quarta-feira, julho 28, 2004

couvert é coisa de mané.

couvert é coisa de mané. pensa só: você entra num restaurante disposto a comer um filé, um spaghetti super super, um salmão com molho de maracujá, e acaba se fudendo por causa do couvert. é, porque você chega num restaurante cheio de fome. morrendo de fome. se cagando de fome. e, no instante que o maluco coloca aquela coleção de pães na mesa com uma lata de azeite, pimba, você começa a socar pão no azeite, pão no azeite, pão no azeite e mais pão no azeite. fica com os cantos da boca melados e o guradanapo levemente esverdeando acusando: "esse fêla da puta comeu um cesto inteiro de pão com azeite." e isso se não tiver também queijinhos, presuntinhos, azeitoninhas e creminhos para comer com o pão. resultado: em 3 minutos você ingere umas 800 calorias. por baixo, é claro. aí, quando chega aquele prato que você vinha sonhando a caminho do trabalho....você já abriu um botão da calça. já tá com a pança cheia. suando nos cantos da testa. você não aproveita a porra do salmão, mas tem que pagar. você pediu, caceta. você volta pra casa de barriga lotada. satisfeito e insatisfeito ao mesmo tempo. satisfeito, porque está sem fome nenhuma. e insatisfeito, porque caráio, você saiu para um restaurante, pegou o carro, pagou a porra do valet, ficou fazendo pose na mesa para sua namorada ou mulher-- e não comeu a caráia do salmão ou o filé que você desejava tanto antes de sair de casa. é por isso, e só por isso, exclusivamente por ess motivo, que couvert é coisa de mané. muito mané. fuja do couvert como uma criança corre de um prato de brocólis. fuja do couvert como mulher corre de barata. se o garçom insistir, faça ameaças. levante a faca e peça a conta. você não é bobo e muito menos mané.

quinta-feira, julho 15, 2004

o buraco das rosquinhas: uma conspiração.

você com certeza já viu nos filmes, policiais comendo rosquinhas açucaradas. tão certo como o sol que nasce todas as manhãs, o policial americano come meia dúzia de rosquinhas por dia. os famosos donuts. olhando assim, os donuts parecem ser inofensivos. uma simples rosquinha com uma cobertura ainda mais doce. mas não é só o policial americano que tem tara pela rosquinha-- o cidadão comum também adora enterrar os dentes nos donuts. nas rosquinhas. mas você por acaso já parou pra pensar porque os donuts tem um buraco no meio? porque? porque? pelo amor de deus, porque? custava deixar o recheiozinho que preenche o buraco da rosquinha? taí uma daquelas conspirações que podem derrubar um presidente, um país, ou algo parecido. imagine a grana que os responsáveis pelas rosquinhas economizam com cada buraco. agora imagine aquela cena clássica dos filmes em que o policial barrigudo e suadao para numa loja de rosquinhas e compra uma dúzia, e dos recheados. são doze buraquinhos. e isso é só contando um policial. eu entendo que o mundo tem lá suas prioridades: a guerra do iraque, as bombas nucleares da coréia, os transgênicos e as novas contratações do flamengo para o estadual. mas olha, acho que os governos das maiores nações industrializadas deveriam criar uma comissão para cuidar desse problema. desse escandâlo: o buraco das rosquinhas. porque uma coisa eu tenho certeza, o recheio que preenche o buraco não está indo pro lixo não. tem alguém ganhando um troco aí. acho que eu sei o que está acontecendo. é só uma opinião. após fazer uns cálculos, e comer algumas rosquinhas, cheguei a uma conclusão. o buraco da rosquinha é exatamente a quantidade de massa que falta para deixar uma pessoa completamente satisfeita. então os caras resolveram tirar. deixaram só o buraquinho. resultado: após comer uma, você pensa um pouco, sente uma pequena fome e-- compra outra. e assim por diante. afinal, o buraquinho te fudeu. faz falta. a conspiração das rosquinhas. coisa de fila da puta.

casais: o camaleão e a camaleoa.

