]
- tá bem. você jura pela sua irmã? irmão? primo? prima? o zé da portaria?
[silêncio]
- e pela minha mãe? pela minha mãe mortinha? você jura?
- por ela eu juro.

o divórcio, o sucrilhos e a mulher do porteiro.

barulho de colher de sopa batendo contra o fundo de um prato de sucrilhos. tem som mais irritante? som mais pentelho? e o problemas é que esse som se repete várias, várias vezes quando você come sucrilhos e seus similares. a colher resvala no fundo do prato repetidas vezes. é, porque comer sucrilhos é uma espécie de ritual em que você repete a mesma ação com a colher, dezenas de vezes. tudo porque, o caráio do sucrilhos tende a ficar todo empapuçado com o leite e por isso agarra nas bordas e nas curvas do prato fundo. porra, então pra conseguir capturar um número de sucrilhos decente para preencher uma colher e matar a sua fome, lá vai a colher contra o prato. desengonçada, sem jeito. barulhenta. dia desses, comecei a pensar nisso durante o café da manhã. comecei a ficar com raiva de mim mesmo. eu estava me irritando. quase me mandeir tomar no cu. e foi aí que eu cheguei a conclusão que muita gente já deve ter se divorciado, brigado, se espancado, por causa dos sucrilhos. ou melhor, por causa do som irritante que é ter uma pessoa comendo sucrilhos do seu lado. é meu amigo, porque não é só o barulho da colher que irrita. como você sabe, sucrilhos se come com leite. e uma colher não é o melhor instrumento para beber leite. ou seja, é um negócio de fazer aquele barulhinho de “shhhhhhh” “shhhhhhh”. sabe? aquela chupadinha com biquinho em câmera lenta? então, agora some o barulho da chupadinha com o da colher estapeando o prato. putz, é de deixar qualquer um maluco. pronto. agora imagine isso tudo bem cedo. com sono. tipo 7 da matina. você puto de ter acordado cedo. com duas colheres de remela nos olhos e uma vontade louca de ligar para o trabalho e não falar coisa com coisa, gritando esporadicamente que o mundo está sendo invadido por aliens verdes alaranjados. nessa situação. nesse estado, todos os barulhinhos associados com o sucrilhos são uma dedáda na sáca. chato pra cacete. dia desses minha mulher comprou uma caixa de sucrilhos lá pra casa. no segundo dia eu dei a caixa para o porteiro do prédio.

quarta-feira, abril 06, 2005

o din din do banco imobiliário.

quando eu era mais novo, adorava jogar banco imobiliário. era sensacional. com apenas 8 anos de idade, já era dono de apartamentos na avenida vieira souto e na faria lima. tinha casas nos jardins e no leblon. era um magnata. mas o que era mais bacana no banco imobiliário era o dinheiro de mentirinha. aquelas notas coloridas. tinha aos montes. eu não só era proprietário de vários imóveis aos 8 anos, como tinha uma fortuna em dinheiro colorido. (fast forward) dia desses vi um banco imobiliário anunciado num encarte de jornal. a primeira coisa que me veio a cabeça foi lembrar o que eu tinha feito com todo aquele patrimônio conquistado quando era moleque. putz..."e aquela fortuna toda, onde é que eu tinha guardado. como é que eu fui ser tão
desleixado?" "o que será que aconteceu com aquela mansão na avenida atlântica?" bateu um puta desespero. cheguei a conclusão que nunca se deve deixar uma criança jogar banco imobiliário. puta que pariu. imagina a expectativa que essa porra cria na molecada. eu, por exemplo, quando tinha 8 anos já era dono de mansões nos jardins e tinha alguns duplex de frente para a praia no rio. e hoje--aos 28--ou seja 20 anos depois--acabo de me lembrar que tá chegando o dia de pagar o aluguel. e o mais engraçado é que o tiozinho--o dono do apartamento--não aceita notinhas coloridas. não sei porque--quando eu era moleque, adorava jogar banco imobiliário--e elas valiam uma fortuna.

terça-feira, abril 05, 2005

um moleque sincero.

- o que você quer comer hoje no almoço?
- a vizinha. aquela do 202.

- porque você bateu no seu irmão?
- porque sou mais forte.

- o que você deve dizer quando recebe um presente?
- tem mais?

- porque você gosta tanto da xuxa?
- gosto das coxas da xuxa, mãe. gosto das coxas.

- o que você tá fazendo com a aninha? brincando de médico?
- não. sacanagem mesmo.

- porque você tirou essa nota baixa meu filho? você está com dificuldade na matéria?
- preguiça.

- o que você quer ser quando crescer, meu filho?
- grande.

o mistério do queijo suíço.

ontem, logo cedo, fui no mercadinho aqui do lado comprar peito de peru, queijo e pão para o café. nessa ordem. assim o pão chega mais quentinho em casa. o peru tava fresquinho, o pao quentinho, mas o que me intrigou mesmo foi o queijo. mais especificamente, o queijo suíço, com seus furinhos. que queijo suíço tem furinhos não é nenhuma novidade, eu sei. mas, enquanto eu procurava o queijo certo pra levar pra casa, tentei desvendar o misterio do queijo suíço. para onde estão mandando os furinhos? ou melhor, a porcão de queijo suíço que antes preenchia cada furinho. quem e que faz cada furinho? e como ele(a) consegue tamanha precisão? seria uma máquina suíça que passa odia aplicando leve estocadas em carregamentos de queijos suíços? aquilo me deixou cafuso. a ponto de perder a minha vez na fila dos frios. tudo bem. assim eu tinha mais tempo para pensar naquilo tudo. o meu apetite estava nas mãos da solução daquele mistério. com um bloco de queijo suíço em uma das mãos olhei para a moça atrás do balcão. ela engoliu seco e ligou a serra pra cortar 200 gramas de mortadela sadia para uma madame. olhei para um funcionario que estava de passagem e ele, com um sorriso suspeito disse apenas "bom dia!". foi quando eu olhei novamente para a prateleira dos queijos suíços que caiu a ficha. puta que pariu a solução estava o tempo inteiro na minha frente. a solução estava nos proprios queijos suíços.elementar meu caro erick. os furinhos do queijo suíço sao usados pra fazer outro queijo suiço. isso. a porção de queijo que um dia preencheu um furinho, hoje pertence a um novo queijo suíço. e assim por diante. algum suíço teve a brilhante idéia de retirar pequenas porçoes de um bloco de queijo e com essas porçoes, fazer um novo bloco de queijo suíço. ufa. já podia ir pra casa tomar café. acabei levando queijo prato. porque eu não sou mané.