sábado a noite. o camaleão está na sala, terminando de se arrumar para o casamento do seu primo. o camaleão está com pressa, afinal, ele e a camaleoa vão ser padrinhos. a camaleoa está no quarto, terminando de secar o cabelo e começando a se arrumar. lá da sala, o camaleão grita: "amor, acelera o passo que tá chovendo e a gente não pode contar com o trânsito!?" a camaleoa não diz nada. o camaleão resolve abrir uma cerveja. comer uns pistaches. só para matar o tempo. os minutos voam. e em pouco tempo, o camaleão acaba a cerveja. ele olha para o relógio e leva um susto: "amor, amor, a gente vai se atrasar, não é possível que você ainda não está pronta!? caráio! é sempre assim!!" e nada da camaleoa sair do quarto. o camaleão decide então entrar no quarto pra ver que porra está acontecendo. a caminho do quarto, ele dá mais uma espiada no convite pra ver o horário de chegada. é. eles vão se atrasar. o camaleão entra no quarto e encontra a camaleoa de frente para o espelho. ela parece estar pronta. mas, quando ele vai pegar na mão dela para sair... ela muda de cor. e muda de novo. e de novo. e mais uma vez. o camaleão então senta na beirada da cama e fica olhando. esperando. esperando. e a camaleoa muda mais uma vez de cor. como sempre, ela não consegue se decidir. e muda mais uma vez, e mais uma e mais uma...e de novo...de novo...de novo...e quando a camaleoa muda de cor pela centésima vez, o camaleão desiste. literalmente. ele joga o convite no chão e liga a televisão. e, enquanto ele o vt do futebol, a camaleoa fica lá. mudando de cor...sem parar. literalmente.

a assinatura invisível e a conta do restaurante.

tem coisas na vida que você aprende observando as outras pessoas. mas porque eu estou falando isso? afinal, isso é óbvio, todo mundo aprende as coisas observando os outros. geralmente os mais velhos. os adultos. tô falando isso, porque um dia desses eu estava no restaurante, e quando fui pedir a conta, fiz aquele sinal invisível no ar de assinatura. sabe? aquele sinalzinho sem-vergonha de levantar a mão e fazer um zig-zag, como se estivesse segurando uma caneta invisível e assinando um cheque? pra pedir a conta? então, depois de fazer esse sinal, de uma maneira bem exagerada-- vi que uma menina da mesa ao lado me observava como se tivesse acabado de testemunhar uma aberração da natureza: a assinatura invisível. foi aí que eu vi o pai dela pedindo a conta. ele não fez a assinatura invisível como eu, não. ele estendeu a mão como o hitler fazia ao final dos discursos e moveu os dedos da esquerda para a direita-- como se cortasse a cabeça de alguém. caráio-- a menina estava crescendo aprendendo o sinal de pedir a conta de um jeito errado. o jeitão hitler do pai dela. porra, eu tinha que salvar ela. pedi a conta mais uma vez. pedi duas vezes. pedi três. sempre repetindo o sinal da assinatura invisível no ar. do canto dos olhos podia ver a menina gravando aquela cena. é. queria de qualquer maneira fixar aquela imagem na cabeça dela. em segundos-- o garçom chegou correndo com a minha conta. também pudera, depois de umas 10 assinaturas invisíveis no ar--não poderia ser diferente. e foi aí que eu me senti realizado. a menina, vendo a minha conta chegar, repetiu o sinal da assinatura invisível. e logo em seguida, ela disse para o pai: "é assim, pai!" é, tem coisas na vida que você aprende observando as outras pessoas. pedir a conta fazendo o zig-zag da assinatura invisível no ar, por exemplo.

o leão. o rei da selva.

não sei se você já assistiu aqueles programas no discovery channel ou no national geographic-- sobre a vida do leão. o rei da selva. o leão é foda. todo animal (principalmente as zebras e as gazelas) se fode na mão do leão. é, o rei da selva não perdoa. não dá mole. cerca os outros animais indefesos e arranca um naco do pescoço. é uma morte instântanea. depois, é servido de banquete para a molecada: os leãozinhos. é uma festa. todos eles com os cantos da boca melados de sangue de zebra. a matança, o massacre do leão é com certeza a parte mais emocionante desses programas. mas tem uma coisa que é muito curiosa. como todo filme de ação, esses programas também tem as cenas de romance. o sexo selvagem. caráio-- não existe animal na face da terra que transe mais do que o leão. com a mesma intensidade e frequência. é sinistro. é uma suruba generalizada que geralmente toma os últimos dez minutos desses programas. o fila da puta não dá mole. a leoa relaxou, pimba na gorduchinha. é, não é toa que o leão foi coroado como o rei da selva. porra-- o fila da puta-- passa o programa inteiro comendo todo mundo. as zebras, as gazelas e é claro, a leoa.

segunda-feira, julho 12, 2004

o dublê. meu dublê.

atores sempre recorrem aos dublês na hora de filmar cenas perigosas. atrizes também, tanto para essas cenas que envolvem explosões como também-- as cenas de nudez. e funciona. os filmes vão para as telas com sequências cada vez mais fantásticas e cenas de nudez-- mais ousadas. ou seja, se não fossem os dublês-- nossos fins de semana no cinema seriam sem-graça. e foi pensando nos dublês. analizando o trabalho que eles fazem, que eu tive uma idéia. é. e se pessoas comuns-- como eu e você-- também pudessem ter um dublê? um dublê próprio para os momentos de perigo do dia-a-dia. para os momentos de emoção. os momentos em que você corre algum tipo perigo. não importa o tamanho. precisou? chama o dublê. seria sensacional. quer pedir um aumento para a chefia? manda o seu dublê pedir no seu lugar. quer chegar na menininha do bar, sem ter medo de levar um fora dela? ou melhor: você não resiste-- e quer passar a mão na bunda da menina na frente do namorado dela? manda o dublê. quer viajar pelas estradas esburacadas do brasil? manda o dublê. as possibilidades são infinitas. ah, você parou num boteco de terceira no fim do mundo e tá com medo de experimentar a coxinha? o dublê come. você nunca mais teria medo de nada. você se arriscaria mais. viveria mais. com a ajuda do dublê, é claro. mas porra, se esses atores e atrizes podem fazer todo esse sucesso com ajuda de dublês, porque caráio a gente não pode? todo cidadão tem direito a um dublê. agora por exemplo, eu estou preso numa reunião. e como eu estava morrendo de medo de deixar esse espaço aqui em branco-- mandei o meu dublê escrever esse textinho.

queixo com bundinha.

eu tenho queixo com bundinha. queixo com bundinha para quem não sabe, é um queixo que não é reto, tem um leve formato de bundinha no final. tem uma entradinha no meio que lembra o formato eternizado pelos bikinis brasileiros. não confundir com o queixo furadeira-- aquele que tem um furo no meio. eu confesso. não tenho vergonha de portar um queixo com bundinha. é um fato. a bundinha está lá-- aquela risca, bem ao centro do queixo. dividindo o queixo ao meio. uma banda para direita e outra banda para a esquerda. pode notar ao seu redor, não é todo mundo que tem queixo com bundinha. é raro. já li em algum lugar que uma das 83 operações plásticas que o michael jackson fez, foi colocar uma bundinha no queixo dele. mas como todas as outras operações, o queixo dele ficou meio falso. ele ficou com cara de bundão. mas ele não está sozinho. é. dia desses, fazendo a barba-- fiquei observando meu queixo e a bundinha. e cheguei a uma conclusão: o excesso de peso está criando um segundo queixo. e esse segundo queixo está afetando toda a estrutura do meu queixo original, que como você já está cansado de saber, tem uma bundinha. estou definitivamente com uma cara de bundão. a gordura está matando, acabando com a tal bundinha. isso foi a gota d'água. foi o empurrão que faltava para eu entrar na academia. fazer a matricula. é. hoje eu estava lá, pregado numa bicicleta. com círculos de suor crescendo pela camisa desbotada. é uma corrida contra o tempo. salvar a bundinha do meu queixo. porque você sabe, no verão, o pessoal presta atenção em tudo: bikinis, bronzeado, peitos, bundões, bundas, bundinhas e é claro, bundinhas no queixo.

quarta-feira, julho 07, 2004

o exílio da camisa salmão.

ganhei de presente uma camisa salmão. e não foi neste natal não. ganhei em 2001. uma camisa salmão. não me entenda errado, a camisa é legal, classuda-- veste bem. só tenho um problema: não consigo usar a camisa salmão. já devo ter vestido ela em umas 8 ocasiões diferentes. mas depois, é claro, coloquei de volta no armário. as vezes não encontro a calça que combina com salmão. mas na maioria das vezes eu simplesmente não consigo sair do quarto com ela. basta eu olha para o espelho para ele, o espelho comentar: "que cor é essa erick? laranja? vermelho? vermelho alaranjado? laranja avermelhado? puta que pariu erick, a camisa é salmão!" aí eu tiro. não penso duas vezes. camisa de cor exótica é foda. é foda porque não combina com nada. só com a cor dela. para usar a minha camisa salmão, eu teria que ter uma calça salmão. e convenhamos, também ficaria estranho. já tentei sair com ela com as mangas arregaçadas e uma calça preta. cheguei até o lobby do prédio e voltei. porra, eu tava parecendo um isqueiro bic preto com a chama permanentemente acesa. hoje mais cedo, enquanto me vestia para o trabalho me deparei novamente com a camisa salmão. olhei pra ela, pensei, pensei, respirei fundo-- e quando eu finalmente me convenci a dar mais uma chance para ela-- fui interrompido. é. enquanto eu esticava o braço pra pegar ela, escutei o meu espelho gritando, lá do fundo do quarto: "porra erick! essa camisa salmão de novo, não! pelo amor de deus! me poupe-- porra!" e lá se foi a camisa salmão, mais uma vez para o exílio do fundo do armário. quem sabe, em 2005.

a loucura da vaca e o gol de mão do maradona.

tenho pena da vaca louca. a vaca é o animal mais dócil que existe. pode prestar atenção-- vaca passa o dia pastando, bebendo água, andando pra lá e pra cá e só. a vaca dá todo o leite que produz sem cobrar um tostão. a vaca é o animal mais bacana que existe. mas está ficando louca. começou na inglaterra e agora enlouqueceu nos estados unidos. uma pena. sacanagem com a vaca. é. afinal, vaca não pode fazer terapia, procurar ajuda de um psiquiatra, tomar algum remédio tarja preta pra ficar mais relax. quando a vaca enlouquece fudeu. o pessoal picota ela e depois queima. sem dó. ainda não se sabe ao certo as razões dessa loucura que afeta as vacas. mas é um fato: as vacas estão enlouquecendo. pirando. ficando lelé. e foi pensando nisso que eu resolvi pesquisar um pouco na internet sobre as vacas, e o aparecimento da doença. e caráio, acho que achei alguma coisa. a primeira vaca louca apareceu na inglaterra em meadas dos anos 80. para ser mais específico em julho de 1986. nesse mês, um rebanho inteiro pirou numa fazenda no interior da inglaterra. pesquisei, pesquisei, pesquisei e acho que descobri a causa: o gol de mão do maradona contra a inglaterra na semi-final da copa de 86 no méxico. lembra? o gol roubado que o mundo inteiro viu, menos o juiz? porra, se nós que somos brasileiros ficamos putos, os ingleses com certeza-- enlouqueceram. é, descobri a raiz de tudo. tenho quase certeza que um rebanho estava assistindo aquela semi-final pela janela em alguma fazenda inglesa. tudo culpa do maradona. naquela semana apareceu o primeiro caso. depois a epidemia. a epidemia da vaca louca.

a mulher-maravilha e o pistolão.

nunca consegui entender ao certo o que se passava na cabeça do sujeito que inventou a mulher-maravilha. por um simples motivo: os poderes dela eram uma bosta. caráio...ela não tinha poderes. caceta. um par de braceletes dourados para repelir raios e um laço mágico reluzente que ela controlava com o poder da mente? fala sério. não é a toa que o superman nunca quis dar uns pegas nela. sempre achei estranho aquilo. a mulher não era maravilha. ela era bonita e tal. tinha lá seu charme. as botas. o bikinão estrelado. e as pernocas grandes. mas não tinha poderes. e é aí que entra o assunto desse textinho. eu acho que a mulher maravilha é o primeiro e único caso já detectado de pistolão em desenhos animados. em histórias em quadrinhos. fico imaginando como e quando ela foi criada. era uma tarde de terça-feira, como a de hoje. estava tudo meio parado. os desenhos da semana já estavam todos finalizados-- quando chega o dono do estúdio com a sua filha de uns 6 anos de idade--pra fazer uma visita. ele acena para os desenhistas e a filhinha vai atrás. até que, depois de observar todos os murais e os posters na parede, ela pergunta: "pai, porque não tem nenhuma super-herói mulher?" o pai, coça o queixo e fala sozinho: "superman, lanterna-verde, aquaman, batman, the flash...caráio..você tem razão minha filha!" os desenhistas disfarçaram, colocaram os headphones e continuaram rabiscando os cadernos. até que a menina falou: "mulher-maravilha! mulher-maravilha! mulher-maravilha!" e foi ali, naquele instante que nasceu a primeira super-heroína: a mulher-maravilha. tudo graças a um pistolão. e aí. só de putaria. só de sacanagem-- fizeram a mulher-maravilha como ela é. com uma par de braceletes dourados e uma corda que flutua. e pra fuder mesmo, eles deram uma nave pra ela. mas uma nave invisível. só de sacanagem.

"veja bem dotô..."

de todas as frases e expressões, o "veja bem dotô" é das que eu mais gosto. é diferente do "veja bem..." muito usado quando vão te enrolar e te fuder bonito (muito usada em oficinas--"veja bem, com a mão de obra e as peças sai tudo por mil real!"). é. a adição da palavra "dotô" demonstra simpatia. o "veja bem dotô" é sensacional por vários motivos. primeiro, pela sonoridade. tem um som bacana quando é falada. e em segundo lugar, pela variedade de mnaneiras de usar ela. por exemplo, se eu vou a um barbeiro e quero explicar para o tiozinho como cortar o meu cabelo, eu posso muito bem usar essa expressão: "veja bem dotô, tira um pouco dos lados e atrás, mas não mexe no topete não." e ele, o barbeiro, também pode usar a mesma expressão para responder: "veja bem dotô, eu posso usar máquina 2 dos lados e depois aparar com a tesoura em cima!" quer ver outro lugar que a expressão cabe direitinho? o trânsito. o guarda te para e pede os documentos. minutos depois ele volta e diz: "veja bem dotô, está faltando o carimbo do comprovante do imposto da terceira via de veículos utilitários do departamento de estrada e rodagem!" e você pode simplesmente responder: "veja bem dotô, esse carimbo está no processo de sair, só está dependendo da greve do detran acabar..." e por aí vai. meu porteiro hoje mais cedo chegou pra mim e disse: "veja bem dotô, o jornal não chegou não, mas tem uma carta aqui para a senhora sua esposa." não importa como ela é usada. essa expressão é sempre interessante. quebra o ritmo da conversa. esbarrei com um carinha no elevador ontem aqui na firma e comentei: "putz...deu um trato na cabeleira hein?" ele confirmou com um breve levantar de sobrancelhas. e eu não perdoei: "é. esse teu corte está digno de um 'veja bem dotô!" ele não entendeu. e eu completei: "veja bem dotô, tira dos lados, mas em cima você pode deixar como está." não sei se ele gostou do comentário. mas que ele pediu o corte assim pro tiozinho, ah, pediu. "veja bem dotô!" procure usar essa expressão hoje. só pra ver no que dá.

a joaninha e a roupa de bolinha.

hoje mais cedo, durante uma pausa para o café, encontrei uma joaninha. ou melhor, uma joaninha me encontrou. pousou no meu ombro. tinha tempo já que eu não via uma joaninha. toda vermelha com pontinhos pretos e um par de antenas. joaninhas são bonitinhas. dá vontade de apertar. e foi observando a joaninha que eu cheguei a uma conclusão. nada que vai revolucionar o mundo. mas faz algum sentido. caráio-- as joaninhas são a maior prova viva de que as roupas, as aparênciaa mudam completamente a maneira de você "ver" as pessoas. interpretar suas intenções. a joaninha nada mais é do que um inseto com uma roupa jeitosa. bonitinha. colorida. se ela fosse igualzinha-- mas com uma casca marrom no ligar, fudeu. eu pisaria em cima. as baratas por exemplo, quem sabe se elas não tivessem uma casca como as das joaninhas-- não seriam mais bem aceitas na sociedade. quem sabe as pessoas não deixariam de caçar elas com uma lata de rodasol numa mão e um chinelo na outra. caceta. pensa só. já vi mulher correndo de besouros que não tiveram a sorte de nascer com a mesma cor das joaninhas. e já vi também-- as mesmas pessoas tocando o nariz no casco das joaninhas com um ar de "como a natureza é bela". é. não sou nenhum expert do assunto-- mas acho que a simples existência da joaninha rende discussões antropológicas bem profundas. o racismo entre os insetos. perdão, não entre os insetos. mas da gente com relação aos insetos. o status que essa caráia de casca da joaninha dá pra ela. porra. sério. se eu fosse um besouro daqueles com o cascão amarronzado meio verde, sequestraria uma joaninha. sem dó. não ia levar ela pra fazer saques em caixas eletrônicos não. só roubaria a casca colorida dela. é. melhor uma joaninha pelada do que um besouro (neste caso, eu) esmagado por uma havianas fashion. pensei nisso no elevador a caminho da minha mesa. voltei correndo pra pegar a joaninha. mas algum outro besouro já tinha tido a mesma idéia. fila da puta.

porque mulheres fazem as unhas da mão e homens não cortam as unhas do pé?

taí um dilema daqueles de entortar a cabeça de qualquer acadêmico. a resposta não é fácil. você já viu alguma mulher, de qualquer idade que não fica aflita quando não arruma tempo pra fazer as unhas? e os homens, você conhece algum homem-- que se lembra de cortar a unha do pé? confesso que o dedão do meu pé direito com o tempo se transformou numa arma mortal. uma máquina mortífera. o dedão consiste de uns seis centímetros de unha--daquelas grossas. mas não ando armado assim de propósito. eu simplesmente esqueço de cortar as unhas do pé. com o tempo meus tênis e sapatos foram se adaptando. não furam. as unhas também. ao invés de crescer reta. a unha do meu dedão faz uma curva bem fechada para caber no meu sapato. e não me venha fazendo cara de nojo não. porque como eu disse lá em cima, todo homem deixa de cortar as unhas do pé. agora as mulheres e as manicures. caráio, você já parou pra pensar quanto uma mulher gasta no decorrer da vida removendo pele morta dos dedos? e quanto uma mulher gasta colocando duas mãos daquele esmalte rosa cor de pele? é uma fortuna sem precedentes. o suficiente para acabar com a fome num bom pedaço da africa. mais grana do que conseguiram levantar com o "we are the world" em 82. dois extremos. de uma lado o homem primata que caga para as unhas do pé. e do outro lado, bem, do outro-- a mulher que se recusa a sair de casa se não tiver dado uma geral nas mãos (a cada 3 dias--religiosamente.) como você viu, eu enrolei, enrolei e não cheguei a nenhuma conclusão. essa pergunta realmente não tem resposta. tão difícil quanto encontrar essa resposta-- é encontrar um homem com as unhas do pé cortadinhas e lixadas-- e ver uma mulher com as unhas das mãos descascadas. um dos grande enigmas do universo. enquanto não desvendam isso-- eu vou continuar circulando armado. com a arma escondida dentro do sapato. é. porque nos dias de hoje, qualquer proteção é pouca.